Clássicos Este 100% elétrico fez mais de 100 000 km num ano. Estávamos em 1992

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Este 100% elétrico fez mais de 100 000 km num ano. Estávamos em 1992

O Mercedes-Benz 190 E Elektro tinha dois motores elétricos que juntos debitavam a extraordinária potência de 44 cv.

Mercedes-Benz 190 E Elektro, frente
© Mercedes AG

Há mais de 120 anos que a indústria automóvel tenta fazer vingar os elétricos a bateria. É assim desde tempos que só não são imemoriais, porque está tudo muito bem documentado. É o caso do «não-assim-tão-distante» Mercedes-Benz 190 E Elektro (W 201).

Estávamos no final da década de 80 e a Mercedes-Benz tinha em marcha um programa de desenvolvimento de tecnologias alternativas aos motores de combustão. Um projeto que viu a luz do dia em 1990, durante o Salão Automóvel de Hanôver.

A marca alemã queria testar vários conceitos, principalmente no que dizia respeito à química das baterias, e escolheu para este exercício o muito popular Mercedes-Benz 190 E (W 201). E para um projeto piloto — daqueles que raramente saem dos laboratórios secretos — o Mercedes-Benz 190 E Elektro até teve uma vida bastante pública e agitada.

Mercedes-Benz 190 E Elektro, de capô aberto a mostrar o interior
© Mercedes AG Apesar das mudanças na tecnologia, o 190 E Elektro manteve o habitáculo inalterado, bem como todas as suas características de segurança passiva. O resultado foi um carro elétrico que pesava apenas mais 200 kg do que a versão equivalente a gasolina.

Um laboratório real

Com o apoio do governo local, a Mercedes transformou a ilha alemã de Rügen, entre 1992 e 1996, num laboratório de mobilidade à escala real. Para tal, a marca alemã enviou 10 unidades do 190 E Elektro construídos à mão para aquela ilha, com várias configurações de motor e bateria.

Mercedes-Benz 190 E Elektro, perfil
© Mercedes AG Uns não tinham sequer caixa de velocidades, enquanto outros até apresentavam uma caixa manual semelhante aos W 201 convencionais.

Na sua última evolução, o Mercedes-Benz 190 E Elektro tinha dois motores de íman permanente de corrente contínua, um para cada roda traseira, com uma potência máxima combinada de 44 cv. Uma potência que aos dias de hoje quase dá vontade de rir. Mas temos que recordar que o desenvolvimento dos carros elétricos foi praticamente abandonado durante décadas.

Este vídeo mostra os bastidores desse futuro elétrico que a Mercedes-Benz tentou desenvolver no passado:

O velho problema das baterias

Quanto à bateria, o Mercedes-Benz 190 E Elektro recorria a uma de cloreto de sódio-níquel e um sistema de travagem regenerativa para ajudar a carregar a bateria durante a condução. A autonomia que o 190 E Elektro oferecia era de 110 km com uma carga completa.

Recordes À prova de tudo. Quando o Mercedes-Benz 190 fez 50 000 km a quase 250 km/h

Os carros foram testados em diferentes ambientes, incluindo serviços de táxi, serviços públicos e transporte individual.

Mercedes-Benz 190 E Elektro, perfil

Segundo a Mercedes, não houve muitos problemas dignos de nota, com todas as unidades a revelarem uma excelente fiabilidade. Um dos veículos até atingiu a cifra dos 100 000 km em apenas um ano.

Apesar do empenho, como sabemos, o projeto não vingou. A química das baterias ainda não tinha evoluído o suficiente e o público preferia sonhar com outro W 201 também apresentado em 1990. Mais evoluído e rápido…