Notícias Novo Renault 5 Turbo vai mesmo acontecer e supera os 500 cv

Apresentação

Novo Renault 5 Turbo vai mesmo acontecer e supera os 500 cv

O Renault 5 Turbo regressa como um «monstro» elétrico com mais de 500 cv e tração traseira: fique a conhecer o R5 Turbo 3E. Só chega em 2026, mas já o fomos conhecer a Paris.

R5 Turbo 3e, frente 3/4
© Renault

Se o objetivo era impressionar, a Renault consegui-o com este R5 Turbo 3E. O aspeto super-musculado e o esquema de cores evocativo remetem-nos imediatamente para o Renault 5 Turbo, o «monstro» dos ralis dos anos 80.

Será a versão mais radical do Renault 5 E-Tech 100% elétrico, um modelo que faz uma vénia ao passado, e não é apenas «mais um» protótipo: o R5 Turbo 3E vai mesmo ser produzido.

As linhas futuristas retomam os traços do concept car mostrado pela marca francesa no Salão de Paris, há dois anos — veja ou reveja o nosso vídeo com esse protótipo —, mas agora baseia-se no novo Renault 5.

Destacam-se os alargamentos e o aparato aerodinâmico: repare no enorme difusor traseiro e claro, uma secção lateral traseira muito larga. São cerca de dois metros (!). O comprimento fica nos quatro metros e a altura em 1,4 m.

Oficialmente, apenas está confirmado que a potência total será superior a 400 kW (544 cv) e, tal como os antecessores a combustão, a tração será traseira, cortesia dos dois motores elétricos (um por cada roda traseira). A aceleração dos 0 aos 100 km/h ficará cumprida em menos de 3,5s.

Sobre a bateria, pouco se sabe, mas as nossas fontes, protegidas por anonimato, referem que a autonomia deverá rondar os 400 km, o que implicará o recurso a uma bateria com uma capacidade entre os 80 kWh e os 100 kWh.

Por outro lado, uma tão grande e pesada bateria irá empurrar o peso total para não muito longe dos 1500 kg (um pouco menos), mesmo com algumas partes da estrutura em fibra de carbono, bacquets ultraligeiras e apenas dois lugares.

Evocar o passado

O R5 Turbo 3E estará disponível com três decorações exteriores: a que vê nas imagens (em amarelo, branco e preto), que fez furor no Campeonato do Mundo de Ralis nos anos 80; uma em azul com interior vermelho-romã e a versão invertida desta última, em vermelho-romã e com interiores em azul. Nestes últimos dois casos, inspiradas nas cores do primeiro R5 Turbo a ser fabricado, em 1980.

O interior ainda não foi divulgado, mas sabe-se que, além dos dois assentos mais desportivos, iguais aos do Alpine A110 R, e da estrutura tubular destinada a proteger o habitáculo em caso de acidente, vão existir elementos comuns ao tabliê do novo R5.

Em opção, a Renault propõe uma enorme alavanca de travão manual, para ajudar nas longas atravessadelas controladas que as centenas de Nm elétricos instantâneos diretamente aplicados nas rodas traseiras podem proporcionar.

© Alpine O habitáculo do Renault 5 Turbo 3E ainda não foi revelado, mas já se sabe que terá os mesmos assentos do Alpine A110R, tal como os desta imagem.

Em relação ao sistema elétrico também ainda não existem grandes detalhes. Mas, tendo em conta que se trata de um carro-halo da tecnologia de propulsão elétrica da marca francesa, é muito provável que o Renault 5 Turbo 3E já inclua uma arquitetura de 800 V para acelerar os processos de carregamento.

Desta forma, estes poderão chegar aos 350 kW em corrente contínua (DC), ou a uns expetáveis 11 kW em corrente alternada (AC).

Edição (mesmo) muito especial

Quer tudo isto dizer que este será um muito especial desportivo de coleção, do qual serão produzidas apenas 980 unidades, numa referência à data de lançamento do Renault 5 original, em março de 1980.

