Clássicos Nova vida para o único e radical Lamborghini Miura SVR

Restauro

Nova vida para o único e radical Lamborghini Miura SVR

O Lamborghini Polo Storico apresenta o restauro concluído do Lamborghini Miura SVR, um Miura único no mundo, à imagem do mítico Jota.

Lamborghini Miura SVR

Após os já conhecidos restauros de um Lamborghini Countach e de um Miura SV, o Lamborghini Polo Storico — o departamento dedicado ao restauro de Lamborghini de outros tempos — apresenta-nos o Lamborghini Miura SVR, o seu mais recente restauro.

Só foram produzidas 763 unidades do Lamborghini Miura entre 1966 e 1972, o que o torna bastante especial, mas existem alguns Miura mais especiais que outros. É o caso deste exemplar único agora restaurado.

Inspiração Jota

O Lamborghini Miura SVR foi construído apenas e só em uma unidade, fruto do pedido e desejo de um cliente, o alemão Heinz Straber, em 1974.

A inspiração por detrás do SVR está num dos Miura mais míticos de sempre, o Jota. Desenvolvido em 1970 pelo piloto de testes da Lamborghini, Bob Wallace, tratava-se de um Miura consideravelmente mais leve e potente, pronto a competir — a denominação Jota referia-se ao Anexo J dos regulamentos da FIA.

 

O único Jota em existência, infelizmente, acabaria destruído num acidente, ardendo para lá de qualquer hipótese de recuperação. Foi o fim do Jota, mas não do fascínio por ele. A pedido de vários clientes, a Lamborghini produziria vários Miura SVJ, não tão extremistas como o original, mas ainda assim, fortemente inspirados neste, apresentando modificações na carroçaria, no motor, sistema de escape, suspensão e no arrefecimento dos travões.

Mas Straber queria mais. Ele era o nono proprietário de um Miura S, de 1968 — chassis #3781, motor #2511, carroçaria #383 — pintado no característico tom Verde Miura e com interior a preto, tendo estado até em exposição no 50º Salão de Turim.

A oportunidade

No inverno de 1974, deslocava-se em direção a Sant’Agata para efetuar um serviço de manutenção ao seu Miura, mas sofreu um acidente, com a frente do carro ligeiramente danificada. Para quê reparar, se podemos transformar totalmente o carro? Foi exatamente o que pediu à Lamborghini, para que transformasse o seu Miura S em algo similar ao Jota.

Mas o Miura já tinha saído de produção, pelo que a Lamborghini comunicou a Straber que tal pedido, o de converter o S com especificações Jota, não era possível de satisfazer. Há pessoas que simplesmente não aceitam um não como resposta, tendo o próprio tomado a iniciativa de conseguir as peças necessárias. Em fevereiro de 1975, regressou à Lamborghini com um conjunto de peças para automóveis de elevada performance — onde se incluíam umas jantes BBS de três peças e travões de um… Porsche 917 —, além de uma lista com o que desejava que a Lamborghini lhe construísse e ainda, obviamente, uma generosa quantia monetária para tornar o seu desejo possível.

A máquina dos seus sonhos seria-lhe entregue ainda durante esse ano. Nascia assim o único Lamborghini Miura SVR. Mas não ficaria com ele muito tempo — Heinz Straber e o SVR estavam na Alemanha, mas o carro mantinha-se com o registo original em Itália, o que não agradou às autoridades alemãs. Quando o tentou registar, as autoridades alemãs declararam o carro de demasiado radical para circular na via pública.

Próximo destino: Japão

Não teve outra opção senão vendê-lo, o que aconteceria em 1976. O seu novo proprietário seria o japonês Hiromitsu Ito que o levou para o Japão e lá permaneceu até 2015, ano que ficou disponível para venda.

Mas não sem antes de se tornar uma estrela. O carro impressionou tudo e todos, chegando a tornar-se numa das principais inspirações da publicação manga “Circuit Wolf” e seria reproduzido pela Kyosho à escala 1:18, elevando-o ao estatuto de carro de culto.

19 meses em restauro

O restauro pelo Polo Storico, dirigido por Paolo Gabrielli, demorou 19 meses. A abordagem ao mesmo teve de ser distinta relativamente a outros restauros — trata-se, efetivamente, de um carro transformado, pelo que usaram como referência as transformações operadas em 1975. O desafio foi ainda maior porque o Miura SVR chegou às instalações desmontado.

Relativamente às especificações originais, as únicas alterações efetuadas referem-se à adição de cintos de segurança de quatro apoios, bancos com mais suporte e um roll bar amovível — pedidos efetuados pelo novo proprietário para poder usar devidamente e de forma mais segura o Miura SVR em exibições em circuitos.

O SVR pode não ser o mais belo dos Miura, mas é sem dúvida a derradeira evolução do Miura, corrigindo muitas das suas falhas.

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