Primeiro Contacto Adeus, combustão. Conduzimos o renovado Smart elétrico, o único que podes comprar

Desde 22 845 euros

Adeus, combustão. Conduzimos o renovado Smart elétrico, o único que podes comprar

Já guiámos a atualizada geração de 2020 dos smart EQ fortwo e forfour. À venda em Portugal desde os 22 845 euros (fortwo), 23 745 euros (forfour) e 26 395 euros (fortwo cabrio).

smart EQ fortwo

Pilhas já incluídas. É o que anunciam as embalagens de muitos brinquedos das crianças… neste caso, mesmo não se tratando de um brinquedo, os micro smart EQ fortwo e forfour têm pilhas para um pouco mais de 100 km, o que para carros que raramente saem da cidade pode ser suficiente para uma semana de vai—vem casa-trabalho-casa.

2019 foi o ano em que mais smart se venderam em Portugal. Só que das 4071 unidades transacionadas apenas 10% foram elétricas, o que pode bem querer dizer que 2020 será um ano difícil para a marca de micro carros do Grupo Mercedes-Benz em Portugal, uma vez que agora já não existem versões com motor de combustão.

É tudo a pilhas e com o degrau de acesso à gama a dar um valente salto de quase 10 000 euros, isto porque a versão menos cara dos novos smart EQ se situa quase nos 23 000 euros.

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Agora só em elétrico: fortwo cabrio, fortwo e forfour

Este é, aliás, um ano de transição importante para a smart a nível mundial, uma vez que acabou o acordo de parceria com a Renault e entra em vigor a nova joint-venture com os chineses da Geely, onde a nova empresa irá estar centrada. A produção em Hambach, em França, deverá começar a ser gradualmente reduzida para estes últimos dois a três anos finais destes modelos que agora foram retocados (já lá vamos).

O primeiro smart-Geely vai surgir em 2022 e deverá ser feito sobre a base de um carro da marca chinesa que tem um importante know-how neste setor, já que este é o maior mercado mundial de automóveis elétricos — é onde se vendem mais do que no resto do mundo todo junto e isto apesar de uma quebra da procura nos últimos meses, motivada por uma redução da política de incentivos decretada pelo governo de Pequim…

Visual exterior mais moderno…

Das três carroçarias da gama a que mais vende em Portugal é a original, de dois lugares (46,5% do mix em 2019), seguida de perto pela versão esticada de quatro lugares (44%) e ficando os restantes 9,5% para o cabrio, pelo que nesta primeira ocasião ao volante do retocado smart a opção recaiu sobre o coupé.

smart EQ fortwo

E o primeiro que há a dizer sobre o renovado smart EQ fortwo é que as novidades se observam a nível visual, com uma dianteira onde pontificam novos capot, faróis, grelha, para-choques e de onde desapareceu o logótipo da marca e passou a existir a palavra smart. Importante referir que, pela primeira vez, as grelhas são pintadas na mesma cor da carroçaria e o fortwo e forfour têm “rostos” distintos.

Atrás as diferenças são menos evidentes, mas há faróis redesenhados (também com tecnologia LED tais como os dianteiros) e um para-choques traseiro com “ares” de difusor aerodinâmico.

smart EQ fortwo

… interior quase sem alterações

Por dentro encontramos alguns novos revestimentos e a principal novidade é mesmo o aumento do ecrã central de info-entretenimento (passou de 7″ para 8″ e tem um funcionamento especialmente indicado para trabalhar em parceria com smartphones).

Há mais conteúdos de conectividade e funções em parceria com a aplicação My smart: passou a ser possível abrir ou fechar o carro mesmo estando longe dele, aceder a serviços de recarga, estacionamento ou navegação.

Nota ainda para um novo compartimento, maior, à frente do travão de mão (com alavanca manual… ainda…) para colocar pequenos objetos como um smartphone,que tem uma persiana para abrir e fechar, mas que pode ser usado como apoio de copos/latas.

Entre os bancos há também um apoio de braços que é melhor deixar na posição horizontal, porque quando o levantamos o cotovelo passa a chocar com o elemento vertical constantemente.

Espaço, algo limitado

Todos os plásticos no interior são duros e a coluna de direção apenas se regula em altura, não em profundidade, mas estas são caraterísticas normais em modelos do segmento A do mercado — o que não é normal é o preço, claro…

smart EQ fortwo

Aqui, no smart EQ fortwo, só temos dois lugares, claro. No forfour há dois atrás, mas é bom que os ocupantes tenham menos de 1,70 m de altura, de contrário irão ficar com os joelhos pressionados pelas costas dos bancos da frente ou o cocuruto achatado.

Dinâmica com os mesmos prós e contras

A avaliação dinâmica é em tudo semelhante à dos fortwo elétricos que já se vendiam. O mais divertido de tudo é dar uma volta completa sobre o próprio eixo, que se consegue fazer num diâmetro de viragem de menos de nove metros, o que, traduzido por miúdos, quer dizer que se consegue inverter o sentido de marcha sem manobras numa estrada de duas únicas faixas, uma para cada lado.

