Notícias Renault Cacia: “Há um problema de falta de flexibilidade. Cada dia que paramos custa muito dinheiro”

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Renault Cacia: “Há um problema de falta de flexibilidade. Cada dia que paramos custa muito dinheiro”

Sentámo-nos à conversa com José Vicente de Los Mozos, Diretor Mundial para a Indústria do Grupo Renault e Diretor Geral do Grupo Renault em Portugal e Espanha, que falou sobre o futuro da Renault Cacia.

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“A fábrica de Cacia tem um problema de falta de flexibilidade. Cada dia que paramos custa muito dinheiro”. As declarações são de José Vicente de Los Mozos, Diretor Mundial para a Indústria do Grupo Renault e Diretor Geral do Grupo Renault em Portugal e Espanha.

Estivemos à conversa com o gestor espanhol na sequência do evento do 40.º aniversário da Renault Cacia e falámos sobre o futuro da fábrica da zona de Aveiro, que terá de passar obrigatoriamente, de acordo com o gestor espanhol, por um “aumento de flexibilidade e competitividade”.

“É muito simples. Quando não há nada para fabricar porque tenho de pagar para não vir? E quando depois há necessidade de trabalhar um sábado, eu não posso trocar uma quarta em que não tenho produção durante dois meses? Porque tenho de pagar duas vezes quando um país que está a fazer a mesma caixa de velocidades que tu só paga uma vez?”, contou-nos José Vicente de Los Mozos, que também alertou para o facto de “a crise de semicondutores continuar no futuro, em 2022” e de “os mercados serem cada vez mais voláteis”.

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“Hoje em dia esta fábrica tem um problema de falta de flexibilidade. Cada dia que paramos custa muito dinheiro. Esta manhã estive com o comité da empresa, com o comité de trabalhadores e com o diretor da fábrica e eles assumiram o compromisso de começar a falar. Eles viram a importância da flexibilidade. Porque se queremos proteger empregos, é muito importante ter essa flexibilidade. Eu peço a mesma flexibilidade que temos em Espanha, em França, na Turquia, na Roménia e em Marrocos”, acrescenta, lembrando que para “conservar empregos” no futuro é preciso haver uma adaptação aos mercados.

“Eu quero conservar o emprego. Mas se eu não tenho flexibilidade, as mudanças bruscas de atividade obrigam a ter de despedir gente. Mas se tivermos uma organização flexível, podemos evitar mandar gente embora”, contou-nos Los Mozos, antes de dar o exemplo de Espanha:

Na Espanha, por exemplo, já estão definidos 40 dias que se podem mudar. E isso permite que a empresa seja mais estável e gera no trabalhador mais vontade de trabalhar, porque ele sabe que amanhã terá menos riscos do que se não houvesse flexibilidade. E quando um trabalhador vê que o seu trabalho é mais estável, tem mais confiança na empresa e trabalha mais. Por isso é que preciso de flexibilidade.

José Vicente de Los Mozos, Diretor Mundial para a Indústria do Grupo Renault e Diretor Geral do Grupo Renault em Portugal e Espanha

Presidente da República na Renault Cacia (3)

Mão de obra portuguesa já não é determinante

Para o gestor espanhol, a mão de obra portuguesa não é diferente da dos restantes sítios onde a marca francesa tem unidades instaladas: “Quem pensa que na Europa estamos por cima de outros continentes está enganado. Eu viajo por quatro continentes e posso dizer que hoje em dia não há diferenças entre um turco, um português, um romeno, um francês, um espanhol, um brasileiro ou um coreano”.

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Por outro lado, prefere destacar a capacidade de adaptação da fábrica a novos projetos e lembra que esse é o grande trunfo desta fábrica portuguesa. Contudo, recorda que isso não pode representar um custo extra para o cliente, que não está necessariamente preocupado com o local onde os componentes do seu automóvel são produzidos.

José-Vicente de los Mozos

“A importância é que quando há um bom know-how técnico como há aqui, há capacidade de desenvolver novos projetos de uma forma mais competitiva. Essa é a mais valia que tem Cacia. Mas como já disse, aqui pagam duas vezes enquanto que nos outros países pagam uma. E isso representa um custo extra para o cliente. Acham que um cliente que vai comprar um carro quer saber se a caixa de velocidades foi feita em Portugal ou na Roménia?”, questionou-nos Los Mozos.

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"Se no mundo automóvel não se é competitivo e não melhorarmos isso no horizonte até 2035 ou 2040, poderemos ter risco no futuro."

José Vicente de Los Mozos, Diretor Mundial para a Indústria do Grupo Renault e Diretor Geral do Grupo Renault em Portugal e Espanha

O gestor espanhol recordou na mesma ocasião que a fábrica de Cacia foi capaz de se adaptar recentemente e passar a produzir de forma exclusiva a nova caixa de velocidades JT 4 (manual de seis relações), destinada aos motores a gasolina 1.0 (HR10) e 1.6 (HR16) presentes nos modelos Clio, Captur e Mégane da Renault e Sandero e Duster da Dacia.

JT 4, caixa de velocidades Renault
JT 4, a caixa de 6 velocidades manual, produzida exclusivamente na Renault Cacia.

O investimento nesta nova linha de montagem superou os 100 milhões de euros e a capacidade de produção anual vai rondar já este ano as 600 mil unidades.

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