Crónicas A primeira vez que «conduzi» um carro elétrico tinha sete anos

Corridas à escala

A primeira vez que «conduzi» um carro elétrico tinha sete anos

Os carros elétricos seguem-me desde criança e protagonizaram corridas épicas na sala lá de casa. Mas estes não precisavam de ser carregados…

Carro de slot pista
© pxhere

Este artigo faz parte do Especial Calendário do Advento 2023. Neste Natal dê crédito aos seus sonhos com o Banco Credibom.

A primeira vez que «conduzi» um carro elétrico tinha sete anos e fi-lo no tapete da sala de minha casa, numa pista repleta de loops e com curvas mais inclinadas do que o circuito oval de Terramar.

Eu sei que juntei uma mixórdia de temas e ideias num só parágrafo. Foi propositado. Mas a explicação para isto é, na verdade, bem simples e chama-se: carros de slot.

Tenho a certeza de que muitos dos leitores que estão a ler este artigo estão familiarizados com o conceito, mas se é um daqueles que nunca ouviu falar disto, aqui vai uma definição muito simplificada: tratam-se de pequenos carros em miniatura (podem ter várias escalas), alimentados por um motor elétrico, que são guiados por uma fenda ou ranhura ao longo de uma pista.

Se quiser uma explicação mais completa, então convido-o/a a verem esta espécie de guia de carros de slot em vídeo:

Para muitos o slot é um hobby muito sério, onde é fácil gastar muitos milhares de euros em busca do carro mais rápido ou do circuito perfeito. Há inclusive quem entre em competições e esteja inscrito em clubes onde pode treinar e afinar o seu carro para a próxima corrida. E está tudo certo. Mas eu nunca vi o slot como algo tão significativo.

Há muitas razões para sonhar, mas o melhor é fazer. Simule um Crédito Pessoal Credibom.

Para mim sempre foi um simples passatempo e, acima de tudo, uma forma de diversão. Tal como são os videojogos. E tudo começou com aquela pista que recebi aos sete anos, no Natal, com os tais loops de que vos falava acima.

Infelizmente não tenho maneira de ilustrar esta minha introdução ao slot, mas posso contar-lhe o que se seguiu. Era uma pista básica, com peças com grafismos fluorescentes gravados no «asfalto» e com dois carros meio genéricos: nem me lembro se tinham marca.

Lembro-me, sim, que as conexões desta pista saiam com facilidade e que os loops eram feitos com tanta velocidade que era muito comum os pequenos carros «aterrarem» fora da «estrada». Felizmente havia sempre um tapete por baixo pronto a amparar a queda.

O «bicho» pelo slot ficou, mas confesso que o tempo útil desta pista não foi longo. Só anos mais tarde, já com uns 12 ou 13 anos, percebi o mundo que havia dentro da palavra slot.

© Renault Quem sabe esta nova pista da Renault, com dois Renault 5 elétricos, não é o meu próximo desejo de Natal…

Isto coincidiu com a democratização da marca SCX no nosso país e como não poderia deixar de ser, voltei a pedir uma pista de slot aos meus pais no Natal. E daqui em diante nada foi igual.

A primeira pista que recebi chamava-se Monza (era uma mera identificação, o traçado não estava relacionado) e vinha acompanhada por dois carros de Fórmula 1, o McLaren Mercedes de Kimi Raikkonen e o Jaguar Racing do espanhol Pedro de la Rosa, ambos na escala 1:32.

Pista Slot SCX Monza
© SCX Esta foi a primeira pista (a sério) que recebi

O ritual repetiu-se e voltei a montar esta nova pista, já com um aspeto bem mais real e com um tamanho significativamente superior — e a velocidade dos carros também.

Este kit que recebi vinha acompanhado por um contador de voltas digital e quase todos os dias eu fazia corridas de 100 voltas, muitas vezes a controlar os dois carros (quando nenhum dos meus primos alinhava numa maratona).

