Primeiro Contacto Aston Martin renovou o DBX707. Ainda é o mais rápido do mundo?

A partir de 318 841 euros

Aston Martin renovou o DBX707. Ainda é o mais rápido do mundo?

A Aston Martin atualizou o DBX, o SUV mais rápido do mundo na versão 707, que é agora a única. Parece que nada mudou? Talvez esteja certo…

Aston Martin DBX707

Primeiras impressões

7.5/10

O Aston Martin DBX707 só pode ser conduzido em asfalto? Fomos descobrir.

Prós

  • Infoentretenimento melhorado
  • Performance
  • Interior e bagageira espaçosos
  • Chassis sofisticado

Contras

  • Sem eixo traseiro direcional
  • Conforto em pisos degradados
  • Ruídos parasitas
  • Preço

Da primeira vez que conduzi o Aston Martin DBX707, em abril de 2022, escrevi que o sistema de infoentretenimento estava desatualizado. E, ao que parece, não estava sozinho nesta opinião, uma vez que os clientes do hiper SUV britânico também não ficaram impressionados.

No entanto, como “para bom entendedor, meia palavra basta”, apenas dois anos depois, o DBX707 aparece com uma versão melhorada deste sistema. Além disso, os estrategas da Aston Martin não ficaram por aqui e, nesta atualização, o DBX707 também passou a ser a única versão disponível.

Afinal, se olharmos para os resultados comerciais do DBX, vemos que cerca de 80% dos clientes — que representam metade das vendas globais da marca — optaram pela versão 707.

Por fora o SUV da Aston Martin continua a ser o mesmo DBX de sempre, tirando pequenos pormenores. Passaram a existir novos puxadores, que ficam embutidos nas portas quando estas estão trancadas e novos espelhos retrovisores com câmaras integradas, de forma a suportar a funcionalidade de ajuda ao estacionamento em 3D.

Interior mais tecnológico

Uma vez a bordo, e voltando ao tema do sistema de infoentretenimento, a realidade é que nem os dirigentes da marca negaram o facto de este se encontrar bastante datado. Segundo Alex Long, o diretor de marketing da Aston Martin: “o infoentretenimento era o nosso calcanhar de Aquiles”.

Para resolver o problema, esta nova atualização inclui uma nova arquitetura eletrónica, permitindo que o DBX deixe de fazer «má-figura» em termos de conectividade. Desta forma, passa a estar presente um novo painel de instrumentos com 12″ e um ecrã central de comando tátil com 10,25″, com atualizações remotas (OTA) já incluídas.

Se por um lado é inegável que esta atualização técnica significa um progresso notável face ao que existia, por outro, não a torna numa referência. E mesmo que a marca insista que esta é a “melhor tecnologia de ecrã tátil no seu segmento”, a realidade é que não notámos grandes diferenças face aos modelos mais recentes.

Além disso, tanto o ecrã central como os blocos de aplicações são pequenos, sendo aconselhável ter uma visão apurada para os utilizar com rapidez e precisão. Depois dessa fase de habituação, funciona realmente bem.

Nesta atualização há também um equilíbrio bem conseguido entre comandos táteis e físicos, que foram mantidos para as principais operações do comando da transmissão, dos modos de condução e da climatização. Além destes, há ainda comandos para gerir o funcionamento da suspensão, do controlo de estabilidade, sistema de escape e algumas funções de assistência ao condutor.

Aston Martin DBX707 dianteira
© Aston Martin

O DBX707 passa a estar equipado de série com um sistema áudio Premium de 800 W com 14 altifalantes, sendo que os audiófilos mais exigentes podem considerar a instalação áudio de topo. Neste caso, um sistema surround desenvolvido pela Bowers & Wilkins, com um amplificador de 1600 W e 23 altifalantes.

Quatro à larga e com mala a condizer

O habitáculo do Aston Martin DBX foi projetado para quatro ocupantes, com bastante espaço para as pernas de quem viaja atrás (80 cm), que podemos agradecer à enorme distância entre eixos.

