Clássicos Estes modelos têm alcunhas mais famosas do que os seus nomes

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Estes modelos têm alcunhas mais famosas do que os seus nomes

Já ouviram falar no “Joaninha”? E no “Marreco”? Estas alcunhas dadas a automóveis acabaram por ficar mais famosas do que os nomes dos próprios modelos.

Volkswagen Polo G40
© Volkswagen

Não é só a amigos e conhecidos que somos pródigos a dar alcunhas. Pelo contrário, também temos por hábito atribuí-las a coisas, que, por este motivo ou outro, nos fazem lembrar algo bem distinto.

No caso dos automóveis não faltam exemplos desta «tentação», com algumas das alcunhas a suplantarem mesmo o nome verdadeiro do modelo.

Veja-se o caso, por exemplo, do Volkswagen “Carocha” que, hoje em dia, já poucas pessoas devem saber o seu nome oficial: Type 1. Não soa tão bem, pois não? A própria Volkswagen acabou por adotar o nome Beetle (escaravelho, carocha) para as gerações mais recentes do modelo.

Volkswagen Carocha original
© Razão Automóvel Volkswagen Type I. Mais conhecido por Carocha.

As alcunhas automóveis são uma forma de homenagear alguns modelos que fazem parte da História do Automóvel.

Recordamos aqui 10 automóveis, mais e menos recentes, que ficaram conhecidos também pela alcunha que receberam. Muitas vezes carismática, outras vezes com conotações negativas, mas sempre, sempre, marcante.

Volkswagen Type 1 — “Carocha”

É, talvez, um dos melhores exemplos de um modelo cuja alcunha atribuída pelo público fez esquecer o verdadeiro nome pelo qual foi batizado.

Volkswagen Type 1 1949
© Volkswagen Volkswagen Type 1, 1938-2003

Nascido em 1938, o Volkswagen Type 1 deve a alcunha “Carocha”, ou ainda “Besouro”, “Barata” e “Fusca” (Brasil), devido ao desenho da carroçaria. Facto que, ainda assim, não o impediu de tornar-se um dos carros mais vendidos de sempre, com mais de 21,5 milhões de unidades comercializadas.

Citroën DS — “Boca de Sapo”

Apresentado em 1955, o Citroën DS foi desenhado pelo italiano Flaminio Bertoni (não confundir com Bertone) e pelo engenheiro francês André Lefèbvre.

Citroen DS 19 Berline 1955
© Citroën Citroën DS 19, 1955-1975

A fama foi imediata, assim como o sucesso comercial, fruto não só do design aerodinâmico e futurista, como também da tecnologia inovadora que envergava, e da qual fazia parte a suspensão hidropneumática.

Em Portugal e muito por culpa da secção frontal, não demorou muito para que ganhasse a alcunha — carinhosa — de Citroën “Boca-de-Sapo”.

Volkswagen Type 2 — “Pão de Forma”

Mais um Volkswagen que teve direito a «tratamento especial» no nosso país. Foi apresentando em 1950, com a denominação Type 2, mas acabou por ganhar rapidamente a alcunha de “Pão de Forma”, consequência, mais uma vez, do formato da carroçaria.

Volkswagen Type 2
© Volkswagen Volkswagen Type 2, 1950-1967

Ainda hoje a conhecemos assim, mas noutros países e latitudes, ficou conhecido como “Microbus”, “Minibus” ou ainda “Hippie Van” — referência à cultura hippie dos anos 60 e do movimento “Flower Power”.

Renault 4 — “4 Latas”

Nascido em 1961, é, ainda hoje, um dos modelos mais famosos da Renault. Foi também o seu primeiro modelo de tração dianteira.

Renault 4 1961
© Renault Renault 4L, 1961-1992

Batizado de Renault 4, ficou conhecido como 4L, ou “Quatrelle”, em Portugal. A sua simplicidade mecânica, a par da resistência para todo e qualquer tipo de desafios (participou, inclusivamente, no Dakar!), granjearam-lhe a alcunha de “4 Latas”. Ainda hoje muito procurado, deixou de ser produzido em 1994.

Ford Anglia 105E (1959-1967) — “Ora, Bolas!”

O nome Anglia tem uma longa história na Ford, mas houve um Anglia que se destacou de todos os outros, o Anglia 105E, muito por culpa do seu design.

Ford Anglia 105E
© Ford Ford Anglia 105E, 1959-1968.

Concebido pela Ford britânica — havia duas Ford na Europa, como se fossem duas marcas independentes, a britânica e a alemã —, e inspirando-se no estilo exuberante das berlinas americanas da época, o Anglia 105E destacava-se pela colocação do vidro traseiro num ângulo inverso ao convencional.

