Autopédia Quatro piscas. Sabem mesmo como os usar?

Regras

Quatro piscas. Sabem mesmo como os usar?

Vulgarmente conhecidas como «quatro piscas», as luzes de emergência são muitas vezes usadas de forma abusiva ou errada.

consola de botões do Peugeot 2008 onde está o dos "quatro piscas"
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Luzes de emergência, «quatro piscas» ou luzes de perigo, o famoso botão que permite ligar em simultâneo os quatro indicadores de mudança de direção para assinalar uma situação de perigo é, provavelmente, um dos mais usados em contexto urbano.

Afinal de contas, quantas vezes não nos deparamos com carros estacionados em segunda fila com os «quatro piscas» ligados? Nestes casos, o condutor parece convencido de que estes funcionam como o manto da invisibilidade do Harry Potter, tornando «invisível» aos olhos da lei o estacionamento abusivo que constitui uma contraordenação.

leiam também Porque é que as luzes traseiras nos automóveis são vermelhas?

Outras vezes, e por mim falo, são usados em estrada aberta (e principalmente de noite) para agradecer momentos cada vez mais raros de cortesia ao volante como, por exemplo, o facilitar de uma ultrapassagem ou a cedência de passagem.

haste dos piscas
© Razão Automóvel Os portugueses que muitas vezes parecem ter “medo” dos piscas têm, curiosamente, uma relação especial com os quatro piscas. Principalmente em meio urbano.

Mas será que sabem mesmo quando e como é que os «quatro piscas» ou luzes de emergência podem (e devem) ser usados? Neste artigo, olhamos para o Código da Estrada para dar uma resposta exata.

O que diz a lei

A utilização dos «quatro piscas», luzes de emergência ou luzes avisadoras de perigo está prevista no artigo 63.º do Código da Estrada e dificilmente este poderia ser mais claro quanto às circunstâncias em que estas luzes podem ser usadas.

Desta forma e de acordo com o Código da Estrada, os «quatro piscas» podem (e devem) ser usados quando:

  • o veículo representa um perigo especial para os outros utentes da via;
  • em caso de súbita redução da velocidade provocada por obstáculo imprevisto ou por condições meteorológicas ou ambientais especiais (como, por exemplo, quando nos deparamos com um acidente);
  • em caso de imobilização forçada do veículo por acidente ou avaria, se este representar um perigo para os demais utentes da via;
  • o veículo esteja a ser rebocado.

Nos dois últimos casos, se os «quatro piscas» não estiverem a funcionar, o condutor deve (se for possível) usar as luzes de presença.

Relacionado A sério… os «piscas» não mordem

Por fim, os «quatro piscas» devem ainda ser usados em caso de avaria do sistema principal de luzes (presença, cruzamento e estrada), algo que, apesar de pouco comum, pode acontecer (eu que o diga).

Já quem violar as normas que te apresentámos incorre numa coima de 60 euros a 300 euros.

Hyundai Tucson N Line
© Diogo Teixeira / Razão Automóvel Estão a ver o botão triangular? Há quem pareça convencido de que acioná-lo permite estacionar em segunda fila ou parar em lugares proibidos.

E os restantes casos?

Bem, apresentada a «letra da lei», escusado será dizer que a utilização dos «quatro piscas» em todas as restantes situações é indevida. No entanto, há que ressalvar um pequeno pormenor — ou será “pormaior?

Se usar os «quatro piscas» para agradecer quando um veículo nos facilita uma ultrapassagem dificilmente prejudica alguém e já é conhecido como «gíria da estrada»; o mesmo não acontece quando usamos as luzes de emergência para deixar o carro parado em segunda fila, num lugar reservado a pessoas com mobilidade reduzida ou numa paragem de autocarro.

O mais provável é que muitos de nós já tenhamos usado os «quatro piscas» para desculpar um estacionamento ou paragem num local onde não o devíamos fazer.

No entanto, tendo em conta que há todo um enquadramento legal destinado a punir o estacionamento proibido e que este pode ir desde a aplicação de coimas até à remoção do veículo, talvez não seja má ideia perder mais um ou dois minutos à procura de um lugar.

E não só. É também uma questão de civismo. Quantos de nós já assistimos ao caos que um veículo com os «quatro piscas» ligados em segunda fila causam no trânsito, sendo impeditivo até à passagem de veículos maiores como autocarros?

Afinal de contas, os «quatro piscas» não dão poderes especiais ao carro, não o tornam num veículo prioritário, nem fazem as autoridades deixar de o ver a incorrer numa contraordenação.

Sabe esta resposta?
Qual é a capacidade da bagageira do Mercedes-Benz GLA?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Mercedes-Benz GLA 200 d testado. Mais do que um Classe A mais alto?