Ensaio Testámos o Honda Jazz HEV. A “receita” certa para o segmento?

Desde 29 937 euros

Testámos o Honda Jazz HEV. A “receita” certa para o segmento?

Fiel ao formato monovolume, o Honda Jazz conta ainda com um sistema híbrido para se destacar. Mas será esta a melhor "receita" para fazer um utilitário?

Honda Jazz
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Entre 2001, quando a primeira geração do Honda Jazz foi lançada, e 2020, que marca a chegada da quarta geração, muita coisa mudou. No entanto, houve algo que se manteve imutável e foi precisamente o facto de o modelo japonês se manter fiel ao formato monovolume.

Se aquando do lançamento da primeira geração isto era facilmente explicável pelo sucesso que estes modelos conheciam na época, atualmente esta escolha é bem menos consensual, pois vivemos na era dos SUV/Crossover. A Honda continua convicta de que esta é a “receita” ideal para fazer um utilitário, especialmente se lhe associarmos um sistema híbrido.

Como é óbvio só há uma forma de descobrir se a marca nipónica tem razão e por isso mesmo colocámos à prova o novo Honda Jazz, um modelo que se apresenta no nosso país apenas com um nível de equipamento e uma motorização.

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Honda Jazz E-HEV
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Um caminho diferente

Se há coisa que ninguém pode acusar o novo Jazz é de ter cortado radicalmente com as gerações anteriores nas suas proporções e volumes. Porém, é verdade que, tal como o Guilherme Costa escreveu, o seu estilo tornou-se mais suave (os vincos e os elementos angulares praticamente desapareceram) e até próximo ao do simpático Honda e, mas no fundo não deixamos de encontrar um certo “ar de família” para com os antecessores.

E, na minha opinião isso é algo positivo, pois numa altura em que a maioria dos utilitários assume um visual bastante agressivo e focado na desportividade é sempre agradável ver uma marca enveredar por outro caminho.

Além disso, como é comum neste formato monovolume, vemos benefícios no que respeita ao aproveitamento de espaço e versatilidade do interior e soluções como o pilar dianteiro dividido — uma mais valia no capítulo da visibilidade.

Honda Jazz
Os famosos “bancos mágicos” são uma grande ajuda na hora de multiplicar o espaço a bordo do Jazz. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel
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Espaçoso mas não só

Ao contrário do que acontece no exterior, no interior do novo Jazz as mudanças são bem mais notórias e devo admitir que foram para melhor.

Começando pela sempre subjetiva estética, o tabliê parece ter-se ido inspirar à simplicidade e bom gosto do Honda e, contando com um desenho que não só é mais harmonioso que o da geração anterior como beneficia a facilidade de utilização.

Honda Jazz
Bem construído, o interior do Jazz conta com uma boa ergonomia. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Por falar em facilidade de utilização, não posso deixar de mencionar o novo sistema de infoentretenimento. Mais rápido, com melhores gráficos e bem mais simples de usar que aquele que encontrei, por exemplo, no HR-V, este revela uma positiva evolução em relação ao antecessor, que era alvo de críticas.

A irrepreensível montagem japonesa faz-se sentir no interior do Honda Jazz que em nada fica a dever às referências do segmento. Também os materiais estão num bom plano — a presença de áreas “almofadadas” é muito positiva—, apesar de não faltarem, como é típico no segmento, aqueles mais duros e não tão agradáveis ao toque.

Honda Jazz
O novo sistema de infoentretenimento é bem melhor que o anteriormente usado pela Honda. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel
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Já onde este se afasta de outras propostas do segmento e ganha considerável vantagem é na versatilidade interior. Desde vários (e práticos) porta copos até um duplo porta-luvas, dificilmente não temos um local onde guardar os nossos pertences a bordo do Jazz, com o modelo japonês a parecer relembrar-nos que um utilitário deve ser… útil.

Por fim, é impossível não falar nos “bancos mágicos”. Uma imagem de marca do Jazz, estes são facílimos de usar e uma grande mais valia que me traz à memória o porquê de outrora a versatilidade dos monovolumes ser tão elogiada. Quanto à bagageira, com 304 litros, apesar de não ser referencial, está num bom plano.

