Motor a gasolina com consumos de Diesel. Este é o novo M 252 da Mercedes

Não se fala de outra coisa que não de elétricos e, por isso, talvez surpreenda a Mercedes-Benz estar a preparar-se para introduzir um motor totalmente novo a combustão nesta «fase do campeonato», o M 252.

A justificação para esta decisão é fácil. O próprio construtor reconhece que a eletrificação não vai acontecer à mesma velocidade em todo o lado: “os desejos e necessidades de mobilidade dos clientes em diferentes regiões do mundo determinam o passo desta transformação”.

Nova família modular

Fica arrumada a questão da razão de ser do M 252 e, pelo que a Mercedes-Benz deixa entender, não será o único. O novo motor pertence a uma nova família de motores modulares, com o curioso acrónimo FAME (Family of Modular Engines).

Esta família foi desenvolvida pela Mercedes-Benz, mas também contou com o envolvimento da Horse. Sim, essa mesma. É a joint venture entre a chinesa Geely e o Grupo Renault para o desenvolvimento e produção de motorizações a combustão e híbridas, e será esta empresa a responsável pela produção do novo motor, na China.

Fazendo parte de uma nova famílias, há uma série de características que serão comuns a todos os seus membros. A começar pelo bloco em alumínio com tecnologia NANOSLIDE (garante um acabamento com menos atrito na parede dos cilindros), passando pela cabeça do motor com um coletor parcialmente integrado.

Destaque ainda para a conduta de admissão compacta e um sistema de escape colocado próximo do motor no que a Mercedes chama one-box design (design de caixa única).

O turbocompressor será também comum a todos, aqui com uma nova tecnologia de turbina segmentada com conexão de scroll comutável. Sem entrar em detalhes — daria para outro artigo —, o objetivo desta tecnologia é o de melhorar a resposta do motor a baixos regimes e melhorar a eficiência, reduzindo consumos e emissões.

Como seria de esperar, a eficiência determinou muitas das decisões sobre esta família de motorizações FAME. Além disso, vai estar em conformidade com as futuras normas de emissões (Euro 7, por exemplo).

M 252 em detalhe

No caso do M 252, a eficiência deste bloco de quatro cilindros em linha com 1496 cm³, também é observada pelo seu funcionamento de acordo com o ciclo Miller, um ciclo de combustão mais eficiente que o tradicional Otto, do qual deriva.

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Para simplificar, é o equivalente ao ciclo Atkinson que estamos acostumados a ver em tantas motorizações híbridas, mas que surge aqui associado à sobrealimentação (neste caso, um turbocompressor).

O ciclo Miller permite reduzir o consumo de combustível, especialmente em cargas parciais, que é o estilo de condução mais comum no dia a dia. Neste caso, as válvulas de admissão fecham mais cedo do que fechariam no ciclo Otto, reduzindo as perdas por estrangulamento e permitindo que o M 252 apresente uma taxa de compressão de 12:1. É um valor bastante elevado para um motor sobrealimentado e é também sinónimo de maior eficiência.

Além do ciclo Miller, o M 252 será também um híbrido ligeiro — mild-hybrid. Isto significa que associado ao motor de combustão estará um sistema elétrico de 48 V composto por um motor elétrico integrado numa nova caixa de dupla embraiagem de oito velocidades (8F-eDCT) — a única disponível —; e uma bateria (iões de lítio) de 48 V com 1,3 kWh de capacidade.

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Esta nova geração de sistemas mild-hybrid garantem um uso mais amplo, potenciando a redução dos consumos, especialmente nos cenários de baixa velocidade, como em condução urbana. A Mercedes-Benz indica que numa condução a velocidade constante, o motor elétrico de 20 kW (27 cv) assumirá o controlo, eliminando as ineficiências de operação do motor de combustão.

Será também possível andar à vela ou em roda livre até velocidades em torno dos 100 km/h e esta motorização mild-hybrid conta com recuperação de energia em desaceleração ou travagem. A Mercedes-Benz diz que poderá recuperar até 25 kW de energia, independentemente da relação da caixa.

Consumos de Diesel

A eficiência acrescida deste novo motor a gasolina, em conjugação com a máquina elétrica é o que vai permitir consumos baixos, ao nível de um motor Diesel, segundo Karsten Krebs, que liderou o desenvolvimento desta unidade (fonte: Autocar). Vamos ter de esperar para confirmar essa alegação: não há números oficiais de consumos e um teste em condições reais ainda está mais longe no tempo.

Aquilo que sabemos é que, quando o M 252 chegar ao mercado, começará por ser oferecido em três níveis de potência: 100 kW (136 cv), 120 kW (163 cv) e 140 kW (190 cv). A Mercedes não nega a possibilidade de existirem mais variantes no futuro.

Estes números de potência podem crescer temporariamente — durante 20 segundos às 3000 rpm — em caso de necessidade, graças aos 20 kW (27 cv) do motor elétrico.

Refinado

Por fim, mas não menos importante, o construtor alemão destaca o refinamento (NVH ou Noise, Vibration e Harshness) do novo M 252.

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O facto de ter quatro cilindros e não três, como alguma concorrência (BMW, por exemplo), dá-lhe uma vantagem inicial. Mas a Mercedes reforça o argumento com a adição de várias espumas e tampas para reduzir o ruído.

Além disso, trouxe dos seus modelos de segmentos superiores a mesma solução de antepara dupla para melhor isolar o habitáculo do compartimento do motor. A insonorização da antepara, para mais, foi estendida para a área lateral do pilar A e chão.

Quando chega?

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Fernando Gomes

Entrou no universo dos automóveis através do design, hoje expressa a sua paixão pelo automóvel na escrita.

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