Clássicos Foi mais rápido que o BMW M4 no “inferno verde”. Este é o melhor Golf GTI de sempre

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Foi mais rápido que o BMW M4 no “inferno verde”. Este é o melhor Golf GTI de sempre

O Volkswagen Golf GTI Clubsport S é um dos GTI de produção mais radicais de sempre e chegou a ser o tração dianteira mais rápido no Nürburgring.

Guilherme Costa com Volkswagen Golf Clubsport S
© Razão Automóvel

O Volkswagen Golf está a celebrar 50 anos, mas não vamos falar disso. Hoje viajamos até ao passado recente do ícone da marca alemã (sétima geração), para conhecermos e conduzirmos aquele que é, provavelmente, o melhor Golf GTI de sempre: o Clubsport S.

O Volkswagen Golf GTI Clubsport S é uma espécie de Porsche 911 GT3 dos hot hatch. Uma máquina apurada em nome da performance no geral e de um objetivo em particular: ser o tração dianteira mais rápido no lendário circuito Nürburgring-Nordschleife.

E, em 2016, cumpriu o seu objetivo, quando bateu o primeiro Honda Civic Type R (FK2) turbocomprimido no circuito alemão, com um tempo de 7min49,21s (20,6 km). Esse exemplar que bateu o recorde é precisamente aquele que o Guilherme Costa teve oportunidade de conduzir e ele conta-vos tudo, no vídeo abaixo:

Golf GTI Clubsport: a receita

Se temos de apontar o dedo a alguém, teremos de o apontar ao Renault Mégane R.S. R26.R (2008). Foi este hot hatch radical o primeiro a esquecer as suas raízes de pequeno familiar para perseguir, obsessivamente, o título de tração dianteira mais rápido no “inferno verde”. Nada foi deixado ao acaso para o conseguir.

A Renault Sport despiu o Mégane de tudo o que não precisava para atingir esse objetivo. Perdeu os bancos traseiros, ganhou um roll bar e até as janelas traseiras em vidro foram substituídas por outras em policarbonato. Acabou por perder mais de 120 kg e conquistou o recorde. As hostilidades estavam abertas.

SEAT e Honda foram as primeiras a responder ao desafio com o Leon Cupra e o primeiro Civic Type R turbocomprimido. A Volkswagen não quis ficar de fora. Afinal, é a marca do Golf GTI, “o” hot hatch.

O mote estava dado para transformar o Golf GTI no devorador de circuitos Clubsport S e a receita para o conseguir foi, sobretudo, pela combinação de dois ingredientes: mais potência e menos peso.

Do lado da potência esta foi elevada dos 230 cv até aos 310 cv (e 380 Nm de binário), extraídos do EA888, o bloco de quatro cilindros com 2,0 l de capacidade e turbocompressor que ainda hoje equipa tanto o Golf GTI como o Golf R.

Volkswagen Golf GTI Clubsport S no Nurburgring
© Volkswagen Os 265 cv permitiam ao Golf GTI Clubsport S atingir os 100 km/h em apenas 5,8s e alcançar os 265 km/h de velocidade máxima.

Do lado do peso, também não se fizeram rogados. A Volkswagen começou por eliminar o banco traseiro do Golf GTI. Depois trocou a bateria por outra mais pequena e eliminou material insonorizante, a bandeja do piso da bagageira, a chapeleira, os tapetes e os amortecedores do capô. Um subchassis em alumínio substituiu o normal em aço.

Algum do peso perdido acabaria por ser reposto: ganhou uma barra anti-aproximação, uma rede atrás dos bancos e uma nova carpete na traseira. E é impossível não reparar no roll bar atrás dos dois passageiros.

No final, o Golf GTI Clubsport S perde modestos 30 kg em relação ao GTI, declarando 1285 kg (DIN; ou 1360 kg se incluirmos condutor e bagagem da norma EU), mas a relação peso-potência não deixa de ser muito respeitável: 4,15 kg/cv.

Resultado: devastador

Apesar de não ter ido tão longe como alguns dos esforços da Renault Sport, a Volkswagen estava confiante, já que as adições efetuadas e a recalibração do chassis deram ao Golf GTI Clubsport S tudo o que precisava para bater o almejado recorde.

Nunca é demais realçar o que alcançou em 2016. Não só se tornou o tração dianteira mais rápido no Nürburgring, como chegou a ser mais rápido no lendário circuito que máquinas bem mais sérias como o BMW M4 (F82) da altura (430 cv e tração traseira).

Para mais, é importante lembrar e destacar que o Golf GTI Clubsport S era manual (caixa com seis relações). A Volkswagen viu mais vantagens nos menos 20 kg na caixa manual do que na maior rapidez da caixa DSG.

Já passaram mais de oito anos sobre o feito do Volkswagen Golf GTI Clubsport S e, desde então, como seria de esperar, o seu recorde já foi batido… várias vezes. Hoje, está «nas mãos» do Honda Civic Type R (FL5) com um tempo de 7min44,881s (20,832 km).

Se o recorde ficou para trás, permanece a experiência de condução muito mais acutilante e imersiva, que torna este GTI muito mais especial que os outros. É isso que o Guilherme não se cansa de realçar no vídeo acima.

A contribuir para o caráter especial desta máquina, a Volkswagen fez apenas 400 exemplares do GTI Clubsport S e a unidade que conduzimos, precisamente aquela que bateu o recorde, é a número 000.

Resta-nos apenas desejar que a Volkswagen volte a dar luz verde para que os seus engenheiros possam criar uma máquina tão especial como esta.