Clássicos A competição que Ayrton Senna podia ter vencido à primeira tentativa

Ayrton Senna

A competição que Ayrton Senna podia ter vencido à primeira tentativa

No final da temporada de 1992, Ayrton Senna teve a oportunidade de testar um Fórmula Indy. E foi logo muito rápido…

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© Senna Oficial (YouTube)

Ayrton Senna dispensa apresentações. A sua carreira na Fórmula 1 também. Ainda assim, o piloto brasileiro não colocava de parte a hipótese de passar para outra categoria.

Em 1992, o final da temporada deixou Ayrton Senna com algumas dúvidas sobre o que ia acontecer no ano seguinte. Entre as hipóteses possíveis estava a permanência na McLaren, que iria deixar de contar com os motores da Honda, ou uma eventual passagem para a Williams que, na altura, estava a dominar o campeonato.

Contudo, havia outra possibilidade em cima da mesa: rumar à Indy. Por isso mesmo, ainda antes do ano acabar, Senna aceitou um convite e viajou até aos Estados Unidos para experimentar um carro de Fórmula Indy pela primeira vez.

O carro em questão era um monolugar da Penske, o PC21, equipado com um motor Chevrolet sobrealimentado. Ou seja, o mesmo carro que Emerson Fittipaldi tinha usado na última temporada da Fórmula Indy.

Ayrton Senna aceitou o convite — orquestrado pela Marlboro e pelo próprio Emerson Fittipaldi — e no dia 20 de dezembro de 1992, apresentou-se na Firebird Raceway, em Phoenix, com o objetivo de realizar esse mesmo teste.

O traçado era muito pequeno e sinuoso, quase como se fosse um kartódromo, tal como referido por Fittipaldi. Mas tal como o piloto brasileiro também referiu, Ayrton Senna “adorava estes traçados mais técnicos”.

Quem foi o mais rápido?

Há muitas razões para sonhar, mas o melhor é fazer. Simule um Crédito Pessoal Credibom.

Antes de Ayrton Senna assumir a posição de condução, Emerson Fittipaldi efetuou algumas voltas ao volante do Penske PC21. O dia estava muito frio e segundo referido, os pneus estavam a demorar muito para aquecer, sendo necessárias quase dez voltas ao traçado para estes começarem a funcionar corretamente. Ainda assim, Emerson Fittipaldi marcou um tempo de 49,7s.

Ayrton Senna Penske

De regresso às boxes, era agora o momento de «passar o testemunho» a Ayrton Senna. Foi substituído o assento, por um mais parecido com a fisionomia do piloto, e as primeiras voltas foram efetuadas num ritmo moderado. Ainda assim suficiente para que o brasileiro conseguisse decifrar o carro.

Uma sensibilidade única

Pouco depois Senna regressou às boxes e solicitou alguns ajustes à equipa, nomeadamente alterações na suspensão traseira, para que ficasse mais macia e o carro pudesse ter mais tração. Quem o conta é o próprio Roger Penske, proprietário da equipa Penske, em vídeo:

Depois disso, em pista, e na primeira vez ao volante de um Fórmula Indy, Senna mostrou-se confortável com o carro.

O cronómetro confirmou isso mesmo: a volta mais rápida de Ayrton Senna foi de 49,09s, seis décimas mais rápida do que a melhor volta de Fittipaldi. Com uma diferença: Ayrton Senna conhecia o carro há poucos minutos, Fittipaldi tinha passado uma época inteira aos seus comandos.

Naturalmente, os tempos impressionaram toda a equipa. Segundo Fittipaldi, “era apenas uma questão de tempo” até que Ayrton Senna trocasse a Fórmula 1 pela Fórmula Indy. Infelizmente, o acidente que vitimou o piloto brasileiro alguns anos mais tarde manterá a dúvida no ar.

Como sabemos, Ayrton Senna ainda tinha muito para dar à Fórmula 1. E este teste tinha apenas um objetivo imediato: exercer alguma «pressão» em Ron Dennis, o então «chefe» da McLaren, para que este tomasse uma decisão relacionada com o futuro do piloto e da equipa de Fórmula 1.

O que podia ter sido

Vinte e cinco anos depois deste famoso teste de Ayrton Senna, este dia «especial» voltou a ser recordado num pequeno documentário em que participam algumas das pessoas que viveram este momento de perto.

Caso Ayrton Senna tivesse tido oportunidade de rumar à Indy Car, podia ter começado aqui as primeiras páginas para um capítulo ainda mais grandioso: alcançar a Tríplice Coroa do Automobilismo. Ou seja, vencer o GP do Mónaco, a Indy 500 e as 24 Horas de Le Mans.

Até hoje, apenas Graham Hill conseguiu alcançar a vitória nestas três corridas. Sabendo do espírito competitivo de Ayrton Senna e do seu inegável talento, com uma hipotética vitória na Indy 500, será que iria tentar depois as 24 Horas de Le Mans?

Nunca saberemos a resposta. Mas se tivessemos apostar, nunca apostaríamos contra Ayrton Senna. Não se aposta contra um campeão.