Autopédia Os carregamentos rápidos degradam a bateria de um elétrico. Porquê?

Baterias

Os carregamentos rápidos degradam a bateria de um elétrico. Porquê?

O motivo é simples, mas as consequências são nefastas. Saiba porque deve evitar os carregamentos rápidos a bem da saúde do seu carro elétrico.

degradação de baterias
© Volkswagen Group

As aulas de físico-química já são uma memória distante, mas se está preocupado com a degradação das baterias do seu carro elétrico — ou até mesmo do seu smartphone —, tem motivos para isso. O último episódio do Auto Rádio, um podcast da Razão Automóvel, é uma ajuda nesse sentido.

Entrevistámos a Dra. Helena Braga, umas das mais proeminentes investigadoras mundiais no campo das baterias, e o tema da degradação das baterias foi um dos tópicos. Porque é que isso acontece?

Não precisa de ir buscar os livros de físico-química ao sótão. Durante cerca de uma hora, a Dra. Helena Braga, investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, deu-nos resposta a essas e a outras questões:

Dendrites e a degradação das baterias

Neste podcast, gravado a partir da CUPRA City Garage Lisboa, ficámos a saber que o «inimigo n.º 1» das baterias de iões de lítio usadas nos carros elétricos são as dendrites. Afinal, o que são dendrites e porque são tão nefastas?

“Dendrites são estruturas de metal de lítio que podem ser comparadas com fetos (planta), que têm uns raminhos afiados, sendo que cada um desses ramos repete o formato da planta principal.” explicou-nos a Dra. Helena Braga.

Este fenómeno acontece quando o carregamento é demasiado rápido: “não dá tempo para o lítio se difundir facilmente para onde precisa, ficando «à porta»”, originando depósitos desorganizados.

“O resultado deste fenómeno é aquilo que nós em química chamamos de reação espúria, ou seja, um efeito secundário não desejado.”

Helena Braga, investigadora da FEUP

Estes depósitos de lítio não desejados, que formam as tais dendrites afiadas, à medida que o carregamento rápido continua, podem crescer ainda mais.

As consequências a longo prazo podem ser duas: a perda de capacidade de armazenamento da bateria ou, nos casos mais severos, potencialmente perfurar o separador entre os elétrodos causando um curto-circuito.

© THOMAS V. ESVELD / RAZÃO AUTOMÓVEL Este episódio especial Auto Rádio foi gravado no CUPRA City Garage Lisboa, tendo como convidada a Dra. Helena Braga.

Em resumo, os carregamentos rápidos frequentes, devido à formação destas estruturas, podem comprometer a eficiência e a segurança da bateria, levando a uma vida útil mais curta e a um maior risco de falhas.

Por enquanto, os automóveis modernos têm sistemas de gestão da carga das baterias que permitem salvaguardar os efeitos mais nefastos, no entanto, quanto menores forem os carregamentos rápidos, potencialmente maior será a durabilidade das baterias.

É por isso que a bem da saúde da bateria, os carregamentos rápidos não devem ser a regra durante o ciclo de vida do seu carro elétrico. Agora já sabe: mantenha-se afastado das dendrites.

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