Autopédia O meu primeiro carro. 8 dicas para uma escolha acertada

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O meu primeiro carro. 8 dicas para uma escolha acertada

Acabou de tirar a carta e vai adquirir o primeiro carro. As expetativas são grandes e já tem o «olho fisgado» na máquina de sonho (possível). Talvez seja melhor esperar antes de dar esse salto.

SEAT Ibiza

Acredite, compreendemos. Se for como nós, irá sentir-se tentado para ir para máquinas com mais potência e diversão que a necessária para primeiro carro. Mas espere… Afinal, acabou de tirar a carta e a experiência ao volante é praticamente nula.

Será aconselhável dar logo o salto para uma máquina «séria»?

Provavelmente não. O primeiro carro será uma espécie de carro-escola. É nele que vai aprender verdadeiramente a conduzir e muito provavelmente o carro vai sofrer pela falta de experiência ao volante. Será uma cobaia que ensinará todas as minúcias de ser proprietário de um automóvel.

Portanto, talvez seja melhor começar com algo mais modesto… Algo mais simples, barato e robusto, de manutenção acessível. Reunimos, assim, algumas dicas para ajudar na escolha do primeiro carro.

1. Compre um carro barato

Se não «herdar» um carro de um familiar, o mais certo é ter de comprar o próprio carro. Mesmo que tenha mais possibilidades financeiras — até de comprar um carro novo —, mais vale ir diretamente ao mercado de usados.

Recomendamos que não olhe apenas para o custo de aquisição, mesmo que seja muito barato. O automóvel é um sorvedouro de dinheiro: combustível, IUC, seguro, manutenção, portagens, parques… É preciso fazer bem as contas para que o carro não leve a maior parte do orçamento mensal.

2. Escolha um carro simples, robusto e fiável

É preciso bom senso. Pode ter em vista o carro com o motor ou a característica XPTO, mas nestes primeiros anos como condutor convém aderir ao KISS (Keep It Simple, Stupid), princípio de design que significa algo como, “mantém-o simples, estúpido”.

Sendo o primeiro carro e os primeiros tempos de carta, vão ser cometidos erros e o risco de abrir os cordões à bolsa é grande. Convém minimizar esses custos.

Toyota Aygo frente 3/4
Caso não precise de muito espaço, citadinos e utilitários estão entre as melhores opções para primeiro carro.

Mecanicamente, na medida do possível, é seguir a fórmula mais simples: motores naturalmente aspirados e de baixa cilindrada. Também é preferível que tenha corrente e não correia de distribuição, mas será mais difícil de encontrar.

O restante carro deve seguir a mesma lógica: optar por um descapotável com uma capota metálica complexa e cara? Talvez seja melhor optar por um de teto fixo.

E a fiabilidade? Como saber se o carro é à «prova de bala»? Vivemos na era da informação e bastam poucos cliques para saber tudo o que é necessário sobre a robustez e fiabilidade de qualquer carro. Não existem carros sem problemas, mas existem uns mais fiáveis que outros.

Se encontrar algo simples e fiável q.b., a maior parte dos custos poderá resumir-se à manutenção básica de mudança de óleo e filtros.

3. Compre um carro em bom estado

O busílis da compra de qualquer carro usado, seja o primeiro carro ou não. É fundamental fazer tudo o que estiver ao seu alcance para averiguar o estado do mesmo.

Ninguém gosta de surpresas desagradáveis. Se tem um mecânico amigo leve-o consigo, ou, se for possível, ir mesmo a uma oficina para uma inspeção ao estado geral do carro antes de o comprar.

Caso não seja possível, é possível fazer uma avaliação inicial geral. O carro tem pontos de ferrugem? Consegue ver diferenças no tom da carroçaria de um painel para o outro (provável sinal de acidente e posterior repintura)? No interior, como é que estão os bancos, estofos e cintos? E os botões e manípulos? Portas e capô abrem e fecham bem? 

Muito importante é também ver o estado dos pneus e travões — são a única ligação à estrada, pelo que o seu bom estado é fundamental. Verifique se os pneus têm as medidas corretas, piso em bom estado e se não estão ressequidos (sinal de que já têm demasiados anos). Os discos de travão não devem apresentar sulcos na sua superfície e as pastilhas devem permitir ainda uns milhares de quilómetros de uso.

pneu careca
Este pneu já viu melhores dias.

4. Conduza o carro antes de o comprar

Testar o carro antes de o comprar é efetivamente uma das melhores formas de averiguar o bom estado do carro. Nunca compre um carro sem o conduzir antes.

É certo que sendo recém-encartado, tem pouca ou nenhuma experiência ao volante, mas isso que não sirva de impedimento. Dá sempre para apercebermo-nos de vários aspetos da condição do carro ao conduzi-lo.

