DeLorean DMC-12 regressa ao futuro e volta a ser produzido

O DeLorean DMC-12 começou a ser produzido na Irlanda do Norte em 1980, mas esta terminaria poucos anos depois, em 1983, após a bancarrota do construtor, devido às acusações de tráfico de droga (cocaína) que caíram sobre o seu fundador, John DeLorean — seria mais tarde absolvido, mas o mal já estava feito.

Seriam produzidas aproximadamente 9000 unidades, pondo um ponto final à curta e conturbada vida do DeLorean DMC-12, o coupé bi-lugar com portas asas-de-gaivota e carroçaria em aço inoxidável, da autoria de Giorgetto Giugiaro, fundador da Italdesign.

1.21 GigaWatts, 88 miles per hour

Ponto final? Nem por isso. A partir do momento em que, em 1985, “num cinema perto de si”, vemos o DMC-12 atingir 88 mph (141,6 km/h) ativando o capacitador de fluxo que requer 1.21 GigaWatts (o equivalente a mais de 1,645 milhões de cavalos) para poder viajar no tempo, catapultou-o para a fama para lá dos sonhos mais ousados de John DeLorean.

A fama conquistada no cinema foi o que justificou a criação de uma nova DeLorean Motor Company, uma empresa texana que adquiriu todo o espólio da empresa original — peças, unidades não produzidas, etc. —, e reiniciou a produção em pequena escala em 2008, usando os componentes originais, até o “modesto” motor V6 PRV de 130 cv.

A produção seria interrompida, entrando em compasso de espera até que a Low Volume Manufacturers Act (Lei para Construtores de Baixo Volume) fosse implementada. Esta lei permite que se possam fabricar até 325 automóveis por ano, ao abrigo de um conjunto de regulamentos mais permissivo do que os construtores de volume têm de obedecer.

Apesar de a lei já ter sido aprovada em 2015, só em 2019 é que a NHTSA (National Highway Traffic and Safety Administration) criou os regulamentos necessários para implementar a lei, não sem antes ter havido um processo legal avançado pelo SEMA (Specialty Equipment Market Association, a associação que organiza anualmente o SEMA Show) para obrigar a NHTSA a implementar a lei.

O “novo” DeLorean DMC-12

Bem, burocracias à parte, agora sim, o DeLorean DMC-12 pode voltar a ser produzido, mas não será exatamente idêntico em especificações ao modelo original. A estrutura e carroçaria em aço inoxidável mantém-se, mas a suspensão, travões e interiores serão atualizados, assim como a iluminação exterior do modelo.

De fora fica também o motor V6 PRV (Peugeot, Renault, Volvo) que, verdade seja dita, sempre foi criticado por não dar às futuristas linhas do DMC-12 as prestações desejadas. Os 130 cv, mesmo naquela altura, simplesmente eram insuficientes para as suas pretensões como desportivo ou GT.

Que motor terá? Os regulamentos obrigam à instalação de uma unidade que cumpra as normas de emissões atuais. A DeLorean está ainda hoje no processo de selecionar um fornecedor. O que é garantido é que a potência será mais do dobro dos 130 cv do original, com o construtor a referir um intervalo de potências (dependendo da unidade escolhida) entre 270 cv e 350 cv — um muito bem vindo “boost”.

O arsenal tecnológico do “novo” DeLorean também será reforçado com a adoção de tecnologias de conetividade e segurança ativa, como controlo de tração e de estabilidade, itens inexistentes à altura da sua criação.

Quanto custará?

Considerando as previsões de construir apenas duas unidades por semana, e todas as atualizações em vista, o preço referência de 100 mil dólares (aprox. 91 mil euros) avançado não parece exagerado, para o tipo de carro que será — uma espécie de restomod de baixa produção.

A produção do DeLorean DMC-12 poderá iniciar ainda este ano.

Fernando Gomes

Entrou no universo dos automóveis através do design, hoje expressa a sua paixão pelo automóvel na escrita.

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