Clássicos My name is Interceptor, Jensen Interceptor

My name is Interceptor, Jensen Interceptor

Interceptor, é de longe o melhor nome alguma vez atribuído a um automóvel. Todos sabemos que nomes sonantes como Maserati ou Bugatti despertam os mais primitivos desejos, mas Interceptor…

Interceptor é o “novo” ícone, pronunciar o seu nome poderá levar a fortes crises de ansiedade, à loucura, ou até mesmo a ambas. Mas uma coisa prometo, alegria! Este automóvel deixa-nos simplesmente com um sorriso na cara tão grande e estático que depressa nos poderão diagnosticar demência. São os detalhes, as pequenas coisas que nos fazem vibrar.

Já tive o prazer de o conduzir pelas sinuosas estradas inglesas – no meio de campos verdejantes – rodeado de virtuosos botões e manómetros que indicam o nível de combustível, temperatura do motor, etc. Agora, imaginem sair para jantar com a vossa namorada e dizer em voz alta: “Hoje vamos no Interceptor!” – é mais que suficiente para ter o dia ganho.
A Jensen começou a produção do Interceptor em 1966, e nos 10 anos seguintes foram produzidos 6.408 unidades desta brilhante besta – sim besta! – o motor V8 de origem Chrysler transforma dinheiro em ruído, um motor 6.3 litros acoplado a uma caixa automática TorqueFlite. Para quem não sabe, tinha apenas 3 velocidades mais a marcha atrás tipicamente americana, e como opcional uma caixa manual de 4 velocidades. Ambas de origem Chrysler, cujo modelo denomina-se Mark I. O Inteceptor foi produzido em 3 variantes, hatchback, cabrio e coupé, todos de duas portas, e disponibilizando quatro confortáveis lugares.

Em 1969 apareceu o seu sucessor o Mark II, que introduziu pela primeira vez no mercado os discos de travão ventilados da Dunlop, um marco no sector automóvel. Mais tarde, em 1972 descobriram que o motor podia ser melhorado, mas que o melhor mesmo era alterá-lo. E assim nasceu de raiz o motor 7.2 litros com 390 cavalos, que foi considerado o mais potente alguma vez produzido pela Jensen, tornando-se assim o ultimo suspiro da marca, denominado Mark III. Mediante o ano de produção, o Interceptor foi dividido em 3 séries, G, H e J.
Mas nem tudo é beleza, o motor anda sempre com sede e existem muitos ruídos parasitas proveniente das janelas. A direção… a direção é absolutamente terrível, é vaga, parece que vamos aos comandos de um navio. Para pequenos alinhamentos é necessário virar muito o volante, o que até é admissível, porque a direção não foi feita para este mesmo carro – o construtor agarrou numa direção qualquer, como a do Triumph Stag, e montavam-a.

Mas mesmo assim, com tanto defeitos, é dos poucos clássicos que comprava, e sabes porquê? O seu design é capaz de nos tornar numa estrela de Hollywood, os flash não vão parar, as pessoas vão querer saber quem vai ao volante, vão querer saber quem é a estrela. Tornamo-nos um autêntico George Clooney! É claro que a polícia também, como não poderia deixar de ser, vai andar sempre a cheirar a nossa traseira que nem uns pervertidos à procura de razões para nos obrigar a soprar num tubo.
O Interceptor é um dos automóveis mais bonitos, desenhado pela prestigiada empresa italiana – (claro que tinha de ser italiana! Conceber obras de arte e automóveis são o seu “mojo”) – Carrozzeria Touring, sediada em Milão. Empresa esta, que está responsável pelo design de alguns dos mais belos automóveis existentes, como o Alfa Romeo 8C (1930), BMW 328 (1940), DB4 (1959), Maserati 3500GT (1957), e muitos outros Ferraris e Lamborghinis. Mais recentemente realizaram um estudo para a Bentley, um concept denominado Continental Flying Star (modelo baseado no Continetal GT).

No meio desta grande crise, uma empresa localizada em Inglaterra, a Jensen International Automotive, viu o potencial do Interceptor. E assim renasceu o ícone da indústria automóvel dos anos 70 adotando agora a insígnia R. A empresa tem como base o restauro e modernização do Interceptor, mantendo o espirito e a autenticidade, revendo apenas os problema que com ele nasceram, melhorando assim a potência, a performance e a dinâmica de condução.
Este automóvel mantém a alma, mas refinou-se, encontra-se agora com muito mais binário, e com um sistema de escape capaz de fazer frente a muitos desportivos. Uma autêntica droga saudável, menos para a nossa conta bancária… O motor foi substituído por um V8 da General Motors denominado LS3 de 430 cavalos de 6.200 cilindrada, proveniente do novo e cobiçado Corvette, e vem ainda acoplado a uma caixa automática de quatro velocidades. Tudo isto para dizer que esta “bomba” vai dos 0 aos 100 km/h em apenas 4,5 segundos.

Mas se por acaso vives no Dubai, e “sobrevives” com rendimentos provenientes do petróleo, então está disponível uma versão supercharged com mais de 600 cavalos acoplada a uma caixa manual de 6 velocidades capaz de chegar aos 100 km/h em menos de 4 segundos. Já o seu interior é totalmente forrado a pele, as borrachas foram substituídas, os frisos restaurados e maior parte do equipamento elétrico alterado, como os elevadores dos vidros. Já no exterior, o chassi é totalmente restaurado e pintado ao gosto do cliente.
Se estes argumentos são suficientes para ti, então fica a saber que são necessários 6 meses de trabalho para transformar um exemplar problemático do emblemático Interceptor. Mas se esperar também não é um problema, então prepara-te porque vais necessitar de aproximadamente 170 mil euros para ter o prazer de o ter na tua garagem. Uma ótima opção para quem ama conduzir e gosta de se sentir especial.

Ah! E não se esqueçam de passar pelo nosso fórum para falarmos melhor deste menino.


Texto: Marco Nunes