Em termos de altura, este SUV é mesmo o mais generoso da sua classe (100 cm entre o banco traseiro e o tejadilho), ao contrário da largura, que é mais modesta (126 cm), e faz com que seja melhor evitar mais do que dois adultos na segunda fila.

Digna de elogio é a capacidade da bagageira deste SUV, com 638 litros disponíveis, sendo que, debaixo do piso, há mais 81 litros disponíveis.

DBX707 a voar baixinho

A essência do DBX707 reside na sua dinâmica, como é claro. É, por isso, compreensível que, em 2022, a Aston Martin não tivesse conseguido esconder a satisfação em superar a potência do Lamborghini Urus e do Porsche Cayenne GTS, com mais 57 cv e 67 cv, respetivamente.

Porém, nestes últimos dois anos, estas duas marcas rivais já anunciaram novas motorizações híbridas que elevam a potência acima da que o Aston Martin tem para oferecer (800 cv e 740 cv, respetivamente).

Não obstante, há um parâmetro no qual o SUV britânico continua a ganhar: a aceleração «balística». Aqui, o DBX707 regista 3,3s na aceleração dos 0 aos 100 km/h e uma velocidade máxima de 310 km/h, face aos 3,4s do Urus SE (312 km/h) e aos 3,6s do Cayenne Turbo E-Hybrid (306 km/h).

Apesar disto, é necessário ter em conta que um desportivo de referência não se mede apenas pela sua rapidez em linha reta, uma vez que o comportamento em curva também é essencial. E para que isso aconteça, o «ingrediente» mágico é um chassis com competências acima de qualquer suspeita.

No caso do Aston Martin DBX707, tudo o que está em contacto com a estrada e as principais interfaces de condução é o que há de mais avançado no mercado e é oferecido de série. O sistema de travagem inclui discos cerâmicos e o veio de transmissão é em carbono. Além disso, a suspensão pneumática tem um sistema de três câmaras e amortecedores eletrónicos variáveis e nem sequer falta um diferencial traseiro eletrónico.

Aston Martin DBX707 traseira
© Aston Martin

Neste conjunto só ficou mesmo a faltar o eixo traseiro direcional, “que não traria grandes benefícios em termos de condução desportiva”, segundo a marca, mas que certamente tornaria o DBX mais compatível com a condução e com o estacionamento em ambiente urbano.

Chassis sofisticado e competente

A combinação de estabilização eletrónica, amortecimento variável e suspensão pneumática torna mais fácil encontrar a configuração mais adequada para qualquer tipo de estrada. No entanto, as jantes de 23″ da unidade ensaiada comprometeram o conforto de rolamento sempre que a estrada era menos lisa que o tecido de uma mesa de bilhar.

As diferenças são claras entre o modo de condução mais moderado (GT) e o mais agressivo (Sport Plus), principalmente na forma como atuam na direção (sempre precisa, mas mais ou menos pesada), suspensão e motor.

Em Sport Plus, a traseira fica mais propensa a «ganhar vida» quando provocada, sendo que o DBX707 funciona apenas com tração traseira em velocidades de cruzeiro, para evitar inflacionar os consumos.

Jornalista Joaquim Oliveira a conduzir o Aston Martin DBX707
© Aston Martin

As gloriosas quatro trombetas na traseira são um bom sinal do que está por vir quando se inicia uma viagem com o DBX, mas só provocam o primeiro estrondo ao ligar o V8, se o condutor o desejar. Caso contrário, esse despertar será bastante tranquilo, quase silencioso.

O motor V8 biturbo de 4,0 l, produzido pela AMG, mantém a potência de 707 cv e 900 Nm de binário, confirmando as suas credenciais de hiper-SUV logo nas primeiras centenas de metros.

Aston Martin DBX707 perfil
© Aston Martin

Com 2245 kg não podemos dizer que é um carro leve em termos absolutos, mas se considerarmos que qualquer SUV de tamanho semelhante equipado com um sistema de propulsão híbrido ultrapassa as duas toneladas e meia, a vantagem do Aston Martin é fácil de quantificar.