Não foi preciso esperar muitas semanas até começar a chatear os meus pais para me comprarem mais carros e mais peças de pista, para que pudesse fazer um circuito ainda maior. Felizmente o meu pai sempre gostou de miniaturas — temos ambos uma coleção de miniaturas de comboio na escala HO —, e foi alimentando com alguma frequência este meu desejo.

Pista Slot SCX Junior Cup
© eBay

Seguiram-se umas peças de reta e algumas curvas (vendiam-se aos pares) e mais uma pista completa, mais pequena e com a temática de rali, que trazia dois novos carros. E que dois: Subaru Impreza WRC e Mitsubishi Lancer Evolution WRC.

A diferença para os Fórmula 1 é que estes tinham tração às quatro rodas, que lhes dava outra aderência nas curvas, o que me levou cada vez mais a tentar recriar circuitos mais técnicos.

LEIAM TAMBÉM: Hoje, há mais de 30 anos. Estavas a brincar com o quê?

Daqui em diante a «febre» do slot não me voltou a largar e dentro de pouco tempo o aparato era tal que o meu pai me resolveu construir uma mesa em madeira para começarmos a construir uma pista mais definitiva, na cave lá de casa. Podem vê-la aqui:

A pista foi crescendo e a coleção de carros também: lembro-me perfeitamente de receber um Chevrolet da NASCAR com a decoração da Pennzoil, um Audi TT DTM com a decoração da Red Bull, o Renault com que Fernando Alonso ganhou o primeiro título de campeão do mundo de F1, em 2005, e o Mercedes-AMG CLK DTM com a decoração da Vodafone.

Mas houve três modelos que andaram mais do que todos os outros e que mesmo hoje em dia têm um lugar especial na minha coleção de miniaturas: Mercedes-Benz CLK GTR Team Original-Teile, Dome Judd S 101 e Honda NSX ARTA.

Mercedes CLK GTR Slot
© Miguel Dias A carroçaria de um Lancer Evolution WRC, o McLaren F1 de Lewis Hamilton e o Mercedes-Benz CLK GT Team Original-Teile

Estes três foram especiais e em muitas ocasiões fizeram com que a minha cave deixasse de ser a minha cave e passasse a ser o Circuito de la Sarthe, a «casa» das 24 Horas de Le Mans.

Alguns destes carros já contavam até com iluminação própria, pelo que havia sempre uma paragem estratégica nas boxes — na altura, antes da era do slot digital, esta paragem mais não era do que um «pousar de comando» e uma corrida até ao interruptor mais próximo para desligar as luzes — para simular o período da noite.

Dome Judd SCX Slot
© eBay Um dos carros preferidos da minha coleção: Dome Judd S 101

Foi sempre isto que me fez gostar de slot. Não tanto a mecânica dos carros em si, que aprendi a valorizar assim que percebi que sem manutenção era impossível manter os carros em «forma» durante muito tempo, mas mesmo a parte das corridas. Bastava escolher um carro e correr. Não era preciso mais nada.

A NÃO PERDER: O melhor jogo de automóveis não é um jogo de automóveis

Com o passar do tempo eu e os carros de slot fomos seguindo caminhos distintos. Com muita pena minha. Simplesmente não tenho espaço na minha casa atual para ter a minha pista montada. Mas ela continua a funcionar, na cave da casa dos meus pais e sempre que lá vou gosto de a ligar.

Renault 5 elétrico slot
© Renault Digam lá se este Renault 5 Turbo 3E não ficava bem na minha coleção…

Claro que para conseguir fazer meia dúzia de voltas acabo sempre a perder mais tempo a limpar as «calhas» e os carros do que propriamente a correr, mas a sensação no final compensa. Porque para mim, quando penso em carros elétricos, são estes pequenos «diabretes» que me vêem sempre à cabeça.

Este artigo faz parte do Especial Calendário do Advento 2023. Neste Natal dê crédito aos seus sonhos com o Banco Credibom.