Clássicos Citroën Xantia Activa V6 ou a arte de curvar sobre carris

Glórias do Passado

Citroën Xantia Activa V6 ou a arte de curvar sobre carris

O Citroën Xantia Activa V6 foi a derradeira expressão da berlina francesa, capaz de curvar mais depressa que até os melhores desportivos da altura.

Citroën Xantia Activa V6
© Citroën

Elegante, confortável e tecnológico. Três adjetivos que podemos associar com facilidade ao Citroën Xantia — a proposta de segmento D da marca francesa na década de 90 e o sucessor do Citroën BX lançado em 1982.

De design marcadamente futurista à época, foi mais uma vez o estúdio italiano Bertone — que também tinha desenhado o BX, e cuja história desse desenvolvimento é muito interessante — o grande responsável pelas suas linhas.

Citroën Xantia
© Citroën Jantes de aço com tampões. E disto, lembram-se?

As formas simples e retilíneas, com um terceiro volume mais curto que o habitual , davam-lhe um aspeto elegante e uma excelente aerodinâmica.

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Na primeira fase de comercialização, o Citroën Xantia vinha equipado com a família de motores PSA XU (gasolina) e XUD (Diesel), com potências compreendidas entre os 69 cv (1.9 d) e os 152 cv (2.0 i).

Mais tarde chegaram as motorizações da família DW, da qual destacamos o motor 2.0 HDI.

raison d’être deste artigo é, porém, o mais potente e exclusivo modelo da gama: o Citroën Xantia Activa V6, mas já lá vamos.

Suspensão com assinatura Citröen

Design e interiores à parte, o Citroën Xantia destacava-se da concorrência pela sua suspensão. O Xantia usava uma evolução da tecnologia de suspensões estreada no XM, denominada Hydractive.

Resumidamente, a Citroën prescindia dos amortecedores e molas de uma suspensão convencional e no seu lugar encontrávamos um sistema composto por esferas de gás e líquido, que nas versões mais equipadas tinha, inclusivamente, controlo eletrónico.

Citroën Xantia Activa de traseira
© Citroën

O sistema analisava o ângulo do volante, acelerador, travagem, velocidade e deslocamentos da carroçaria, para determinar qual devia ser a rigidez das suspensões.

O gás, comprimível, era o elemento elástico do sistema e o fluído, incomprimível, fornecia a sustentação a este sistema Hydractive II. Era esta solução que providenciava níveis de conforto referenciais e aptidões dinâmicas acima da média, adicionando propriedades autonivelantes ao modelo francês.

Citroen DS 1955
© Citroën Estreada em 1954 no Traction Avant, seria em 1955 que veríamos pela primeira vez o potencial da suspensão hidropneumática no icónico DS, ao atuar nas quatro rodas.

A evolução não parou por aqui. Com o aparecimento do sistema Activa eram adicionadas mais duas esferas que atuavam sobre as barras estabilizadoras, com o Xantia ganhar muito em estabilidade.

O resultado final era a ausência do adornar da carroçaria em curva e um excelente compromisso de conforto em linha reta.

Infografia a explicar a ação da suspensão Hydractive
© Citroën Os cilindros hidráulicos atuavam nas curvas para praticamente anular a inclinação da carroçaria (ficava entre -0,2° e 1°), o que permitia tirar o máximo partido dos pneus por manterem a geometria ideal no contacto com o asfalto.

Imagens estáticas não chegam? Assistam a este vídeo, com uma música muito inspiradora a acompanhar os acontecimentos (tipicamente anos 90):

A eficácia da suspensão hidropneumática coadjuvada pelo sistema Activa era tal que, mesmo com o pesado V6 colocado à frente do eixo dianteiro, conseguia ultrapassar o difícil teste do alce de forma imperturbável, com níveis de estabilidade referenciais, batendo inclusivamente muitos desportivos pelo caminho e modelos muito mais atuais — ainda hoje é o mais rápido automóvel de sempre a efetuar o teste do alce!

O calcanhar de Aquiles do Citroën Xantia Activa V6

Apesar da sua inegável capacidade em curva, o Citroën Xantia Activa V6 não tinha no seu motor 3.0 V6 (família ESL), com 190 cv e 267 Nm de binário máximo, o melhor parceiro.

De acordo com a imprensa da época, face à concorrência alemã, este motor era pouco refinado e não tinha argumentos em termos de performance contra as melhores berlinas alemãs.

Motor V6 do Xantia
© Citroën Velocidade máxima? 230 km/h. A aceleração dos 0-100 km/h cumpria-se em 8,2 segundos.

O interior, apesar de bem equipado e de excelente ergonomia, apresentava problemas de montagem, que no horizonte de preço do Citroën Xantia Activa V6 exigia outro cuidado.

Detalhes que alguns considerarão menores, num modelo que em termos gerais mostrou ao mundo que era possível seguir outro caminho e ser bem sucedido.

Interior do Citroën Xantia Activa
© Citroën

Por tudo isto o Citroën Xantia Activa V6, ou mesmo as versões mais convencionais, merecem ser recordadas. Concordam?

Partilhem connosco na caixa de comentários outros modelos que gostariam de ver recordados.


Sobre o “Glórias do Passado.”. É a rubrica da Razão Automóvel dedicada a modelos e versões que de alguma forma se destacaram. Gostamos de recordar as máquinas que outrora nos fizeram sonhar. Embarca connosco nesta viagem no tempo aqui na Razão Automóvel.

Artigo atualizado a 11 de março de 2023

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