Para além do estatuto, o DBX707 também mantém a caixa automática de nove velocidades do Mercedes-AMG GT de quatro portas: é rápida e capaz de lidar da melhor forma com cada envio de binário, por maior que ele seja.

Aston Martin DBX707 traseira 3/4
© Aston Martin

Em relação aos consumos, é melhor não pensar muito nos anunciados 14,2 l/100 km, mas podemos ficar contentes se o registo ficar abaixo dos 20 l/100 km. No test drive de 140 km — com percurso misto entre autoestradas e estradas nacionais — acabámos com 16,7 l/100 km, o que não está nada mal.

Descubra o seu próximo automóvel:

DBX707 por lamaçais nunca antes «navegados»…

A vontade de mostrar as capacidades do DBX na condução em todo-o-terreno levou a marca inglesa a proporcionar uma experiência em terrenos de terra, muito lamacentos (na Escócia chove incessantemente…) e com alguns desafios pouco habituais para um SUV.

Foi o momento de ativar o modo Terrain e testar o sistema Hill Descent Control, que limita a velocidade entre 6 e 18 km/h, para que os menos habituados a estes percursos o possam fazer com tranquilidade.

Aston Martin DBX707 perfil
© Aston Martin

O aumento da altura do solo (em 4,5 cm relativamente à altura de série, no modo GT) permitiu, por outro lado, deixar para trás obstáculos mais proeminentes, mas não sem que ocorressem alguns impactos bastante fortes.

Sobre estes, no entanto, o engenheiro-chefe Tockley, na qualidade de meu copiloto, esclareceu: “criámos um fundo falso no piso do SUV, com cerca de 8 cm, que serve justamente para evitar contactos que possam danificar componentes importantes do chassis.”

Quem não gostou nada desta «experiência» foram os discos cerâmicos, chiando audivelmente como forma de protesto por estarem longe do asfalto, de onde não gostam de sair.

Ainda assim, depois de concluído o trajeto, a verdade é que o Aston Martin DBX707 provou ser capaz de superar desafios bem mais complexos do que poderíamos imaginar.

Veredito

Aston Martin DBX707

Primeiras impressões

7.5/10
A Aston Martin desenvolveu o seu próprio sistema de infoentretenimento, abandonando o anterior que estava mais do que datado. No que diz respeito ao chassis, pouco mudou, continuando sofisticado e competente. O motor também continua sensacional e o habitáculo mantém o amplo espaço para quatro ocupantes. E como viemos a descobrir, quem quiser sair do asfalto pode fazê-lo com confiança.

Prós

  • Infoentretenimento melhorado
  • Performance
  • Interior e bagageira espaçosos
  • Chassis sofisticado

Contras

  • Sem eixo traseiro direcional
  • Conforto em pisos degradados
  • Ruídos parasitas
  • Preço

Especificações técnicas

Aston Martin DBX707
Motor (gasolina)
Arquitetura8 cilindros em V
PosicionamentoDianteiro,
central,
longitudinal
Capacidade3982 cm3
Distribuição2 a.c.c., 4 válv./cil. (32 válv.)
AlimentaçãoInjeção direta,
biturbo,
geometria variável
Potência707 cv às 6000 rpm
Binário900 Nm às 4500 rpm
Transmissão
Traçãoàs quatro rodas
Caixa de velocidadesAutomática
9 velocidades
multidisco
Chassis
SuspensãoFR: Independente, duplos triângulos sobrepostos
TR: Independente, multibraços
TravõesFR/TR: Discos ventilados carbo-cerâmicos
DireçãoAssistência elétrica em função da velocidade
Nº. voltas ao volante2,6
Diâmetro de viragem12,4 m
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt.5039 mm x 1998 mm x 1680 mm
Distância entre eixos3060 mm
Capacidade da mala638 litros
PneusFR: 285/35 ZR23
TR: 325/30 ZR23
Peso2245 kg
Depósito de combustível87 l
Prestações e consumos
Velocidade máxima310 km/h
0-100 km/h3,3s
Consumo combinado14,2 l/100 km
Emissões CO2329 g/km