Autopédia Motor Diesel convertido a gasolina para fugir aos filtros de partículas

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Motor Diesel convertido a gasolina para fugir aos filtros de partículas

Com mais de 100 anos de história nos motores Diesel, a Cummins acaba de lançar o seu primeiro motor convertido para gasolina, o B6.7 Octane.

CUMMINS motor a gasolina
© Cummins

A vida dos motores Diesel está cada vez mais difícil. Na Europa não tem sido fácil, fruto das regulamentações cada vez mais apertadas, e nos EUA o cenário é igualmente difícil. Para contornar estas dificuldades, até a Cummins, mundialmente conhecida pelos seus motores Diesel, está a trabalhar em alternativas.

Uma dessas alternativas é a conversão de motores de ciclo Diesel em motores a gasolina (ciclo Otto). Foi precisamente isso que a Cummins fez: transformou um dos seus motores Diesel para funcionar com gasolina.

Ao optar por um motor a gasolina, a marca elimina a necessidade de sistemas complexos e dispendiosos de controlo de emissões, como o filtro de partículas (DPF) ou os sistema SCR (Selective Catalytic Reduction), que implicam a utilização de AdBlue.

Partindo da plataforma do motor Diesel B6.7, de seis cilindros em linha, a Cummins desenvolveu um novo motor a gasolina capaz de atingir até 300 cavalos de potência. Um valor interessante, mas que não é o mais relevante num motor para veículos pesados.

Neste veículos, o valor mais importante é o binário máximo, que deve ser debitado o mais cedo possível — entenda-se, a baixas rotações. Pois bem, este motor a gasolina consegue 895 Nm de binário máximo num regime comparável às motorizações Diesel equivalentes.

Motores Diesel nas linhas tracejadas e motores gasolina nas linhas contínuas.

Como podemos ver no gráfico, os motores Diesel continuam a ser os «reis do binário» a baixas rotações, mas a diferença face aos novos motores a gasolina tem vindo a reduzir-se significativamente.

Esta aproximação deve-se em grande parte à evolução tecnológica nos sistemas de turbocompressão, agora capazes de suportar as temperaturas mais elevadas dos gases de escape dos motores a gasolina, graças à utilização de materiais mais avançados e resistentes.

Porsche 911 turbo geração 997 lateral
Um pouco de história? Enquanto os motores Diesel já utilizavam turbos de geometria variável de forma generalizada desde o final dos anos 90, a implementação desta tecnologia em motores a gasolina de produção só aconteceu mais tarde, pela primeira vez com o Porsche 911 Turbo (997) em 2006.

Este novo motor B6.7 Octane foi projetado para funcionar com gasolina normal (87 octanas nos EUA, aproximadamente equivalente à gasolina 95 na Europa), o que simplifica a logística das empresas e reduz os custos operacionais. Além disso, já cumpre antecipadamente as normas americanas CARB e EPA — equivalentes à Euro 7 na União Europeia —, que vão entrar em vigor em 2027.

Inicialmente destinado a camiões comerciais médios, ainda não está confirmado se este motor B6.7 Octane será disponibilizado noutras aplicações ou tipos de veículos, mas abre caminho para futuras conversões semelhantes, privilegiando a simplicidade e economia no controlo de emissões.