Autopédia Porque é que as pistas de Drag Racing têm 1/4 de milha?

Drag Racing

Porque é que as pistas de Drag Racing têm 1/4 de milha?

Mais que saber a resposta, damos a conhecer os primórdios do Drag Racing, que começou de forma ilegal e (praticamente) livre de quaisquer regras.

Dodge Demon parado na drag atrip ,traseira
© Dodge

Podíamos responder de imediato à questão “Porque é que as pistas de Drag Racing têm 1/4 de milha?” No entanto, não o vamos fazer porque isso não seria tão interessante como contar a história completa.

Temos de recuar à década de 30, altura em que as planícies do lago de Bonneville, um enorme deserto de sal, no estado do Utah (EUA), eram a «Meca» dos amantes da velocidade.

Aqui eram praticadas corridas de velocidade, que ganharam uma importância tão grande que cedo se sentiu a necessidade de organizar os eventos de forma profissional. Assim, foi criada a SCTA — Southern California Timing Association —, que ficou como a entidade responsável por organizar essas corridas.

Entre os membros da direção desta associação estava o jovem Wally Parks, responsável pela fundação do Road Runners Club em 1937. Este clube era, acima de tudo, um grupo de amigos que se justavam para disputar provas de arranques, lado a lado — característica que, mais tarde, viria a definir o Drag Racing. Porém, voltaremos a Wally Parks mais à frente…

O Drag Racing e o pós-guerra

Para muitos pode soar como surpresa, mas a realidade é que um dos muitos impactos que a II Guerra Mundial (1939-1945) teve foi na cultura de Drag Racing. Passamos a explicar…

Quando os soldados americanos regressaram da guerra, para muitos não foi fácil regressar à rotina. A paz e o crescimento económico do pós-guerra era tudo quanto ambicionavam, mas faltava algo… faltava a adrenalina.

Graças ao crescimento económico galopante vivido nessa época, todos queriam carros novos. Todos, excepto os jovens… muitos deles ex-soldados. Veículos baratos — sobretudo dos anos 30 —, a somar aos conhecimentos mecânicos que muitos jovens tinha adquirido nas forças militares, foram a «tempestade» perfeita para a proliferação de carros modificados: os Hot Rods.

A cultura Hot Rod conheceria no final dos anos 40 e na década seguinte a sua época dourada. Rapidamente trespassou as fronteiras de lago de Bonneville e chegou a todos os EUA. Já não se tratava apenas da preparação dos carros. Era mais do que isso. Era um modo de vida, uma afirmação pessoal.

As corridas ilegais começaram a ser frequentes. Umas vezes de forma organizada, outras vezes de forma espontânea… Mas também haviam corridas organizadas em aeródromos. Aeródromos, arranques… Isto soa familiar, não soa?

Dra Racing entre Dodge vs TOyota Supra do primeiro filme Velocidade Furiosa
© Velozes e Furiosos Talvez o tributo mais famoso às origens do Drag Racing. Dispensa apresentações…

Mas porquê 1/4 milha?

Como vimos, as corridas de Drag Racing nasceram de forma ilegal, à revelia de quaisquer regras. É aqui que abandonamos os factos e começamos com as suposições.

Segundo consta, naquela época a distância média de um quarteirão nos EUA era de 201 metros (1/8 de milha). Como a maioria dos semáforos costumavam ser separados por dois quarteirões, as corridas acabavam sendo disputadas numa distância de 1/4 de milha (402,34 m). Faz sentido, não faz?

Mas há outros motivos. O facto da distância ser relativamente curta favorecia outros fatores importantes para a popularidade desta atividade «fora da lei»:

  • Competitividade: Se a distância fosse maior, ganharia sempre o carro mais potente. Assim era premiado o talento do condutor.
  • Espetáculo: Os 400 metros permitem a quem assiste ver o início e o fim da corrida.

A profissionalização do Drag Racing

Agora que já sabemos de onde vem o 1/4 de milha, mais um pouco de contexto não faz mal a ninguém. Ainda se lembram do jovem Wally Parks de que vos falámos há pouco? Tal como Rui Veloso é considerado o «Pai do Rock Português», este é considerado o «Pai do Drag Racing».

Wally Parks
© NHRA Wally Parks.

Em 1950, Parks esteve envolvido na construção de uma das primeiras pistas para provas de arranque, a drag strip de Santa Ana.

No ano seguinte (1951), aproveitando a visibilidade que a revista Hot Rod lhe dava — da qual era editor —, Parks criou a National Hot Rod Association (NHRA), estabelecendo os primeiros regulamentos técnicos para as provas de Drag Racing. Um passo que foi dado com o apoio total das autoridades governamentais, uma vez que era a única forma de tirar as corridas da rua.

“Para mim o Drag Racing é a combinação de muitos fatores. Hobby, diversão, negócios à séria, engenharia, desafio e superação.”

Wally Parks, Fundador da NHRA

Das corridas de arranques ilegais, o Drag Racing herdou quase tudo: os tais 400 metros (ainda que sejam disputadas corridas noutras distâncias) e o arranque parado. Preservou-se a tradicional quarter mile (quarto de milha) pelas razões que apontámos anteriormente e também por questões económicas.

“Distâncias maiores resultam em velocidades superiores e em distâncias de travagem mais longas, logo… mais alcatrão e mais custos.”

Wally Parks, Fundador da NHRA

Wally Parks morreu em 2007, teve uma vida longa e sempre ligada aos automóveis. Além de «Pai do Drag Racing» foi também um dos fundadores da revista Road & Track, que ainda hoje se mantém em publicação.

Questionado numa entrevista sobre aquilo que o motivou a desenvolver esta modalidade, a sua resposta foi clara e apaixonante:

Simplesmente não queria crescer.

Wally Parks, Fundador da NHRA

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