Ensaio Testámos a Isuzu D-Max. Pode uma pick-up ser “pau para toda a obra”?

Desde 46 065 euros

Testámos a Isuzu D-Max. Pode uma pick-up ser “pau para toda a obra”?

A Isuzu D-Max abdicou de alguma austeridade e tornou-se mais refinada. O objetivo foi estabelecer-se como uma alternativa aos SUV, mas terá sido cumprido?

Isuzu D-Max
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Há já uns anos que as versões de passageiros das pick-up deixaram de ser meramente variantes com uma cabina mais longa e cinco lugares. Modelos como a nova Isuzu D-Max estão cada vez mais refinados e têm um objetivo muito simples: captar uma parte (pequena na Europa) das vendas dos omnipresentes SUV.

Se recentemente as notícias sobre as pick-up não têm sido as melhores, registando-se não só um declínio de vendas no segmento na Europa, como a saída de modelos chave, propostas como esta D-Max contrapõem com um visual mais sofisticado, mais conteúdo tecnológico e um papel mais focado no espírito de evasão e na versatilidade do que no trabalho “puro e duro” para cativar clientes.

Além disso, as pick-up valem-se ainda de terem verdadeiras aptidões todo o terreno com as quais a larga maioria dos SUV apenas pode sonhar.

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Um bom exemplo disso mesmo é a Isuzu D-Max na versão de cabina dupla 4×4 Auto LSE. Para descobrir se a proposta nipónica tem o que é preciso para “roubar” vendas aos SUV já a pusemos à prova.

Passar despercebido não é opção

Num parque automóvel dominado por propostas dos segmentos B e C, a Isuzu D-Max destaca-se imediatamente pelas suas dimensões. Se nos EUA esta seria considerada uma pick-up de média dimensão, aqui no “velho continente” esta capta atenções por onde quer que passe e, não fossem as câmaras e sensores de estacionamento, a convivência com ela em meio urbano poderia tornar-se algo complicada.

No capítulo estético esta destaca-se pelo visual agressivo que já caracteriza as propostas da Isuzu deste há uns anos a esta parte e pela vistosa pintura cor-de-laranja que garante que não passamos despercebidos em lado nenhum.

Ainda no exterior, há a destacar positivamente o sistema que nos permite tapar (e trancar) o que está na caixa de carga. Bastante robusto, este sistema, que se assemelha a um “estore” que tapa toda a caixa de carga, permite-nos estacionar a D-Max em qualquer lugar sem nos preocuparmos com o que lá temos guardado.

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Interior cuidado

Como já tinha dito, os tempos em que as pick-up eram exclusivamente veículos de trabalho são passado e a prová-lo está o interior desta D-Max. Se outrora os tabliês destas propostas recorriam aos mais singelos plásticos e o equipamento se resumia a um velocímetro e pouco mais, hoje temos um interior que em nada fica a dever a um outro qualquer automóvel.

A bordo da Isuzu D-Max encontramos uma montagem cuidada, inúmeros espaços de arrumação (se bem que o porta-luvas podia ser maior), materiais agradáveis ao toque e uma oferta de equipamento capaz de criar inveja a alguns SUV.

Em relação ao espaço disponível, à frente a sensação de desafogo reina, mas nos lugares traseiros as origens “humildes” da D-Max vêm ao de cima e o espaço para as pernas não abunda. Quanto à “bagageira”, é difícil imaginar o que não cabe na enorme caixa de carga.

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Grande, pesada, mas económica

Se há um campo no qual as pick-up mais diferem dos SUV é no capítulo da condução. Assente num chassis de longarinas e travessas, a D-Max não consegue rivalizar com os SUV nas áreas do conforto e comportamento. A posição de condução é bastante alta, conferindo uma sensação de segurança que, no caso da D-Max, é totalmente justificada (foi a primeira pick-up a obter cinco estrelas nos testes EuroNCAP).

Sem carga, a traseira torna-se algo “saltitona” (fruto da suspensão pensada para suportar “cargas pesadas”) e a direção não conta com a rapidez nem com a precisão que encontramos nos SUV com construção monobloco. Contudo, em maus pisos, as rodas grandes e o chassis robusto asseguram que passamos pelos obstáculos como se estes nem lá estivessem, sendo capaz de conferir um bom nível de conforto.

Quando o asfalto acaba contamos com um dos modelos com melhores aptidões todo o terreno do mercado. Temos redutoras, bloqueio do diferencial traseiro e uma suspensão com um curso suficientemente grande que nos levam a sonhar com incursões pelo norte de África em busca das velhas pistas do Dakar.

Aliás, é no meio rural que a D-Max se sente “em casa”. Lá, as suas dimensões não parecem tão grandes e o seu nível de refinamento permite-nos percorrer largos quilómetros em estradões de terra com conforto e segurança. Nesses mesmos estradões, se não nos faltar o talento, a tração traseira permite-nos desfrutar de alguns momentos mais divertidos na abordagem a algumas curvas.

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Quanto ao motor, a Isuzu D-Max vem equipada com um 1.9 l Turbo Diesel com 164 cv e 360 Nm de binário: é um “poço de força”! Permite boas prestações e apenas desilude no campo do refinamento (se bem que a mim, um fã dos Diesel da Isuzu de outrora, agradou-me ouvi-lo a “roncar” debaixo do capô como antigamente).

