Crónicas Até que o IUC nos separe

IUC

Até que o IUC nos separe

Manter, vender ou mandar abater. O aumento do IUC no OE 2024 promete mexer com os nervos e com a garagem de muitos portugueses.

© BMW AG

Sob o chapéu do ambientalismo e do combate às emissões, o Governo anunciou que o valor o Imposto Único de Circulação (IUC) dos carros anteriores a 2007 vai caminhar progressivamente para igualar a tributação dos carros mais modernos.

Já muito se escreveu e disse sobre este tema — recordem o podcast da Razão Automóvel sobre esta temática. Nomeadamente como esta medida penaliza desproporcionadamente aqueles que têm menos posses e que, por isso mesmo, têm carros mais antigos.

Mas neste particular, à excepção dos veículos 100% elétricos, esta é uma medida que não poupa nada nem ninguém. Por isso, há outra categoria de automóveis que estão na berlinda: os carros de fim de semana ou de recreio. Um problema menor, é certo, mas ainda assim, um problema.

A NÃO PERDER: Medina não recua na subida do IUC para carros mais antigos: “São só dois euros por mês”

Falo daqueles carros que temos na garagem por outros motivos que não a mobilidade: motivos sentimentais, prática de todo o terreno de lazer, ou simplesmente para dar uma volta ao fim de semana.

Carros cujo valor comercial é baixo e o interesse enquanto veículo histórico não existe — até ver, os carros com certificado de interesse histórico mantêm a isenção. O que fazer com eles?

Imaginem quem tem, por exemplo, um Mitsubishi Pajero na garagem para fazer uns passeios ao fim de semana — sim, Miguel, estou a pensar em ti. O IUC vai passar dos atuais 70 euros para uns escandalosos 490 euros. Isto no caso da versão 2.5 Turbo Diesel, porque a versão com motor 2.8 Turbo Diesel o valor do IUC vai insuflar até aos 799 euros.

Faz sentido manter muitos destes carros com os custos de propriedade a disparar? É a questão que muitos portugueses colocam nesta altura.

A consequência é óbvia e qualquer cidadão sabe a resposta: aumentar os impostos de um determinado bem reduz o seu consumo.

Por isso, para muitos destes carros o destino está traçado: ou o valor sentimental supera o custo financeiro, ou o caminho é a venda — com uma desvalorização previsível —, ou até mesmo o abate.

Até que o IUC nos separe.