Económico mas célere

Numa altura em que a Honda está fortemente apostada em eletrificar toda a sua gama, não é de admirar que o novo Jazz esteja disponível apenas com uma motorização híbrida.

Este sistema conjuga um 1.5 l de quatro cilindros a gasolina com 98 cv e 131 Nm, que funciona segundo o mais eficiente ciclo Atkinson, com dois motores elétricos: um com 109 cv e 235 Nm (e que está ligado ao eixo motriz) e um segundo que funciona como motor-gerador.

Honda Jazz
Bem auxiliado pelos motores elétricos, o motor a gasolina revelou-se muito pouco guloso. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Apesar de os números não serem impressionantes, a verdade é que numa utilização normal (e até mais apressada) o Jazz nunca desilude, mostrando-se célere e sempre com uma resposta rápida às solicitações do pé direito — não admira, pois é o motor elétrico, capaz de entregar o binário de forma imediata, que nos faz mover em praticamente todas as situações.

Quanto aos três modos de funcionamento do sistema híbrido — EV Drive (100% elétrico); Hybrid Drive em que o motor a gasolina carrega o gerador; e Engine Drive que liga o motor a gasolina diretamente às rodas— estes alternam automaticamente entre eles e a forma como estes se vão revezando é praticamente impercetível, estando os engenheiros da Honda de parabéns.

A única exceção é quando decidimos “espremer todo o sumo” do sistema híbrido e aí o facto de contarmos com uma relação de engrenagem fixa faz com que o motor a gasolina se faça ouvir um pouco mais a bordo (a fazer lembrar uma CVT).

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Fácil de conduzir, económico de usar

Se no que ao rendimento diz respeito o sistema híbrido não desilude, é nos consumos e na facilidade de utilização que este mais surpreende. Para começar, o Jazz sente-se como “peixe na água” em meio urbano.

Honda Jazz
O duplo porta-luvas é uma solução que gostava que outras marcas também adotassem. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Além de facílimo de conduzir, o híbrido da Honda é bastante económico, tendo até sido nestas condições que consegui os melhores consumos ao seu volante (3,6 l/100 km). Já em estrada aberta e a ritmos intermédios estes andaram pelos 4,1 a 4,3 l/100 km, tendo apenas subido para os 5 a 5,5 l/100 km quando decidi explorar mais a vertente dinâmica.

Por falar nela, neste capítulo o Honda Jazz não esconde que não pretende roubar o trono de “utilitário mais dinâmico” a modelos como o Ford Fiesta ou o Renault Clio. Seguro, estável e previsível, o Jazz troca um maior divertimento ao volante por uma agradável serenidade e um notável conforto.

Honda Jazz
O painel de instrumentos digital é bastante completo mas navegar em todos os seus menus exige algum tempo de adaptação. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel
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É o carro certo para mim?

É verdade que não é o utilitário que mais cabeças faz virar à passagem (até porque muitas vezes vai em “modo silencioso”), ainda assim ao manter-se fiel à sua “receita” a Honda conseguiu voltar a criar um modelo utilitário que faz jus à sua designação e permite a versatilidade de utilização que sempre associámos aos modelos deste segmento.

Esta abordagem diferente da Honda pode não ser a mais consensual, mas devo admitir que me agrada. Não só por ser diferente como por relembrar que talvez tenhamos sido demasiado apressados a “condenar” os pequenos monovolumes (podiam não existir tantos como outrora, mas escusavam de ter desaparecido quase todos).

Se é o carro certo para ti, é impossível responder a esta pergunta sem abordar o “elefante na sala” sempre que se fala no novo Jazz: o seu preço. É que pelos 29 937 euros pedidos pela nossa unidade já se conseguem comprar modelos do segmento acima.