A apoiar este motor encontramos uma caixa de velocidades automática de seis relações que se caracteriza pelo escalonamento longo. Algo lenta e indecisa na hora de reduzir, esta pode ser controlada de forma manual (a solução que acabamos por usar sempre que pretendemos “espremer” os 164 cv). O melhor é que este carácter “pacato” da caixa traduz-se em consumos bastante interessantes.

Quando levei a D-Max para as lezírias ribatejanas esta presenteou-me com médias de 7,5 l/100 km, sendo que em cidade as médias subiram para os 10 l/100 km, valores mais que aceitáveis num modelo com estas características.

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É o carro certo para si?

A Isuzu D-Max é a prova viva da evolução das pick-up nos últimos anos. Outrora veículos de trabalho, estes modelos oferecem hoje níveis de equipamento e qualidade que lhes permitem bater-se com os SUV sem grandes complexos, beneficiando ainda de um valor de IUC mais reduzido derivado do facto de serem veículos mistos de passageiros e mercadoria.

É verdade que a D-Max não apresenta no asfalto as qualidades dinâmicas de um SUV, contudo quando este acaba a proposta nipónica oferece-nos uma real capacidade de evasão, deixando para trás todos os SUV, inclusive os de tração integral. Tudo isto é feito a bordo de um habitáculo com materiais agradáveis, robusto e bem equipado.

Isuzu D-Max
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Posto isto, se procura um modelo robusto, versátil e com uma dotação interessante de equipamento a Isuzu D-Max pode muito bem ser a escolha ideal, fazendo conciliando trabalho e lazer de uma forma agradavelmente surpreendente. No fundo, a pick-up nipónica é como umas boas botas de cabedal, que tão depressa se adaptam às cavalariças como ao escritório de gestão de uma qualquer herdade.

Testámos a Isuzu D-Max. Pode uma pick-up ser “pau para toda a obra”?

Isuzu D-Max 4x4 Auto LSE

8/10

Robusta e extremamente versátil, a Isuzu D-Max relembra-nos que há mais no mercado além dos SUV. O que "perde" no asfalto ganha com juros fora dele, tornando-se a proposta ideal para quem quer um veículo com um estilo distinto e precisa de andar por maus caminhos. Ao contrário do que acontecia com as pick-up do passado, agora estes modelos não são sinónimo de um habitáculo espartano e a D-Max presenteia-nos com níveis de qualidade no interior e de equipamento capaz de fazer inveja a muitas propostas mais "burguesas".

Prós

  • Consumos
  • Aptidões todo o terreno
  • Robustez
  • Nível de equipanento

Contras

  • Sistema de infoentretenimento simplista
  • Caixa de velocidades algo lenta

Versão base:€46.065

IUC: €54

Classificação Euro NCAP: 5/5

€50.765

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1898 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira longitudinal
  • Carregamento: Injeção direta common rail + Admissão variável + Turbo de geometria variável + Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv. por cil. (16 válv.)
  • Potência: 164 cv às 3600 rpm
  • Binário: 360 Nm entre as 2000 e as 2500 rpm

  • Tracção: Integral inserível
  • Caixa de velocidades:  Automática de 6 velocidades com redutoras

  • Comprimento: 5264 mm
  • Largura: 1835 mm
  • Altura: 1790 mm
  • Distância entre os eixos: 3125 mm
  • Bagageira: Carga útil: 1070 kg; Comprimento da caixa de carga: 1495 mm
  • Jantes / Pneus: 265/60 R18
  • Peso: 2155 kg

  • Média de consumo: 9,2 l/100 km
  • Emissões CO2: 241 g/km
  • Velocidade máxima: 180 km/h
  • Aceleração máxima: >12,5s

    Tem:

    • Controlo de oscilação do reboque
    • Faróis de nevoeiro
    • Hill Assist e Hill Descend Control
    • Sensor de chuva e luz
    • Sensores de estacionamento (à frente)
    • Sistema Follow me Home
    • Sistema ADAS (inclui: Pre-Crash — Travão de colisão frontal + Travão automático de emergência + Speed Assist Sistem + Limitador de velocidade manual e inteligente + Reconhecimento de sinais de trânsito + Lane Support Sistem + Aviso de saida de faixa de rodagem + Correcção da direcção + Travagem automática pela ativação de airbags)
    • Deteção do ângulo morto
    • Bancos aquecidos
    • Bancos em pele
    • Tomadas de 12 volts frente / atrás com entrada USB
    • Retrovisores elétricos e aquecidos
    • Ecrã de 9''
    • Jantes de 18''

Pack V Cross (inclui: Barras de tejadilho pretas + Proteção de para-choques cinza e cavas das rodas pretas) — 1800 €
Bedliner — 400 €
Pack LSE (inclui: luzes diurnas em LED, faróis de nevoeiro em LED, sensores de estacionamento traseiros, aviso de saída de faixa e correção da direção com cruise control adaptativo, ar condicionado automático dual zone c/ ventilação traseira, câmara traseira, volante em pele, Tomadas de 12 V atrás com entrada USB, estribos laterais, faróis traseiros em LED, banco condutor com regulação elétrica 8 posições e ajuste em altura/passageiro 4 posições): 2500 €.

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