Notícias “Cimeira do Diesel” serviu para alguma coisa?

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“Cimeira do Diesel” serviu para alguma coisa?

A semana passada decorreu na Alemanha a "Cimeira do Diesel" que gerou um acordo entre o governo e os construtores locais para reduzir as emissões NOx dos Diesel.

Emissões Diesel

A semana passada decorreu a denominada “Cimeira do Diesel”. Como reportámos anteriormente, esta reunião de emergência entre o governo alemão e os seus construtores permitiu chegar a um acordo que resultará na recolha voluntária de mais de cinco milhões de automóveis ligeiros.

A recolha incidirá sobre automóveis Diesel – Euro 5 e alguns Euro 6 – que alterará a gestão do motor de modo a reduzir o nível de emissões NOx. Para os que têm automóveis mais antigos, pré-Euro 5, do acordo também saiu um programa de incentivos para trocar de carro por um novo.

Com estas medidas, entre outras, o objectivo da “cimeira” foi o de evitar a proibição de circulação de automóveis Diesel dos centros de diversas cidades alemãs. Proibição anunciada por diversas cidades de modo a conseguir melhorar a qualidade do ar nos seus centros urbanos.

Segundo os construtores alemães, a reprogramação da gestão do motor permitirá reduzir as emissões NOx em cerca de 20 a 25%, tornando-se desnecessário qualquer proibição.

O acordo para já afeta apenas os construtores alemães. Os construtores estrangeiros não chegaram a consenso para medidas semelhantes. O que já motivou críticas por parte do ministro dos transportes alemão.

Fui bastante claro durante a cimeira de que o comportamento exibido pelos construtores estrangeiros é totalmente inaceitável. Quem quiser continuar a reter a sua quota do mercado alemão tem de estar preparado para aceitar a responsabilidade pelas cidades, a saúde pública e ar mais limpo, e estes construtores não estão ainda a responsabilizar-se por tal.

Alexander Dobrindt, Ministro dos Transportes Alemão

Uma “Cimeira” que não serviu para (quase) nada

No entanto, outras partes têm outros pontos de vista sobre o acordo resultante. E a opinião geral é de que esta “Cimeira do Diesel” serviu para muito pouco ou mesmo nada.

Receio que as atualizações de software prometidas para os carros mais novos e o suporte financeiro para os donos de carros mais velhos não seja suficiente para proteger a saúde das pessoas nas cidades.

Dieter Reiter, Presidente do Município de Munique

Não só Munique – sede da BMW -, como também Estugarda – sede da Mercedes-Benz e da Porsche -, através do seu presidente, Fritz Kuhn, revelou-se desapontado com o acordo: “Só pode ser um primeiro passo, terão de haver mais.”

Previsivelmente, diversos grupos ambientais e defensores da saúde pública não deixaram de criticar o acordo. São da opinião que a solução tem de passar não só pelo software como também pelo hardware para uma redução satisfatória das emissões NOx. Também põem em causa a promessa dos construtores de que a alteração do software não afetará a performance, consumos e durabilidade do motor.

Os grupos ambientalistas referiram que “foi demasiado pouco, demasiado tarde” – o Dieselgate já aconteceu há dois anos – e continuarão a pressionar as proibições de circulação com ações legais.

Analistas da Evercore referem que os construtores ganharam tempo com o acordo. Vai levar anos até existirem dados fiáveis que demonstrem que os níveis de poluição baixaram, evitando assim que as cidades avancem com proibições de circulação prematuramente.

 

Ford considera o plano ineficaz

Seria de esperar vozes críticas contra o acordo por parte dos ambientalistas, mas do lado dos construtores automóveis também as há. A Ford Alemanha considerou a alteração de software acordada como uma medida ineficaz.

Segundo declarações da marca, tal medida resultará em benefícios negligenciáveis para o consumidor e não terá impacto realista na qualidade do ar. O acordo também poderá levantar expectativas “irrealistas” das autoridades e de organizações não governamentais.

Em vez da alteração de software, a Ford Alemanha oferecerá incentivos entre 2000 e 8000 euros para a troca de automóveis anteriores a 2006 ou Diesel Euro 1, 2, e 3. Está neste momento em avaliação se esta medida será estendida a outros países.

Também a Toyota oferecerá incentivos até 4000 euros a quem queira trocar o seu carro a Diesel de qualquer marca por um dos seus híbridos.

E ao contrário dos construtores alemães, a Ford aceita que automóveis Diesel possam ser banidos de zonas com má qualidade do ar.

Nenhuma medida - incluindo restrições a veículos em certos pontos quentes de emissões - deve ser colocada de parte.

Wolfgang Kopplin, Chefe de Marketing e Vendas Ford Alemanha

Com uma ida a votos a 24 de setembro, o tópico das emissões tornou-se um dos temas quentes nas eleições alemãs. O governo de Angela Merkel tem sido criticado pela sua proximidade com a indústria automóvel. Indústria que é o maior exportador do país e garante 800 mil postos de trabalho.

Fonte: Autonews