Testes Já conduzimos o Yamaha YXZ1000R SS

Ao volante

Já conduzimos o Yamaha YXZ1000R SS

Deixámos o alcatrão por um dia e mudámos a nossa dieta para terra (muita terra...). O chef desta refeição foi o Yamaha YXZ1000R SS.

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Ao fim de quase 10 anos, foi o regresso deste vosso escriba aos comandos de um veículo pensado de raíz para enfrentar bajas e caminhos todo-o-terreno. Como sabem, habituei-me desde muito jovem a conduzir quads e toda a parafernália de veículos capazes de levantar pó – nesta lista incluo um pacato Citroen AX (pobre carro…). Portanto foi com muita vontade e saudades do cheiro da terra revolta que saltei para os comandos do Yamaha YXZ1000R SS.

À minha espera, para avivar a memória e aprender alguns truques novos, tinha nada mais nada menos, que o Ricardo «Antrax» Carvalho. Um dos mais talentosos e vitoriosos pilotos de quads do país, e que agora corre no nacional de todo o terreno na categoria UTV/Buggy’s.

Uma breve introdução aos UTV

Da última vez que tinha conduzido um veículo deste género, chamavam-se UTV (Utility Task Vehicle) e estavam mais próximos de uma alfaia agrícola do que de um veículo todo o terreno capaz de aquecer o sangue. Desde então, mudou praticamente tudo.

“Mas se o motor é mais que competente, o que dizer do conjunto chassi/suspensão? Brilhante!”

Face às limitações naturais destes veículos, não tardou muito para que os clientes começassem a procurar soluções after-market para melhorar a performance dos seus UTV’s, gastando milhares de euros em suspensões, escapes, etc. Uma das principais vítimas destes artilhanços foi o Yamaha Rhino – um dos responsáveis pelo surgimento desta categoria.

Foi então que as marcas do setor (Yamaha, Polaris, Artic Cat e BRP) perceberam que o que os clientes queriam mesmo era algo construído de raíz para fazer tangentes às árvores e saltos de bancada a velocidades poucos recomendáveis para cardíacos. Se não me engano o «primeiro tiro» foi da Polaris, com o lançamento do RZR. Nascia então a categoria dos ROV (Recreational Off highway Vehicle) – é verdade, os americanos adoram baptizar tudo com siglas.

“É pena que a Yamaha não tenha conseguido dar a este Yamaha YXZ1000R SS uma posição de condução mais baixa e uma colocação dos pedais mais ergonómica”

Yamaha YXZ1000R SS
Yamaha YXZ1000R SS

Não tardou para Yamaha se juntasse à festa com o lançamento do seu modelo 100% ROV, do qual o Yamaha YXZ1000R SS é a interpretação mais radical de sempre. Já vão descobrir porquê… Desculpem toda esta ladainha mas normalmente falamos de automóveis, não é de ROV’s. Achei por bem situar os menos familiarizados com estes veículos com esta introdução.

Mecânica no topo do segmento

Para este primeiro contacto a marca nipónica reservou uma das pistas do Troféu Yamaha, localizada em Rio Maior. Esta pista oferecia todas as condições para testar o Yamaha YXZ1000R SS: saltos, areia, lama e até algumas zonas mais técnicas.

Estavam reunidas todas as condições para dar «largas» ao motor 1.0 litros de 3 cilindros, capaz de desenvolver certamente mais de 100 cv de potência (a marca não divulgou as especificações concretas). Este motor, oriundo do universo das duas rodas, “canta” com vontade para lá das 10.000 rpm e pede um escape menos «abafado».

Com pouco mais de 700 kg em ordem de marcha, o motor sobe alegremente de rotação sem qualquer dificuldade. Bem conduzido, não é qualquer veículo todo o terreno (mesmo de competição!) que acompanha o andamento do Yamaha YXZ1000R SS.

Yamaha YXZ1000R SS
Yamaha YXZ1000R SS

Continuando na mecânica, uma das vantagens deste modelo face à concorrência é a caixa robotizada de 5 velocidades com patilhas no volante – recordo que toda a concorrência utiliza caixas de variação continua. Na prática a gestão da embraiagem durante os arranques e passagens de caixa é integralmente feita pela eletrónica (YCC-S). Nós só temos de nos preocupar em trocar de mudança – e mesmo quando deixamos o regime do motor cair demasiado, ele reduz por nós.

À prova de buracos e saltos

Mas se o motor é mais que competente, o que dizer do conjunto chassis/suspensão? Brilhante! O trabalho dos amortecedores FOX Podium X2 com Bypass interno é impressionante. Estes amortecedores permitem um ajuste completo da compressão a alta e baixa velocidade, assim como da recuperação a alta e baixa velocidade e, para maior conveniência, todos os afinadores estão situados na parte superior da unidade.

As molas helicoidais duplas são compostas por uma mola curta com uma constante de amortecimento reduzida e uma mola longa com uma constante elevada de amortecimento, uma combinação que proporciona uma condução uniforme sobre pequenos ressaltos a velocidades mais baixas e uma condução mais firme a velocidades elevadas em terrenos difíceis.

Yamaha YXZ1000R SS
Yamaha YXZ1000R SS

Na prática isto significa que podemos passar a fundo (sim, a fundo!) por regos e altos na estrada que noutro veículo qualquer teríamos de negociar a baixa velocidade – bem… pelo menos com o Ricardo «Antrax» ao volante, porque eu passei por lá a meio gás. Deixando os saltos e enormes slides para trás, o Yamaha YXZ1000R SS também pode ser um pacato todo o terreno. A transmissão tem três modos: 2WD (tração traseira); 4WD (tração integral); e 4WD Lock (tração integral com bloqueio do diferencial). Dá para subir praticamente tudo!

Mas sinceramente, o modo mais engraçado é mesmo «faca nos dentes» e acelerador a fundo. O som do motor, a resposta do conjunto e a velocidade que se atinge em terrenos de aderência precária é um vício. É pena que a Yamaha não tenha conseguido dar a este Yamaha YXZ1000R SS uma posição de condução mais baixa e uma colocação dos pedais mais ergonómica – se fosse assim, aproximava-se da perfeição.

Yamaha YXZ1000R SS
Yamaha YXZ1000R SS

Por falar em perfeição, vamos falar de defeito… a Yamaha pede por este «brinquedo» cerca de 28 000 euros. É muito? Depende das carteiras, porque face àquilo que o conjunto oferece até é um preço justo.

O Yamaha YXZ1000R SS é um modelo que assim que sai do stand está pronto para competir. E quem já andou (ou anda…) no mundo do todo o terreno sabe muito bem quanto custa preparar um veículo, seja ROV, UTV, ATV ou outro palavrão qualquer.