Se trava bem ou não, se ouve ruídos estranhos durante o seu funcionamento — batidas na suspensão ou estalos na direção —, se o motor não se «engasga» ao acelerar, se as mudanças entram sem resistência, etc…

Ao volante
Com experiência de condução ou não, conduza sempre o carro antes de o comprar. Pode ser revelador.

Experimente o ar condicionado, as luzes e até o sistema de som — tudo deve funcionar corretamente. Caso algo não funcione como deveria, pode servir de argumento para negociar o preço, mas é preciso ter atenção ao custo da eventual reparação ou substituição do componente defeituoso.

5. Carros automáticos? Não

A lógica é simples. É o primeiro carro e servirá para aprender realmente a conduzir, e nada melhor do que aprender a dominar o terceiro pedal e engrenar as relações. Perceber quando colocar a relação seguinte ou quando reduzir, usar a caixa como travão, fazer o infame ponto de embraiagem, são lições e habilidades valiosas que tornam-nos um melhor condutor.

Sim, as caixas manuais parecem estar em vias de extinção, mas para o tipo de carros simples e modestos que recomendamos como primeiro carro, são ainda as mais comuns. E sendo mais simples que as caixas automáticas, caso algo corra catastroficamente mal, o custo será sempre inferior.

6. Quantos menos cavalos, melhor

Muitos não concordarão com este ponto, mas convém começar por baixo. Não que meia centena de cavalos impeça algo de mau de acontecer. Como alguém disse, “o carro só anda aquilo que tu quiseres”, que é como quem diz, o controlo do pedal da direita somos nós que o temos, tenha 50 cv ou 500 cv.

Reconhecemos, no entanto, a tentação. Acabado de tirar a carta o que queremos é conduzir e, para mais, o nosso primeiro automóvel. Mesmo que só tenha 50 cv debaixo do pé, acabamos sempre por nos pôr em «aventuras». Não é um carro de “10 segundos” à Velocidade Furiosa, mas aquela velha questão do “quanto é que dá” assombra-nos a mente de vez em quando.

Fiat 500

Um carro com poucos cavalos tem algumas vantagens. No geral são mais económicos no dia a dia e tudo acontece mais devagar. Para andar depressa, é preciso carregar a sério no pedal, algo que não acontece em máquinas mais potentes e recentes, onde por vezes nem se dá conta da velocidade que se vai.

Também é bom para aprender a ter paciência — mesmo muita paciência —, sobretudo na altura de efetuar uma ultrapassagem. Obriga a fazer muito bem as contas para que seja feita de forma segura.

Os carros mais potentes podem esperar.

7. Gastar só o necessário em reparações e melhoramentos

Como carro de aprendizagem, é quase certo que não irá ficar com ele para todo o sempre. Com alguma experiência acumulada, e experimentando até outros carros, a vontade de dar o salto para uma máquina com características mais ao seu gosto — mecânica, performance ou equipamentos — será grande.

Talvez por isso, possa evitar gastar dinheiro num conjunto de jantes mais vistosas ou num sistema de som de topo. Quando chegar altura de vender o primeiro carro, são itens que não vão acrescentar nenhum valor e, basicamente, só se «queimou» dinheiro.

A história é semelhante nas reparações. Se é preciso gastar dinheiro no carro, que seja em aspetos essenciais ao seu funcionamento correto, nomeadamente ao nível da segurança, mecânica, amortecedores, etc. Melhoramentos também podem ser feitos e não é uma referência a tuning ou personalização.

Peugeot 106 Rallye
As jantes de ferro também têm os seus momentos.

Por exemplo, se os pneus que equipam o carro aderem ao asfalto como uma casca de banana, não convém ser forreta na altura de comprar outros pneus. O melhor é esquecer as soluções low-cost, como pneus usados.

Agora, se ao estacionar riscou uma jante ou ficou com danos superficiais no para-choques por não ter visto o pilar que estava atrás ao estacionar, são coisas secundárias. Podem esperar… nem que seja pelo próximo carro.

8. Desfrute do seu primeiro carro

É o primeiro carro e com ele vêm muitas experiências e também aventuras. Ainda hoje o automóvel continua a ser um símbolo de independência e liberdade. Se falar com parentes ou conhecidos sobre o primeiro carro deles, certamente haverá pontos em comum na forma como falam.

Pode não ser o melhor carro que tiveram, mas costuma ser aquele do qual guardam as experiências mais ricas, seja pelas viagens efetuadas ou pelas imprudências ou erros cometidos.

É o seu primeiro carro, por isso, desfrute-o e bem… vão ser viagens que nunca mais vai esquecer.

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