Autopédia Qual é o melhor motor Diesel da atualidade?

Confronto

Qual é o melhor motor Diesel da atualidade?

De um lado temos a BMW, do outro lado a Audi. Missão? Produzir o melhor motor Diesel do mundo.

O reinado dos motores Diesel está prestes a chegar ao fim. As normas ambientais cada vez mais restritivas estão a colocar uma pressão imensa sobre estas motorizações. E para cumprir as normas ambientais estabelecidas pelas entidades europeias, as marcas têm sido obrigadas a recorrer a tecnologias cada vez mais dispendiosas nos seus motores Diesel.

Uma decisão que tem tido, naturalmente, reflexo no preço final dos carros e por conseguinte também no mercado. Nos segmentos mais baixos (A e B) a regra deixou de ser o motor Diesel, e a gasolina voltou a dominar – o segmento C também caminha nesse sentido. Nos segmentos premium, onde o preço tem uma importância menor, o motor Diesel continua a ser «rei e senhor».

Sabias que: mais de 70% da produção das marcas premium alemãs é composta por modelos Diesel? True story…

Portanto, enquanto a batalha não passar para outro campo, é no domínio dos Diesel que as principais marcas premium se confrontam. Ainda que nos bastidores o processo de eletrificação já esteja em curso. Que o diga a Volvo…

Os nossos candidatos ao troféu «superdiesel»

Neste campeonato pela supremacia nas motorizações Diesel, a BMW e a Audi são os líderes destacados. Nesta última frase sentiram a falta do nome Mercedes-Benz? Pois… A Mercedes-Benz não tem atualmente nenhum motor Diesel capaz de esgrimir argumentos com os dois motores que vos vamos apresentar.

Senhoras e senhores, diretamente de Ingolstadt para o mundo, do lado direito do «ringue» temos o motor 4.0 TDI de 435 cv da Audi. Do lado esquerdo do ringue, vindo de Munique e apostando numa arquitetura totalmente distinta, temos o motor 3.0 quad-turbo (B57) de seis cilindros em linha e 400 cv da BMW.

Também podíamos acrescentar a esta «escaramuça» a Porsche. Porém, o motor Diesel que equipa o Panamera é uma derivação do motor TDI do Audi SQ7 com soluções menos exóticas – portanto fica de fora. E por falar em «fora»… fora da Alemanha, não há nenhuma marca a produzir motores Diesel com mais de 400 cv. Portanto os nossos finalistas ao troféu «superdiesel» são todos oriundos de Ingolstadt e de Munique.
Qual é que vai vencer? Nós fazemos a apresentação dos motores, damos o nosso veredicto, mas decisão final é tua! Há uma votação a decorrer no final do artigo.

Os detalhes do 4.0 V8 TDI da Audi

É o motor Diesel mais potente da gama Audi, e para já só está disponível no novo Audi SQ7, prevendo-se a sua aplicação na próxima geração do Audi A8 – que nós já conduzimos aqui. É também o primeiro motor Diesel da marca a recorrer ao sistema Valvelift, que permite que a gestão eletrónica do motor ajuste a abertura das válvulas de acordo com as necessidades da condução – uma espécie de sistema VTEC aplicado a um motor Diesel.

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No que toca a números, preparem-se para valores avassaladores. A potência máxima é de 435 cv de potência, disponíveis entre as 3.750 e as 5.000 rpm. O binário impressiona ainda mais, acreditem… são 900 Nm disponíveis entre as 1.000(!) e as 3.250 rpm! Traduzindo isto por miúdos, o binário máximo está disponível logo desde o ralenti e não há qualquer turbo-lag. Been there, done that.

Quando associado ao gigantesco SUV «SQ7» e às suas duas toneladas de peso, este 4.0 TDI é capaz de cumprir os 0-100km/h em apenas 4.8 segundos. Ou seja, «números» próprios do campeonato dos carros verdadeiramente desportivos. A velocidade máxima está limitada eletronicamente a 250km/h e o consumo anunciado (ciclo NEDC) é de apenas 7,4 litros/100km.

Qual é o segredo deste motor? Números destes não caem do céu. O segredo deste motor são os dois turbos de geometria variável e um terceiro turbo de acionamento elétrico (EPC) que funciona graças a um sistema elétrico de 48V. Como este turbo (EPC) não está dependente dos gases de escape para funcionar, consegue aumentar o débito de potência de forma imediata.

