Autopédia Porque é que os carros de tração traseira são melhores desportivos?

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Porque é que os carros de tração traseira são melhores desportivos?

A nossa amada tração traseira explicada de forma simples, ao ritmo de uma conversa de amigos. Puxem uma cadeira e juntem-se a nós.

Quatro horas da tarde, conversa descontraída na Pastelaria do Marquês em Porto Côvo (Costa Vicentina). Assunto? Carros como é óbvio.

Toda esta ladainha para introduzir um novo capítulo na nossa Autopédia: Porque é que os carros de tração traseira são os melhores desportivos que os de tração dianteira? 

O porquê já sabemos(!) fundamentar esta afirmação é que nem sempre é fácil. Foi isso que fizemos durante essa tarde. Fundamentar, fundamentar muito… O resulta está plasmado nestas linhas.

VÊ TAMBÉM: Melhor conversão de sempre? Bugatti Veyron apenas com tração traseira

 Há coisa melhor do que conduzir um bom carro de tração traseira? Dificilmente…

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© Razão Automóvel

O principal beneficio da tração traseira é o de desconcentrar da dianteira as forças de stress que atuam sobre os pneus —  leia-se forças de tração e forças direccionais. Nos carros de tração traseira as rodas traseiras são responsáveis pela força de tração, enquanto que as rodas dianteiras lidam somente com as forças de direção.

Nos carros de tração dianteira já não é assim. Os pneus dianteiros têm de lidar com estas duas forças, e por isso mais facilmente é excedida a capacidade de aderência. Enquanto isso os pneus traseiros quase que tiram “férias”.

Nos carros de tração traseira este esforço é divido pelos dois eixos. Os pneus da frente lidam apenas com as forças direcionais enquanto que os pneus traseiros lidam unicamente com a tração do carro. Este factor faz com que se consiga fazer uso pleno da capacidade de aderência de ambos os eixos, o que se traduz em velocidades de curva superiores. Este é o principal motivo. Os outros são secundários mas não deixam de ser válidos.

Melhor distribuição de pesos:

A maioria dos carros de tração traseira tem o motor na dianteira e os componentes da transmissão na traseira — um bom exemplo é o Lexus LFA que tem a caixa de velocidades no eixo traseiro —, enquanto os carros de tração dianteira têm tudo à frente. Ao ter os componentes distribuídos pelos dois eixos o comportamento do carro torna-se mais previsível e neutro devido ao seu menor momento de inércia.

Melhor aceleração:

Em quase todas as situações a capacidade de aceleração de um carro de tração traseira em arranque é superior à de um carro de tração dianteira. Isto sucede porque ao arrancar há uma transferência de peso para a traseira, que se traduz num aumento da pressão sobre a borracha e que aumenta a sua capacidade de tração. Nos carros de tração dianteira o mesmo fenómeno tem o efeito contrário fazendo com que os pneus patinem.

Maior capacidade de travagem:

Por causa da melhor distribuição de pesos a perda de balanço entre a dianteira e a traseira em situação de travagem de emergência é menor, logo o esforço entre os pneus da frente e de trás é mais equilibrado.

Maior capacidade para curvar rápido:

Não querendo tornar-me repetitivo, uma transferência de peso equitativa entre os eixos faz com que o carro tenha um comportamento mais neutro devido ao seu menor momento de inércia, o que o torna mais manobrável. A tendência para fugir de frente (subviragem) é menor na medida em que a carga sob a dianteira for menor ao nível da tração. O facto de ter a tração nos pneus traseiro também permite que se curve com auxilio de uma deriva controlada da traseira.

Ausência de torque-steer e melhor feeling:

Como sabem, carros de tração dianteira com potências elevadas sofrem todos de um problema: a repercussão do binário no tacto da direção. O trabalho do diferencial faz sentir-se no volante e deixa-nos muitas vezes sem saber o que se passa “lá à frente”.

Hoje em dia, através do recurso a geometrias de suspensão mais elaboradas e de vários pivot’s consegue-se excelentes resultados no processo de digestão da potência pelo eixo dianteiro, no entanto estes resultados são conseguidos com algum custo. Nomeadamente afinações de molas e suspensões mais “rijas”  que tornam o carro menos confortável e menos tolerante aos desníveis laterais do asfalto. Sendo o carro de tração traseira, os engenheiros podem concentrar-se em aumentar o feeling da dianteira e na sua capacidade de “virar” o automóvel.

Melhor acessibilidade mecânica e durabilidade:

Não é à toa que os taxistas preferem carros com esta configuração. Certo? Digam que sim…

Fun-factor:

Há coisa melhor do que conduzir um bom carro de tração traseira? Dificilmente…

Toyota GT86
© Razão Automóvel

Posto tudo isto, porque raio inventaram então os carros de tração à frente? Por dois motivos essenciais:

O primeiro motivo é que fica mais barata a montagem e produção de um carro de tração dianteira. Tem menos componentes e a sua montagem é integrada.

O segundo são os ganhos ao nível de habitabilidade interior. Estando todos os componentes concentrados na frente do automóvel liberta-se espaço para a bagagem e passageiros pela ausência de túnel central.

Felizmente, os tração dianteira dos dias de hoje graças aos avanços feitos ao nível da electrónica e suspensões são tudo menos aborrecidos. Veja-se o Renault Mégane RS, Seat Leon Cupra 280 ou novíssimo Honda Civic Type R. Para os mais saudosistas não poderia deixar de nomear outros carros de tração dianteira de condução épica: Citroen AX GT, Peugeot 106 Rally, Volkswagen Golf GTI MK1, e the last but not the least o Integra Type R!