No entanto, e como sempre no mercado automóvel, há campanhas que permitem baixar o preço do Jazz e torná-lo uma proposta a ter em conta entre os utilitários. A de lançamento faz o valor descer para os 25 596 euros e quem tiver um Honda em casa esse valor desce mais 4000 euros, fixando-se me cerca de 21 mil euros.

Honda Jazz
Para melhorar a aerodinâmica as jantes de liga leve contam com uma cobertura plástica. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Ora, por este valor se procuras um carro espaçoso, económico, fácil de conduzir e (muito) versátil, o Honda Jazz é a escolha certa. Se a isto juntarmos os 7 anos de garantia sem limite de quilómetros e os 7 anos de assistência em viagem o modelo da Honda torna-se um caso sério a ter em conta no segmento.

Testámos o Honda Jazz HEV. A “receita” certa para o segmento?

Honda Jazz 1.5 HEV Executive

7/10

Económico, fácil de conduzir, versátil e espaçoso, o Honda Jazz é a prova de que não há só uma "receita" para criar um bom utilitário. Bom companheiro de viagens tanto em cidade como em autoestrada, o Honda Jazz tem contra si um preço elevado (sem campanhas) que é algo amenizado por uma muito completa oferta de equipamento. Sem querer ser o mais desportivo ou "estiloso" dos utilitários, o Jazz vale-se da sua versatilidade e facilidade de utilização para se estabelecer como uma alternativa para quem quer um automóvel prático e fácil de utilizar.

Prós

  • Oferta de equipamento
  • Espaço/versatilidade
  • Consumos
  • Agradabilidade de condução

Contras

  • Preço sem campanhas

Versão base:€29.937

IUC: €137

Classificação Euro NCAP: 0/5

€29.937

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1498 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Inj. direta
  • Distribuição: 2 a.c.c./4 válvulas por cilindros
  • Potência:
    Motor de combustão: 98 cv entre as 5500-6400 rpm
    Motor elétrico: 109 cv
  • Binário:
    Motor de combustão: 131 Nm entre as 4500-5000 rpm
    Motor elétrico: 235 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Caixa redutora (uma velocidade)

  • Comprimento: 4044 mm
  • Largura: 1694 mm
  • Altura: 1526 mm
  • Distância entre os eixos: 2517 mm
  • Bagageira: 304 litros
  • Jantes / Pneus: 185/55 R16
  • Peso: 1228-1246 kg

  • Média de consumo: 4,6 l/100 km
  • Emissões CO2: 104 g/km
  • Velocidade máxima: 175 km/h
  • Aceleração máxima: >9,5s

    Tem:

    • Informação de Ângulo morto incl. Monitor de Trânsito lateral
    • Assistência à travagem
    • Sistema de travagem atenuante de colisões
    • Sistema de alerta de esvaziamento de pneus
    • Avisador de colisões dianteiras
    • Controlo da velocidade de cruzeiro com limitador de velocidade
    • Avisador de saída de faixa
    • Sistema assistência à manutenção na faixa de rodagem
    • Função de seguimento a baixa velocidade (Low speed following)
    • Sistema de reconhecimento da sinalização de trânsito
    • Sistema inteligente de acesso e arranque sem chave
    • Punho da alavanca das Mudanças em pele
    • Volante em pele
    • Estofos em tecido/pele
    • Modo ECON
    • Travão de estacionamento elétrico
    • Brake Hold
    • Faróis e limpa-vidros automáticos
    • Espelhos elétricos e aquecidos
    • Consola central com apoio de braço deslizante e compartimento de arrumação
    • Bancos aquecidos (frente)
    • Volante aquecido
    • Sensores de estacionamento
    • Câmara traseira de auxílio ao estacionamento
    • Honda CONNECT NAVI Garmin (ecrã tátil de 9", AM/FM/DAB, Apple Carplay e Android Auto)
    • Wireless Apple Carplay
    • Luzes diurnas de presença (LED)
    • Faróis com temporizador automático de acender/apagar
    • Faróis LED
    • Jantes de liga leve
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Pode encontrar a resposta aqui:

Glórias do Passado. Honda Accord Type R, o mais “adulto” dos Type R