E daí vem a alcunha “Ora, Bolas!”, que era a expressão de desagrado usada quando se apreciava o estilo do carro: elegante e arredondado na frente, mas mais angular e com o vidro traseiro ao contrário atrás. Não foi impedimento para ter sido um sucesso comercial.

Mercedes-Benz W 136 — “Matateu”

Apresentado em 1936, o Mercedes-Benz W 136 só ganhou notoriedade em Portugal no pós-II Guerra Mundial, com a motorização Diesel, identificado como 170 D.

Mercedes-Benz W136
© Mercedes-Benz Mercedes-Benz W 136, 1935-1955.

Foi um dos primeiros automóveis de passageiros equipado com um motor Diesel, e foi fundamental para solidificar a imagem de fiabilidade e resistência destes na marca da estrela. Não admira que também tenha sido o modelo de eleição entre os taxistas — sim, não foi só o 190 D…

O Mercedes-Benz W 136 foi também um dos poucos luxos do famoso futebolista do Belenenses, Sebastião da Fonseca Lucas, mais conhecido como “Matateu”. Cuja alcunha estendeu-se ao carro…

Renault 4CV — “Joaninha”

Só passou à produção após o final da II Guerra Mundial, em 1947, mas o Renault 4CV foi um projeto desenvolvido em segredo por três engenheiros franceses, ainda durante a ocupação nazi, na fábrica de Boulogne Billancourt. A influência do alemão “Carocha” não podia ser mais clara.

Renault 4CV, 1947
© Rundvald Renault 4CV, 1947-1961

Quando começou a ser comercializado só tinha uma cor disponível, um amarelo-areia. Era o único tom disponível em grandes stocks no pós-guerra, que lhe fez ganhar uma alcunha local: “La motte de beurre”, que se traduz em “A Barra de Manteiga”.

Em Portugal, as semelhanças com o “Carocha” levaram o público a escolher outro coleóptero para batizar o pequeno e «fofinho» modelo: “Joaninha”.

Volvo PV444/544 — “Marreco”

Apresentado em 1944, o PV444 foi uma espécie de reinterpretação da Volvo, num corpo bem mais pequeno, dos enormes streamliners americanos, cujo sucesso acabou por suplantar as previsões do construtor sueco.

Volvo PV444, 1944
© Volvo Volvo PV444, 1944-1965

Foi o primeiro automóvel de produção em série a contar com pára-brisas em vidro laminado e cintos de segurança de três pontos. Mas o PV444 e PV544 destacava-se por outro motivo: a sua traseira arredonda.

Os portugueses não «perdoaram» e rapidamente ganhou — com muitas piadinhas à mistura — a alcunha de “Marreco”.

Citroën Traction Avant — “Arrastadeira”

O Traction Avant acabou por estar envolvido na primeira falência da Citroën em 1934, o mesmo ano em que foi lançado. A Michelin, um dos maiores credores, acabou por ficar com a marca do double chevron e, no final disto tudo, o Traction Avant acabaria por ser um sucesso comercial.

Citroën Traction Avant 7 cv
© Citroën Citroën Traction Avant, 1934-1957.

Foi um dos modelos mais inovadores de sempre, sendo também conhecido como o automóvel das “100 patentes”. Destaca-se a construção monobloco — inventada pela Lancia —, como o de ter sido um dos primeiros tração dianteira.

Em Portugal ganharia a alcunha de “Arrastadeira”, talvez por isso mesmo, o de ter tração às rodas da frente. E o de ser bem mais baixo que os rivais contemporâneos, devido à construção monobloco.

Além de tudo isto nunca é demais lembrar o papel do “Arrastadeira” na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). É um dos símbolos maiores da resistência francesa à invasão nazi.

Volkswagen Polo G40 — “Caixão com rodas”

Não foi o único a receber esta alcunha, mas é um dos seus expoentes máximos. Antecessor do Polo GTI, o Volkswagen Polo G40 era a versão mais desportiva do utilitário.

Volkswagen Polo G40
© Volkswagen Volkswagen Polo G40, 1985-1994

A designação G40 vinha do compressor “G-Lader”, que dava ao quatro cilindros de 1,3 l uma potência de 115 cv; e da admissão ao mesmo que tinha 40 mm de diâmetro. Os 0 aos 100 km/h em 8,1s e 195 km/h de velocidade máxima faziam deste um dos pequenos desportivos mais desejáveis da altura.

Mas não é à toa que se ganha a alcunha de “Caixão com Rodas”. Andava muito, sem dúvida, mas o comportamento, e sobretudo a travagem eram infames.

Sabe esta resposta?
O que significava a sigla ASF no protótipo da Audi apresentado em 1993?
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Pode encontrar a resposta aqui:

Encontrámos o AUDI A8 ASF de 1993. Ainda hoje surpreende