Clássicos O maior hovercraft do mundo consumia 4500 litros de combustível por hora

Dia 8 de julho o podcast da Razão Automóvel será gravado ao vivo. Inscreva-se e garanta o seu lugar.

Quero Inscrever-me

Hovercraft

O maior hovercraft do mundo consumia 4500 litros de combustível por hora

O SR.N4 foi o maior hovercraft comercial de sempre e destacou-se pela sua capacidade e rapidez: atravessava o Canal da Mancha em apenas 35 minutos.

Hovercraft SRN4 Princess Anne
© Joost J. Bakker

Chega de falar de carros… só desta vez. Vamos falar de hovercrafts. Sim, leu bem. Hovercrafts. Mas não um qualquer: este é o SR.N4 The Princess Anne, que ainda detém o título de maior hovercraft comercial do mundo.

Construído pela British Hovercraft Corporation, o SR.N4 (Saunders-Roe Nautical 4) esteve no ativo entre 1968 e 2000, e foram construídas seis unidades no total: Swift, Sure, Sir Christopher, The Prince of Wales, The Princess Anne e The Princess Margaret.

Hovercraft SRN4 Princess Anne
© Bachcell O The Princess Ann, por si só, pesava 320 t, mas podia transportar até 112 t de carga, divididos entre pessoas e automóveis.

Podia deslizar sobre as águas, mas a operação destes «monstros» do mar e até a experiência como passageiro assemelhava-se mais à de um avião que um barco.

Durante as três décadas que estiveram em operação sofreram várias evoluções, sendo as derradeiras (Mark 3) as que foram efetuadas nos The Princess Anne e The Princess Margaret: se já eram grandes originalmente, ficaram ainda maiores.

O comprimento passou dos 39,68 m para os 56,38 m, pelo que quase duplicaram a sua capacidade de transportar automóveis e pessoas: dos 30 automóveis e 250 passageiros da versão inicial para 60 automóveis e 418 passageiros. Passaram a ser os maiores hovercrafts comerciais do mundo.

Devido à natureza do hovercraft, ou seja, apoiar-se numa almofada de ar para se deslocar sobre a água, estes gigantes eram incrivelmente rápidos: a velocidade máxima era de 70 nós, praticamente 130 km/h (!). No entanto, as velocidades normais de operação situavam-se entre os 40 nós (74 km/h) e os 60 nós (111 km/h). Mesmo assim, muito mais rápido que qualquer embarcação atual com a mesma função.

Graças a estas velocidades, os cerca de 40 km da travessia entre Dover (Reino Unido) e Calais (França) demorava apenas 35 minutos. A viagem mais rápida, no entanto, foi alcançada pelo The Princess Anne em 14 de setembro de 1995: apenas 22 minutos. Um recorde que se mantém até hoje.

Mais de 4500 litros de combustível por hora

Para atingir estas velocidades, todos os SR.N4 estavam equipados com quatro turbopropulsores ou turbo-hélice Rolls-Royce — turbinas a gás —, que no total produziam 2800 kW de potência, o mesmo que 3807 cv(!).

Como deve imaginar, estava longe de ser poupado. À velocidade de cruzeiro consumia 1000 galões de combustível por hora, o mesmo que 4546 l/h. Transportava 36 680 l de combustível no total, para uma autonomia de aproximadamente 240 km.

Só o The Princess Anne sobreviveu

Apesar de ter tido uma elevada taxa de utilização nos mais de 30 anos que estiveram ativos, os custos operacionais e de manutenção continuaram a crescer ao longo do tempo e acabaram por ditar a decisão de reformar os dois SR.N4 sobreviventes no ano 2000: os The Princess Anne e The Princess Margaret.

A última viagem seria efetuada pelo The Princess Anne a 2 de outubro de 2000. Os dois gigantes acabaram por ser comprados e foram «encostados» perto do Museu Hovercraft em Lee-on-the-Solent, na Grã-Bretanha. O The Princess Margaret acabaria por ser desmantelado em 2018, devido ao seu estado avançado de deterioração.

O The Princess Anne, ainda hoje o maior hovercraft comercial, é o único sobrevivente atual dos seis SR.N4 e está previsto ser restaurado. Continua em exposição no Museu Hovercraft.

Sabe esta resposta?
Em que ano naufragou MV Reijin?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

MV Reijin. A história do «Titanic dos automóveis» que naufragou em Portugal