Autopédia Porque é que os incêndios em carros elétricos são mais perigosos?

Incêndios

Porque é que os incêndios em carros elétricos são mais perigosos?

Fique a saber porque é que um carro elétrico a arder é mais perigoso e difícil de controlar que um carro a combustão.

Incêndio carro elétrico
Imagem gerada por IA

Depois de desmistificados os rumores de que os carros elétricos têm uma maior probabilidade de se incendiar que os carros com motores de combustão interna surgiu outra questão: Porque é que os incêndios nos carros elétricos são mais perigosos?

A resposta é simples. A diferença está essencialmente no material e na fonte de energia que alimenta estes veículos. Ou seja, os módulos da bateria.

Nos automóveis com motores de combustão, o incêndio é alimentado pelo combustível. Já nos elétricos, o foco do problema centra-se nas baterias de iões de lítio.

Nissan baterias estado sólido 6
© Nissan As baterias de estado sólido podem ser uma alternativa às baterias de iões de lítio.

Principais diferenças

Noutras palavras, enquanto um incêndio num automóvel com motor de combustão é relativamente previsível e pode ser apagado com água, num automóvel elétrico este é bem mais difícil de controlar. A causa está, mais uma vez, nas falhas térmicas ou sobrecargas das baterias de iões de lítio, cujo conteúdo é altamente reativo e inflamável.

Como nos explica Mário Ferreira, subchefe principal do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, no EP. 45 do Auto Rádio: “estamos a falar de uma tecnologia recente, relativamente nova, em que já não temos as típicas baterias de chumbo e passamos a ter baterias que trabalham com metais reativos, neste caso o lítio. Este é um metal que reage em contacto com o ar, em contacto com a água, e que tem reações violentas.”

“O veículo elétrico em si é igual a qualquer outro carro, continua a ter os plásticos, as esponjas, os bancos, etc. A única diferença está mesmo na bateria, e para combater a reação que acontece na bateria temos de utilizar extintores específicos.”

Mário Ferreira, subchefe principal do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa

O que é que isto significa?

Basicamente, quando existem falhas — sobrecargas, curto-circuitos ou danos físicos —, as baterias de iões de lítio podem libertar uma grande quantidade de calor rapidamente, o que pode resultar em incêndios em cadeia mais difíceis de controlar.

Para além disto, em contacto com outros materiais, o conteúdo dos módulos da bateria pode produzir gases inflamáveis e tóxicos, como é o caso do hidrogénio e do monóxido de carbono.

Mesmo depois de extinto, é necessário uma verificação mais minuciosa, uma vez o fogo ainda pode reacender. O calor residual pode reativar reações químicas e criar novos focos de incêndio.

Por último, surge a questão: se o lítio reage à água, como se apaga então um incêndio? Apesar de ser um fogo mais difícil de controlar, continuam a existir opções.

Como explica Mário Ferreira: “para combater a reação nas baterias, temos de utilizar um extintor de classe D para metais”, como é o caso de extintores com pó de cloreto de sódio ou areia, entre outros.

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