A «fundo» ao volante do Mercedes-AMG E 63 S 4Matic+

Foi nas reviradas estradas da Serra de Monchique e na «montanha russa» do Autódromo Internacional do Algarve (AIA) que conduzi pela primeira vez o novo superdesportivo… perdão!, o novo saloon desportivo da Mercedes-AMG.

Como devem calcular, após passar um dia inteiro ao volante de um executivo equipado com um motor V8 4.0 l biturbo em estradas nacionais, aguardo serenamente a chegada das autoridades ao escritório da Razão Automóvel, “Guilherme Costa, ponha a mãos no ar e saia lentamente. O senhor está preso!”.

Gabo-me muitas vezes — talvez demasiadas vezes… — de em toda a minha vida apenas ter colecionado uma multa por excesso de velocidade (acreditem, ando sempre devagar). O Mercedes-AMG E63 S foi a exceção à regra. Transformou-me, como já tinham transformado outros modelos — nomeadamente o Mégane RS ou o 911 Carrera 2.7, entre outros — num condutor menos pacato.

A culpa naturalmente não foi minha, foi do Mercedes-AMG E 63 S 4MATIC+! Que em estrada nacional com o modo “Confort” selecionado, comporta-se como um Classe E convencional, mascarando a velocidade com uma facilidade impressionante.

Entrar na reta de Portimão a mais de 200 km/h e travar para a primeira curva a mais de 260 km/h será uma recordação que ficará durante muito tempo gravada na minha memória.

As suspensões pneumáticas de três câmaras com amortecimento variável são as grandes responsáveis por «mascarar» a velocidade. Resultado? Com mais de 600 cv ao serviço do pé direito, quando damos conta já vamos a mais de 120 km/h — pois, pois, 120 km/h 😂!

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Assim, com receio de encher patrioticamente os cofres do Estado (Heróis do Mar, nobre Povo, Nação Valente… 🎵🎵🎵) com portagens e multas, abandonei a Via do Infante e entrei nas estradas apertadas da Serra de Monchique em direção ao Autódromo de Portimão. Selecionei o modo “Sport” e lá fui eu a rasgar pela serra.

No modo Sport, o som do motor muda completamente, os apoios do motor ficam mais rijos, a direção progressiva AMG Sport fica mais direta e as suspensões ganham outra leitura da estrada. Com um simples premir de um botão transformamos completamente o caráter do Mercedes-AMG E 63 S 4Matic+.

Lá na frente, para o Bernd Schneider (ao volante de um AMG GT) parecia que não chovia e só me foi possível acompanhá-lo graças à tração extra do “meu” E 63.”

A velocidade que levamos para dentro das curvas impressiona. E a facilidade com que o fazemos também. Não há lugar para correções intempestivas no volante nem para calafrios por movimentos exagerados da carroçaria. É tudo “clean” e fácil. E falar de facilidades ao volante de um automóvel com 612 cv e 850 Nm de binário máximo é obra…

Para além das suspensões, direção e travões a “culpa” deste rigor é do novo sistema 4MATIC+ (com bloqueio de diferencial eletrónico) que distribui de forma exemplar a potência pelos dois eixos. E ainda faltava experimentar o modo “Race”. Que deixei reservado para Autódromo de Portimão…

Chegado ao Autódromo de Portimão tinha o Bernd Schneider, um dos grandes nomes do DTM, à minha espera. Coube ao Bernd Schneider fazer as “honras da casa” e guiar o nosso grupo pelas exigentes curvas do traçado algarvio.

Modo “Race” ligado (finalmente!), ESP desligado e modo drift ativado. O «pacato» E 63 transformou-se num animal de pista. Entrar na reta de Portimão a mais de 200 km/h e travar para a primeira curva a mais de 260 km/h será uma recordação que ficará durante muito tempo gravada na minha memória. Isso e ouvir o Bernd Schneider pelo rádio a dizer-me “nice drift!”. Ora ouçam:

A facilidade com que o Mercedes-AMG E 63 4MATIC+ se deixa explorar nos limites da aderência, quase me fez duvidar da necessidade da tração integral. Até começar a chover…

Controlar os 612 cv de potência e 850 Nm à chuva só foi possível graças ao competente sistema 4MATIC+. Lá na frente, para o Bernd Schneider (ao volante de um AMG GT) parecia que não chovia e só me foi possível acompanhá-lo graças à tração extra do “meu” E 63. Acreditem, o homem não é deste planeta…

Saí do Autódromo de Portimão completamente convencido quando às capacidades dinâmicas do E 63 — o «coice» do motor 4.0 l biturbo é impressionante (3,4s dos 0-100 km/h) e o chassis acompanha todo este ímpeto.

Liguei o modo “Confort” e regressei a Lisboa. Troquei a sinfonia dos oito cilindros (dos quais quatro podem ser desativados) pela sinfonia do competente sistema de som do Classe E. Quem o via na estrada, tão calmo, não imaginava o «terror» que já tinha causado hoje no AIA.

É a beleza deste tipo de modelos. Há uns anos atrás quem diria que uma berlina desportiva podia ser tão utilizável no dia-a-dia e tão eficaz num circuito? Ninguém, no seu perfeito juízo. Seiscentos e doze cavalos de potência! É obra…

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Nota: Apelamos a uma condução responsável na via pública. Nos nossos testes e ensaios, pugnamos pela responsabilidade e segurança. Recordamos os nossos leitores que estas apresentações são realizadas em condições controladas. Conduzam com prudência.

Guilherme Costa

Desde muito cedo trocou a companhia dos brinquedos pelas revistas de automóveis. Alimentado por essa paixão em 2012 fundou a Razão Automóvel.

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