Autopédia É assim que funciona o motor da Porsche a seis tempos

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É assim que funciona o motor da Porsche a seis tempos

Depois de conhecida a patente, há agora um vídeo que nos ajuda e muito a perceber como funciona o motor a seis tempos da Porsche.

Motor Porsche
© Razão Automóvel

A Porsche surpreendeu meio-mundo recentemente ao registar uma patente para um motor de combustão a seis tempos, que promete maior performance, mas sem acréscimo de emissões.

Para aqueles que estão familiarizados minimamente com os motores de combustão, sabem que todos os que encontramos nos veículos de hoje têm um ciclo de combustão a quatro tempos: admissão, compressão, expansão e escape.

Na fase de admissão dá-se a entrada da mistura de ar-combustível na câmara de combustão. Na fase da compressão essa mistura é comprimida para retirar o melhor rendimento da terceira fase: a expansão, que resulta da ignição e consequente combustão da mistura ar-combustível. É nesta fase que o motor desenvolve o impulso (trabalho) que o mantém em funcionamento.

Finalmente, temos a fase de escape, onde os gases são expelidos da câmara de combustão para dar entrada a mais ar e combustível e à repetição deste ciclo milhares de vezes por minuto.

O que o motor a seis tempos da Porsche faz é adicionar duas novas fases de compressão e expansão, antes da fase de escape. Logo, o ciclo de combustão a seis tempos patenteado pela Porsche é definido da seguinte forma: admissão, compressão, expansão, compressão, expansão e escape.

Afinal, como funciona?

Olhando para as figuras do registo de patentes (imagens acima) conseguimos perceber, desde logo, algumas diferenças para um motor típico a quatro tempos. A biela, por exemplo, deixa de estar ligada diretamente à cambota, passando a estar ligada a uma engrenagem planetária.

Só que esta engrenagem planetária inclui um elemento descentrado que, quando em movimento, torna-se difícil visualizar devido à geometria complexa desse mesmo movimento. É precisamente esse movimento que permite que sejam adicionados dois tempos ao ciclo de combustão.

Felizmente, o canal de YouTube driving 4 answers publicou um vídeo que ajuda-nos a visualizar o movimento de todas as partes e esclarece-nos, detalhadamente, o funcionamento do motor a seis tempos da Porsche. O vídeo está em inglês, assim como as legendas:

Além de ficar muito mais claro como é que funciona o motor a seis tempos da Porsche, o autor do vídeo sintetiza as vantagens desta solução, assim como as desvantagens — as vantagens, de acordo com o autor, superiorizam-se às desvantagens.

Por enquanto, não se sabe se a Porsche vai passar este motor a seis tempos da teoria à prática. O que sabemos é que a Porsche continua a alocar recursos para a evolução do motor de combustão interna, quando já tantos vaticinaram o seu óbito. Não é a única: a Toyota já revelou a sua próxima geração de motores a combustão e estão a poucos anos de chegar ao mercado.

Isto acontece numa altura em que, pelo menos na União Europeia, já foi decidido o fim dos motores de combustão interna em 2035. Mas com uma honrosa exceção: poderão continuar a ser vendidos automóveis novos com motores de combustão que usem, obrigatoriamente, combustíveis neutros em carbono (por exemplo, os sintéticos).

Esta excepção poderá dar à Porsche o incentivo para avançar com o desenvolvimento deste novo motor. E sabemos qual seria o lugar mais apropriado para o encontrar pós-2035: atrás do eixo traseiro de um 911.