Notícias Oficina foi cenário para remake de quadros renascentistas

Oficina foi cenário para remake de quadros renascentistas

É um facto que a arte que fascina todos os amantes de automóveis é mais ou menos parecida ao esborratado de borracha que se irradia alcatrão fora durante um drift. Mas houve quem fosse mais longe…

Pois bem…houve quem quisesse meter os escapes a expetorar cultura e usasse uma oficina mecânica como cenário para recriar alguns dos famosos quadros do Renascimento. Sim. Leram bem.

Pinturas como a  Mona Lisa e a A Última Ceia de Leonardo da Vinci, O Nascimento de Vênus de Botticelli são só alguns exemplos que fundaram um espírito forjado de ideais novos na pintura Renascentista. Não podemos recriá-los com óleo semissintético de motor (pelo menos ainda ninguém se lembrou disso), mas podemos posicioná-los com uma oficina mecânica como pano de fundo. E deve ter sido esta a ideia de Freddy Fabris…

Fabris é um fotógrafo que nasceu em Nova Iorque, mas que cresceu pelas ruas de Buenos Aires, na Argentina e há mais de 20 anos que trabalha com retratos e imagens conceituais. A sua ideia brilhante mais recente chama-se Renaissance, que consiste em reproduzir algumas das originais pinturas do Renascimento. Por esta altura já adivinham qual foi um dos cenários escolhidos.

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Em declarações ao Huffington Post, Fabris refere que sempre quis galardoar pinturas renascentistas, mas recriá-las apenas como fotografias não seria o suficiente.

“Eu queria respeitar a estética das pinturas, mas precisava de incluir uma pegada conceitual que adicionasse uma nova “camada” às obras originais. Tirá-las do seu contexto original, mas ainda assim manter a sua essência. Por acaso acabei por encontrar uma oficina antiga no centro-oeste dos EUA, e isto foi o que deu início à série. O lugar implorava para ter algo fotografado ali, e lentamente as ideias começaram a assumir os seus lugares.” | Freddy Fabris

Fabris escolheu três das mais emblemáticas pinturas: A Criação de Adão de Michelangelo, A Lição de Anatomia do Doutor Tulp, de Rembrandt e a já citada Última Ceia de Da Vinci. A composição básica das cenas mantém-se fiel, mas os elementos mudam drasticamente.

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Na Criação de Adão, ao invés de observarmos Deus a criar o primeiro Homem, podemos ver um mecânico erudito a passar uma chave de fendas para um possível aspirante à profissão. O simbolismo é forte, é como se a chave não fosse a única coisa que estivesse a ser trespassada, mas também o conhecimento de vários anos a virar motores. Mas esta subjectividade de interpretação deixamos entregue à vossa imaginação…

Já na Última Ceia, o remake precisou de um resize e de deixar alguns parafusos na caixa: a mesa é definitivamente mais apertada e faltam três apóstolos, mas o resultado não deixa de ser sensacional. Reparem na roda atrás da cabeça de Jesus, a desempenhar na perfeição o papel de coroa de espinhos. O artista foi mesmo até ao mais ínfimo detalhe.

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Por último, mas não menos lustrosa, temos A Lição de Anatomia do Doutor Tulp, de Rembrandt. Na obra original e como o próprio nome indica, temos uma aula de anatomia ministrada por Nicolaes Tulpdo a um grupo aprendiz de médicos (diz a história que a cena é verídica e aconteceu em 1632, época em que só era permitida uma dissecação por ano e que o corpo deveria ser preferencialmente de um criminoso executado). Na nova versão “máscula”, o objeto em estudo multiplica-se e são mil e uma peças de automóveis.

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Imagens: Freddy Fabris

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