Lombas são um mal necessário. Mas 18 em apenas dois quilómetros?

Depois de uma era em que todas as semanas pareciam surgir novas rotundas, agora parece ter chegado a era das lombas. Em qualquer estrada que receba uma nova camada de asfalto, quase que poderia apostar no «nascimento» de mais algumas lombas.

Eu consigo perceber (e respeitar) a sua existência. São uma forma eficaz de reduzir a velocidade de circulação dos automóveis, sobretudo em zonas mais sensíveis, como na proximidade de escolas ou até centros de saúde, por exemplo.

Mas 18 lombas em apenas dois quilómetros de extensão, como acontece numa rua que tenho de passar todos os dias? E sete delas, em menos de 600 metros.

São dois quilómetros que parecem uma eternidade, principalmente naqueles dias que o relógio parece estar contra mim.

Basta apanhar à minha frente um autocarro, por exemplo, para que tudo demore ainda penosamente mais. É que nesses dois quilómetros há apenas dois pontos com traço descontínuo que permitem ultrapassar. Um em frente a uma escola secundária e outro numa curva sem visibilidade. A sério.

E ainda não falei nas variações de tamanho entre as várias lombas — ou Lombas Redutoras de Velocidade (LRV) como é o seu nome oficial. Até porque a minha «métrica» fica entre o suspiro com um revirar de olhos e os insultos provenientes de quem viaja atrás.

Nas maiores, não é muito difícil alguns veículos rasparem a parte inferior do para-choques ao passar pela lomba, mesmo a uma velocidade reduzida — se calhar o melhor é mesmo comprar um SUV.

A longo prazo e neste percurso em particular que passo diariamente, será que vai acelerar o desgaste de componentes como na suspensão ou apoios de motor do meu veículo? Acredito que sim.

Antes das lombas, eram as rotundas

Há apenas alguns anos, a piada das rotundas surgia muito frequentemente. Não por ser uma piada, mas porque já existiam num número tão elevado e por vezes em locais tão estranhos que até pareciam mesmo uma piada.

Rotundas

Fiquem a conhecer as rotundas “osso de cão”

As rotundas “osso de cão” parecem estranhas, mas começam a ser as preferidas quando é preciso ligar vias rápidas a outras estradas mais pequenas.

Fernando Gomes

Agora, com o novo «flagelo» das lombas, voltei a lembrar-me dos tempos das rotundas. Apesar de tudo, é mais um daqueles assuntos que não tem piada nenhuma, pela questão do exagero.

Para onde foi o bom julgamento e o bom senso? Será que eram precisas mesmo tantas lombas para garantir o efeito desejado de redução de velocidade de circulação nessa rua? Consideraram outras possibilidades como a instalação de semáforos de controlo de velocidade?

Por muito que me tente abstrair do tema, há 18 lombas no meu caminho que não me permitem. Todos os dias. No mínimo, duas vezes. Ou seja, 36 lombas. Fora as que encontro além destes dois quilómetros.

André Mendes

Jornalista automóvel desde o final dos anos 90. Assistiu às grandes transformações do setor e acredita que o melhor ainda está para vir.

Lombas, Segurança Rodoviária, Trânsito