Requer, aliás, alguma habituação porque a sensação que dá é que a roda interior traseira fica parada e as outras tratam de dar a volta, o que não é exatamente verdade. Mas com nenhum outro carro no mercado se consegue fazer isto — apenas 2,7 m de comprimento, por um lado, e do facto do motor elétrico estar colocado sobre o eixo traseiro, o que dá liberdade para as rodas dianteiras girarem muito mais.

smart EQ fortwo

Também não se verificam alterações no sistema de propulsão elétrico: 82 cv alimentado por uma bateria de iões de lítio de 17,6 kWh, sendo a autonomia com uma carga completa de 133 km. Para quem sabia que a anterior geração chegava aos 159 km de autonomia pode parecer confuso, mas a diferença do valor homologado tem apenas a ver com a entrada em vigor do novo ciclo de certificação mais rigoroso (WLTP) face ao anteriormente válido (NEDC).

Durante os quilómetros que efetuámos no centro da cidade de Valência voltei a ficar muito agradado com a rapidez de resposta do smart fortwo EQ. Dispara a cada luz verde de semáforo, podendo deixar para trás mesmo alguns desportivos que, ofendidos, respondem quase sempre ao cabo dos primeiros 50 m de estrada, depois do sprint de 0 a 60 km/h em 4,8s do pequeno fortwo ter deixado tudo e todos para trás.

smart EQ fortwo

Depois agrada ainda a suavidade do rolamento de uma suspensão que continua a ser tendencialmente seca, mas que já não “informa” os condutores sempre que passa por cima de qualquer pequeno inseto… E, sim, a propulsão elétrica ajuda a compor este quadro de tranquilidade a bordo.

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Algo “gastador”

Aspeto negativo é o do consumo, pois facilmente ficamos acima dos 17 kWh mesmo sem sair da selva urbana, o que quererá dizer que não é fácil ir além dos 100 km de autonomia “real”. Podemos sempre tentar compor o ramalhete pressionando o botão Eco para aumentar a capacidade de travagem regenerativa, o que torna o carro mais lento a responder e limita a velocidade máxima, além de reduzir o débito de ar da climatização

No entanto, se o condutor carregar no acelerador a fundo é dada a ordem de passar por cima da configuração Eco e volta a estar todo o rendimento disponível, para evitar qualquer embaraço numa ultrapassagem mais “urgente”.

smart EQ fortwo

Para além deste nível mais forte de travagem regenerativa existem ainda outros cinco níveis, mas acabam por se determinados pelo próprio carro, a partir das informações recolhidas por um radar frontal que depois estabelece as distâncias para o veículo precedente.

E fora da malha urbana?

Se estás a pensar se dá para andar com o smart EQ fortwo em estradas nacionais fora do perímetro urbano… bom… dar até dá, mas lembra-te que neste contexto os 100 km se vão muito mais depressa e, por outro lado, se as curvas abundarem, nota-se bastante a falta de aderência do eixo dianteiro, que facilmente faz disparar o controlo de estabilidade a cada duas por três, principalmente em asfaltos menos que perfeitos.

Autoestradas é melhor esquecer, porque com 130 km/h de velocidade de ponta nem dá para sair tranquilo da faixa da direita…

Bateria pequena, carregamento mais rápido

A vantagem de ser o elétrico com uma das mais pequenas baterias do mercado é que os tempos de carregamento são, naturalmente, mais curtos.

Seis horas numa tomada doméstica (coloca o telemóvel a carregar, o smart a carregar e estão os dois vibrantes de energia no despertar, tal como o dono) ou 3,5 horas com uma wallbox, isto com o carregador de bordo de 4,6 kW, que equipa o modelo de série.

Pagando um extra pelo carregador de bordo de 22 kW a mesma operação pode ficar concluída em 40 minutos, para ir de 10 a 80% do total da carga e com sistema de carregamento trifásico. A bateria tem uma garantia de fábrica de oito anos ou 100 000 km.

 

 

Adeus, combustão. Conduzimos o renovado Smart elétrico, o único que podes comprar

Primeiras impressões

6/10
O projeto original de um carro urbano de dois lugares da Swatch (em 1994 em parceria com a Mercedes-Benz, depois das hesitações da Volkswagen que foi inicialmente abordada pelo mentor do projeto, Nicolas Hayek) até era com propulsão total ou parcialmente elétrica. Por isso pode-se considerar que o facto deste modelo passar agora a existir apenas como elétrico foi um certo cumprir do destino. Nesta atualização estética e reforço da conectividade, o smart de 2020 prepara-se para viver os seus dois-três últimos anos de vida no contexto da parceria com a Renault, para então a marca renascer em joint-venture com a Geely, chinesa — podendo, então, passar a apresentar um preço mais racional, que foi sempre um dos óbices deste modelo. Até lá continuará a sentir-se como peixe na água em cidade, principalmente nesta liliputiana carroçaria de duas portas e com uma despachada condução “sem fumos”. Mas com um preço que torna a sua compra num verdadeiro capricho (dá para comprar dois rivais com motor de combustão…)

Data de comercialização: Janeiro 2020

Prós

  • Agilidade urbana imbatível
  • Acelerações até 70 km/h
  • Suavidade e facilidade da condução

Contras

  • Autonomia real escassa
  • Preço elevado
  • Suspensão dura em mau piso