Bloodhound SSC: o que é preciso para ultrapassar os 1609 km/h?

Bloodhound SSC: o que é preciso para ultrapassar os 1609 km/h?

O Bloodhound SSC é um veículo extraordinário. E nem não poderia ser de outra forma, ou não fosse o objectivo destronar o Thrust SSC Ultimate, o detentor do recorde de velocidade em pista. O que é preciso para passar a barreira das 1000 milhas por hora? Para além da coragem e vontade, 135.000 cv de potência também ajudam.

O estatuto de veículo mais rápido em terra pertence actualmente ao Thrust SSC Ultimate, que com Andy Green aos comandos atingiu 1,227.985 km/h em 1997.

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O mesmo piloto, pretende agora,  quase 20 anos depois, renovar o seu recorde. Mas desta vez a fasquia está um pouco mais elevada, exactamente 381,359 km/h mais elevada. Neste artigo mostramos alguns dos pontos-chave da obra de engenharia que é o Bloodhound SSC.

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O projecto foi publicamente apresentado em Outubro de 2008 no Museu de Ciência de Londres, e desde essa altura que a equipa de 74 pessoas liderada por Richard Noble tem vindo a estudar, programar e desenvolver o Bloodhound SSC de forma a que, entre Julho e Setembro de 2015 o actual recorde seja despedaçado em Hakskeen Pan, África do Sul.

Motores

Para que o Bloodhound SSC seja capaz de ultrapassar a barreira das 1000 milhas por hora, conta com dois motores de propulsão: um sistema rocket híbrido sobre o qual já escrevemos em detalhe aqui, e com um motor a jacto.  Este último é um motor Rolls Royce EJ 200, um motor que contribui em larga medida para os 135.000 cavalos – e sim, está bem escrito, são centro e trinta e cinco mil cavalos de potência total neste velocista de quatro rodas.

este dois motores são capazes de suster no ar um objecto com quase 22 toneladas ou se preferirem, 27 Smarts ForTwo e mais uns pózinhos – a minha sogra por exemplo. Ou vossa, se fizerem questão…

Ainda não estão impressionados? O motor a jacto Rolls Royce EJ 200 que equipa o caça Eurofighter Typhoon e é capaz de sugar 64.000 litros de ar…por segundo. Convencidos? É bom que estejam…

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Apesar de tudo, e sendo o rigor uma característica que nos apraz, quando se refere o output de um motor a jacto ou de um rocket, é tecnicamente mais correcto falar em quilograma-força em vez de cavalo-vapor. No caso do motor EJ 200 são  aproximadamente 9200kgf, enquanto que no  rocket híbrido são 12 440kgf.

Mas o que é que isto representa? De forma algo abstrata e resumidamente, significa que em conjunto, estes dois motores colocados imóveis na vertical e a funcionar na potência máxima, seriam capazes de suster no ar um objecto com quase 22 toneladas ou se preferirem, 27 Smarts ForTwo e mais qualquer coisa – a minha sogra por exemplo. Ou vossa, se fizerem questão…

Travões

Para conseguir parar este verdadeiro colosso, recorrer-se-à a três sistemas diferentes. Depois de desligados todos os motores, a força de atrito encarrega-se de desacelerar rapidamente o Bloodhound SSC até aos 1 300 km/h, altura em que é activado o sistema Air Brake que será capaz de causar uma desaceleração de 3 G’s, cortesia das 9 toneladas de atrito provocadas por este sistema. Este sistema é activado progressivamente de modo a manter uma desaceleração constante para que Andy Green, o piloto, não perca os sentidos. O funcionamento deste sistema pode ser visto no video:

A 965 km/h entram em cena o pára-quedas. O impacto inicial da abertura é equivalente a 23 toneladas. Haja material resistente! A desaceleração será também na ordem dos 3 G’s.

Por fim, a 320 km/h são activados os mais mundanos travões de disco. Há que somar vários factores para se ter a real percepção do stress mecânico e térmico a que o discos de travão vão ser expostos: o Bloodhoud SSC pesa 7 toneladas, as rodas vão estar a girar a 10 000 rpm  e a 320 km/h e pretende-se um desaceleração de 0,3 g’s com este sistema. Foram inicialmente testados discos de carbono, cujos «restos mortais» provam a sua incapacidade para lidar com a situação. A equipa decidiu então começar a testar discos de aço. A quantidade de energia a ser dissipada é enorme, como pode ser visto no mais recente vídeo que foi disponibilizado:

Exterior

Tendo em conta a capacidade supersónica deste veículo, a carroçaria é um misto entre tecnologias da industria automóvel e aeronáutica: na dianteira, um “cockpit” de fibra de carbono tecnicamente semelhante aos que são utilizados na Fórmula 1; na retaguarda, alumínio e titânio são os materiais de eleição. No total são quase 14 metros de comprimento por 2,28 de largura e 3 de altura, medidas que denunciam uma vez mais a partilha de ADN com a indústria aeronáutica.

É também no exterior que estão colocados os adereços aerodinâmicos: a “barbatana” traseira, responsável por manter o Bloodhound SSC numa direcção estável, sofreu várias modificações desde os primeiros designs, uma vez que apresenta alguma tendência para sofrer fenómenos de vibração, potencialmente destructivos na gama de velocidades prevista – a mais de 1000km/h isso não são boas notícias. À frente estão mais duas asas responsáveis por manter o nariz do Bloodhound SSC bem próximo do chão.

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Interior

No interior, Andy Green recorrerá manómetros fabricados propositadamente para o Bloodhound SSC pela Rolex, uma das muitas patrocinadoras oficiais do projecto. O velocímetro é algo digno de nota uma vez que é semelhante a um tacómetro, no entanto o “10” não representa 10 000 rpm do motor, mas sim  as ambicionadas 1000 milhas por hora. Do lado direito estará um cronógrafo de 1 hora, o tempo limite para atingir o recorde depois de se iniciar a tentativa. Simples não é?

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Imagens e vídeo: bloodhoundssc.com

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