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O primeiro Alfa Romeo de sempre vai a leilão. Conhece a sua história

O Alfa Romeo G1 de 1921 foi o primeiro modelo desenvolvido sob égide do nome Alfa Romeo. Hoje vale mais de 1 milhão de euros, mas já serviu para guardar gado e como «bomba de água» numa quinta.

Alfa Romeo G1

Mas a Alfa Romeo não foi criada em 1910? Na realidade a marca italiana nasceu apenas como A.L.F.A. ou Anonima Lombarda Fabbrica Automobili. Nome que se manteria até 1920, após o seu diretor, Nicola Romeo, ter alterado o nome da empresa para aquele que conhecemos hoje.

O G1 foi o primeiro modelo desenvolvido sob esta nova denominação. A nova máquina foi concebida por Giusepe Merosi, como todos os outros Alfas da altura e destacava-se por recorrer a um chassis mais longo e rígido que o do 40-60 HP, o seu antecessor.

O motor do G1 era enorme: seis cilindros em linha e 6330 cm3 capaz de debitar 71 cv às 2100 rpm e 294 Nm às 1100 rpm — não parece muito, mas compare-se com um comum, na altura, Ford Model T e os seus 20 a 22 cv. Acoplado ao motor estava uma transmissão manual com quatro velocidades. Como era comum nesta época apenas as rodas traseiras possuíam travões.

Na época, o G1 era um verdadeiro desportivo, apto a competir. O seu arsenal mecânico permitia mover os seus 1500 kg até uma velocidade máxima de 138 km/h, chegando a triunfar na sua classe na Coppa del Garda.

Seria apenas produzido em 52 unidades e 50 delas seriam exportadas para a Austrália. As restantes duas permaneceriam em Itália, tratando-se de protótipos. Sim, o primeiro Alfa Romeo de raíz foi um flop comercial.

Alfa Romeo G1, o perseguidor de cangurus

Esta unidade em particular é o chassis nº 6018 e com ele vem uma história, no mínimo, colorida. Tal como os outros G1, o destino desta unidade seria a Austrália. Foi comprado empresário local, mas os negócios não devem ter corrido nada bem, já que declarou falência pouco tempo depois. A pressão dos credores levou-o a esconder o Alfa Romeo G1 em 1922. Três anos depois o homem acabaria por falecer, sem que ninguém ficasse a saber a localização do G1.

O carro ficaria escondido durante 25 anos e seria encontrado apenas em 1947 por um grupo de agricultores. Não foram esquisitos: depois de ter sido colocado novamente a andar, este Alfa Romeo G1 foi usado para as mais variadas tarefas no campo. Era o veículo favorito para reunir o gado, mas também andou a perseguir cangurus – só mesmo na Austrália…

A vida de agrupar gado do G1 terminaria quando uma árvore levou a melhor sobre ele. O carro estava danificado, mas o motor foi aproveitado servindo como bomba de água! E manter-se-ia assim até 1964, ao ser recuperado por um grupo de entusiastas da Alfa Romeo em Ipswich. Seria posteriormente comprado por Ross Flewell-Smith que iniciou um processo de reconstrução e restauro que se prolongaria por 10 anos.

Após o restauro percorreu diversos concursos destinados automóveis vintage, tendo até recebido múltiplos prémios em Pebble Beach. Também participou em múltiplas provas para automóveis antigos. Seria vendido em 1995 a Julian Sterling que iniciou novo processo de restauro, após o qual seria novamente vendido ao importador da Alfa Romeo na Nova Zelândia, Ateco Automotive.

Atualmente, o Alfa Romeo G1 chassis nº 6018 apresenta-se na sua configuração inicial de carro de competição e a RM Sotheby’s irá leiloá-lo sem reserva. Dado o significado deste modelo, não só por ser o primeiro modelo desenvolvido sob a marca Alfa Romeo, como também por ser o único exemplar completo do G1 que se conhece, a leiloeira estima uma valor a rondar os 1,3 milhões de euros.

O leilão ocorrerá em Phoenix, no estado do Arizona, EUA, nos dias 18 e 19 de janeiro de 2018.

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