Notícias Carlos Tavares antecipa problemas no fornecimento de baterias na indústria automóvel

Indústria

Carlos Tavares antecipa problemas no fornecimento de baterias na indústria automóvel

Carlos Tavares, o «patrão» da Stellantis, está preocupado com o futuro e questiona: "Quem está a olhar para o quadro completo desta transformação (energética)?".

Carlos Tavares

Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis, alerta que a indústria automóvel vai enfrentar problemas no fornecimento de baterias nos próximos anos, por volta de 2025 ou 2026, devido ao impulso da mobilidade elétrica.

O português, que participou esta terça-feira no Financial Times Future of the Car Summit 2022, afirmou ainda que “se não houver escassez de baterias haverá uma dependência significativa do mundo ocidental em relação à Ásia. Isso é algo que podemos facilmente antecipar”, sublinhou.

A velocidade a que toda a indústria está a desenvolver a capacidade de produção de baterias “está possivelmente no limite para poder suportar os mercados em rápida transição onde estamos a operar”, adiantou Tavares.

A NÃO PERDER: Carlos Tavares: “A revolução deveria ter começado pela energia e não pelo veículo”
Carlos Tavares

O «patrão» da Stellantis expressou ainda a sua preocupação face à escassez de matérias-primas e alertou para o facto de isso poder vir a colocar desafios estruturais nos próximos anos.

Matérias-primas vão ser problema

Tavares explicou que os carros elétricos são à volta de 500 kg mais pesados que um modelo equivalente com um motor de combustão interna tradicional e foi peremptório: “Isso significa muita extração de matérias-primas, o que significa eventualmente (a sua) escassez, o que pode significar riscos geopolíticos”.

O português que lidera os rumos da Stellantis foi mais longe e disse mesmo que “podemos vir a não gostar da maneira como essas matérias-primas serão obtidas dentro de alguns anos”.

Carlos Tavares Maserati GranTurismo Folgore 10

Tavares aponta o dedo aos reguladores

Já não é a primeira vez que Carlos Tavares aponta o dedo aos reguladores, dizendo que as implicações a longo prazo da transição para uma mobilidade elétrica estão a ser ignoradas.

Recorde-se que há cerca de quatro meses, numa entrevista dada aos jornais Les Echos, Handelsblatt, Corriere della Sera e El Mundo, o executivo português afirmou que “a eletrificação é uma tecnologia escolhida pelos políticos e não pela indústria”, defendendo que há formas mais rápidas e económicas de alcançar a desejada redução de emissões.

Agora, e com o olhar crítico a que já nos tem habituado, terminou a sua intervenção na conferência Financial Times Future of the Car 2022 a questionar: “O que vem a seguir? Onde está a energia limpa? Onde está a infraestrutura de carregamento? Onde estão as matérias-primas? Onde estão os riscos geopolíticos do fornecimento dessas matérias-primas? Quem está a olhar para o quadro completo desta transformação?”.

Fonte: Financial Times