Este sistema de 48V é ainda apontado como a próxima grande tendência da indústria automóvel. Graças a esta tecnologia, no futuro todos os sistemas elétricos que hoje dependem diretamente do motor de combustão (reduzindo a sua eficiência) serão alimentados por este sistema de 48V (ar-condicionado, suspensões adaptativas, direção, travões, sistema de navegação, condução autónoma, etc).

Os detalhes do 3.0 quad-turbo da BMW

Enquanto que a Audi apostou na capacidade cúbica e no número de cilindros, a BMW apostou na sua fórmula tradicional: 3.0 litros, seis cilindros e turbos à la carte!

A marca de Munique já tinha sido a primeira marca a equipar um motor de produção com três turbos e agora foi novamente a primeira a equipar um motor Diesel com quatro turbos. Um, dois, três, quatro turbos!

No que concerne a números efetivos, este motor no BMW 750d desenvolve 400 cv de potência e 760 Nm de binário máximo. O pico de potência é atingido às 4.400 rpm, enquanto que o binário máximo está disponível entre as 2.000 e as 3.000 rpm. É de notar que este motor desenvolve 450 Nm de binário logo às 1.000 rpm. Números fabulosos, mas ainda assim distantes dos 900 Nm do motor da Audi.

Como podem ver, em termos de potência máxima estes dois motores estão muito próximos, mas a forma como entregam a potência e o binário é totalmente distinta. A BMW consegue estes números com menos 1.000cc e menos dois cilindros do que a Audi. Se valorizarmos a potência especifica por litro, o motor da BMW brilha mais.

O «setup» de quatro turbos funciona de forma muito eficaz, com dois turbos de geometria variável de dimensões mais reduzidas e dois turbos de maiores dimensões. É graças a um complexo sistema de «borboletas» que o sistema eletrónico da BMW – mediante a velocidade do carro, posição do pedal de acelerador, rotação do motor e mudança engrenada – canaliza os turbos para os quais devem ir os gases de escape.

Por exemplo, quando circulamos a baixa velocidade e a baixas rotações, o sistema dá primazia aos turbos mais pequenos para a resposta ser mais imediata. Ainda que na maioria das situações este 3.0 quad-turbo funcione com três turbos em simultâneo. Problema deste sistema? Tem uma complexidade só comparável ao Bugatti Chiron.

Vamos aos números? No BMW 750d este motor é capaz de cumprir os 0-100 km/h em apenas 4,6 segundos e de atingir os 250km/h (limitados eletronicamente). Do ponto de vista dos consumos, a BMW anuncia apenas 5,7 litros/100km (ciclo NEDC). Querem mais um dado interessante? Frente ao motor equivalente a gasolina (750i), este 750d só demora mais 0,2 segundos dos 0-100 km/h.

Qual é o melhor?

Apresentados os argumentos, é difícil atribuir a vitória absoluta a qualquer um destes motores. Em primeiro lugar, porque ainda não foi possível comparar estas duas motorizações em modelos equivalentes. E em segundo lugar porque depende do critério adotado.

A BMW consegue uma potência especifica por litro superior ao motor da Audi – assim venceria a BMW. Porém, o motor da Audi debita o dobro (!) do binário em regimes equivalentes, com claros benefícios para a agradabilidade de condução – assim venceria a Audi.

Olhando apenas para a questão tecnológica, a balança pende uma vez mais para o lado da Audi. Enquanto a BMW acrescentou mais um turbo ao seu já conhecido motor 3.0 litros, a Audi foi mais longe e adicionou um sistema paralelo de 48 V e um revolucionário turbo com ativação elétrica. Mas como vimos, no final estas motorizações equivalem-se.

É muito provável que estes dois motores sejam os últimos «superdiesel» da história. Como mencionámos anteriormente, a atual tendência do mercado vai no sentido da extinção completa dos motores Diesel. Se sentimos pena? Claro que sentimos. Nos últimos 40 anos as motorizações Diesel evoluíram imenso e já não são os parentes pobres dos motores «Otto».

Dito isto, a «bola» fica do teu lado. Qual destas marcas produz o melhor motor Diesel da atualidade?