O preço previsto deverá ficar acima dos 100 mil euros, quatro a cinco vezes mais do que os novos Renault 5 elétricos que estão a chegar ao mercado.

Recorde-se que, há quase meio século, a Renault colocou o R5 Turbo à venda por 115 000 francos franceses (equivalentes a 17 500 euros em conversão direta para a moeda europeia atual), quando o R5 mais acessível não custava mais de 5300 euros. Outros tempos.

© Renault Porquê Turbo 3E? O “1” e o “2” foram as gerações lançadas nos anos 80 e o “E” diz respeito à propulsão elétrica.

Em paralelo com a revelação do R5 Turbo 3E hoje efetuada, a 13 de dezembro, a Renault também estreia uma nova série documental no Prime Video com o nome “Anatomia de um regresso”.

Através desta, temos acesso a uma viagem desde o quase colapso da marca no início da presente década até aos dias de hoje, com uma gama de modelos mais consistente, um plano de futuro bem definido e resultados financeiros muito mais favoráveis.

Praticamente no final do último dos episódios desta série — que são quatro, de 40 minutos cada, filmados ao longo de dois anos — é deixado aquilo a que os ingleses chamam um Easter Egg, ou “ovo de Páscoa”.

Ou seja, uma surpresa discretamente revelada num plano secundário: precisamente um R5 Turbo 3E que é “apanhado” pelas câmaras durante a visita do presidente da Renault, Luca De Meo, ao centro de estilo da marca francesa.

Uma estrela do Mundial de Ralis

A primeira vez que o mundo viu o R5 Turbo foi ainda como um protótipo, no salão de Paris de 1978. Mas este projeto veio mesmo a dar origem, em 1980, ao primeiro automóvel de produção em massa de uma marca francesa com um motor turbo a gasolina.

No lugar da segunda fila de bancos, estava um motor de quatro cilindros em linha, em posição central traseira e longitudinal, com 1,4 l, turbo, 160 cv, caixa manual de cinco velocidades e tração traseira. Pesava apenas 970 kg e era capaz de alcançar os 200 km/h de velocidade máxima. Dois anos depois, era apresentado o R5 Turbo 2.

Logo em 1980, o carro estreava-se no Grupo 4, na Volta à França, pelas mãos do talentoso piloto francês Jean Ragnotti, que, no ano seguinte, alcançava a primeira vitória no Rali de Montecarlo. Tanto o carro como a disciplina foram evoluindo (sempre na direção de mais potência e performance). Em 1983 era criado o Grupo B, com carros com mais de 500 cv, com construção em kevlar e tração às quatro rodas.

O Grupo B revelou-se explosivo: uma série de acidentes fatais, como o de Bettega, Toivonen, ou o do Rali de Portugal de 1986 (onde morreram dois espetadores e mais três dezenas acabaram no hospital), levaram à extinção desta classe de carros de ralis no final desse ano.

Nesse mesmo Rali de Portugal, o R5 Turbo conseguiu uma vitória na classificação geral (com Joaquim Moutinho ao volante), ainda que manchada pela morte dos espetadores e só possibilitada pelo subsequente abandono das equipas de fábrica.

No final da sua carreira desportiva — que também incluiu provas de velocidade entre 1981 e 1984, no troféu monomarca Elf European Cup —, o Renault 5 Turbo venceu quase meia centena de competições, com destaque para o Rali de Montecarlo em 1981 e a Volta à Córsega em 1982.

A sua evolução mais potente foi o R5 Maxi de 1985, com uma pintura e decoração exterior muito próxima da que vemos neste R5 Turbo 3E. O motor tinha a cilindrada aumentada até aos 1526 cm3, possibilitando um rendimento de 350 cv — num carro que pesava apenas 950 kg.

Sabe esta resposta?
Para que campeonato americano foi criada uma edição muito especial do Renault 5?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Será que foi neste Renault 5 Turbo que o novo 5 Prototype se inspirou?