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Crónicas Cinco carros usados e baratos que ainda podem valorizar

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Cinco carros usados e baratos que ainda podem valorizar

Tenho um vício. Procurar carros que não me fazem verdadeiramente falta. Nesta lista reúno alguns modelos que ainda não foram afetados pela febre dos clássicos.

Portugal não é um bom país para se gostar de automóveis. Sejam novos ou usados.

Nos carros novos, somos dos países com a tributação mais alta. Nos usados temos uma procura muito grande que inflaciona os preços.

Pior. Quando o assunto são automóveis que despertam alguma paixão, parece que o «céu é o limite» em termos de valorização.

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Felizmente, há alguns modelos que continuam abaixo do radar e que ainda podem morar na nossa garagem a custos controlados.

Boa notícia? Se o negócio for bom, quando chega a altura de vender dificilmente perdemos dinheiro.

Não são carros para andar diariamente — desculpem, mas para isso não há nada melhor que um automóvel recente. São carros para os tempos livres. Esta é minha lista, mas aceito sugestões.

Uma lista totalmente pessoal

Os cinco modelos que coloquei nesta lista são uma escolha pessoal. São modelos que admiro e que me dizem alguma coisa. Não são um conselho de investimento.

Até porque as variáveis que influenciam os preços dos usados são mais que muitas. Querem um exemplo? O nosso Mercedes-Benz 190 (W201).

Há no mercado de usados, unidades três e quatro vezes mais baratas do que aquela que comprámos. Mas decidimos comprar uma das mais caras e valeu a pena.

Na minha lista de pesquisas de classificados — como o Pisca Pisca por exemplo — há carros que estão sempre entre os mais procurados. Uns já moram na minha garagem, outros podem vir a morar um dia.

Gostava que também partilhassem comigo as vossas escolhas.

Renault Twingo (1993-2001)

Renault Twingo

Fiável, espaçoso, prático e divertido. Ainda é relativamente fácil encontrar este modelo que revolucionou o segmento dos citadinos abaixo dos 1000 euros.

As unidades em melhor estado podem duplicar ou triplicar este valor. É um modelo que, na minha opinião, tem tudo para ser um clássico de culto.

As cores vivas, o interior modular, o design irreverente… enfim, uma lufada de ar fresco que não perdeu frescura com o tempo.

Renault Twingo interior
Problemas? A escassez de peças para o interior. Felizmente a comunidade Twingo nos fóruns e redes sociais é cada vez maior.

É um modelo cheio de carácter que tem nas versões com teto de lona a sua versão mais interessante. As mecânicas são fiáveis e nas versões posteriores a 1996 já têm potência suficiente para enfrentar qualquer deslocação.

Entretanto, nos EUA começou a moda dos carros franceses. O Twingo é um dos modelos «ao barulho» e já há unidades deste modelo a atravessarem o Atlântico.

VEJAM TAMBÉM: Tesla Cybertruck copiou (descaradamente) o Renault Twingo

FIAT Panda / SEAT Marbella (1989-2003)

Fiat Panda MK1

Esqueçam as versões 4X4 — eu disse carros baratos e o Panda 4×4 há muito tempo que abandonou essa categoria.

Num mundo cada vez mais complexo, o charme do pequeno Panda está na sua simplicidade.

Fiat Panda MK1
Na configuração certa, é um modelo cheio de caráter — daqueles que parece convidar-nos a viver a vida.

Gostava de ter um Panda / Marbella. Ainda só não aconteceu porque o Twingo não quer ceder o lugar. Mas confesso que ainda estou arrependido por ter deixado escapar um FIAT Panda 750 CL com 70 000 km. Pediam 900 euros, negociáveis.

Fui burro, não precisava de nada. Pelo menos até eu o comprar...

Alguns dirão que é um modelo sem grande apelo. Eu também já tive essa opinião. Depois, numa visita a Itália vi alguns em combinações de cores muito giras e ganhei o gosto por este simpático citadino.

Além disso, tem debaixo do capô um pequeno pedaço de história da engenharia automóvel. O lendário motor FIRE da Fiat. Nem que fosse só por isso, já merece a nossa atenção.

Lada Niva (1977-presente)

Lada Niva

Vive-se uma verdadeira loucura no segmento dos todo o terreno usados.

Querem um exemplo? Pesquisem pelo Mitsubishi Pajero. Unidades com mais de 400 000 km, com o interior maltratado e exterior no mesmo estado valem mais de 6000 euros.

Mitsubishi Pajero
Unidades do Pajero com mais de 400 000 km por mais de 6000 euros? Nada contra. É o mercado a funcionar: há procura, os preços aumentam.

A verdade é que os todo o terreno estão cada vez menos acessíveis. No entanto, há um modelo que continua — como sempre aconteceu — a preservar alguma acessibilidade: o Lada Niva.

É difícil encontrar uma unidade em bom estado. Mas a mecânica é simples, os componentes robustos e é relativamente simples levar a cabo um restauro caseiro.

Se encontrarem um com o chassis «direito», transmissão em bom estado e motor a trabalhar não se deixem intimidar pelas mossas na carroçaria. Têm aí um belo projeto para 2023.

Mercedes-Benz 190 (1982-1993)

É talvez a «última paragem» deste modelo antes de ser banido do «clube das bagatelas».

Quando foi lançado era um verdadeiro compêndio tecnológico — partilhei alguma da sua história neste vídeo. Como vemos diariamente, ainda há muitas unidades em circulação, o que atesta a qualidade da sua engenharia e construção.

Mercedes-Benz 190d
Encontrar unidades em mau estado é fácil. O difícil é encontrar uma unidade em estado razoável que não exija grandes investimentos. © Thom V. Esveld
Conheço muito bem este modelo. Tenho um coração mole e facilmente me apaixono por carros que, para quem não gosta destas lides, são verdadeiros «chaços».

Como podem atestar por este artigo escrito em 2019, o gosto por este modelo nascido em Estugarda é um namoro de longa data. Demorei dois anos até encontrar o 190 que queria, ao preço que estava disposto a pagar.

É daqueles modelos que acredito que vai valorizar. À medida que as unidades «sem salvação» saírem de comercialização — e que ajudam a manter os preços em níveis aceitáveis — as unidades em bom estado ou estado razoável farão o seu caminho.

Lá fora a valorização já começou. Visitei o ano passado uma feira de clássicos na Alemanha e este foi o cenário que encontrei.

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Audi TT (1998-2006)

Audi TT

É para mim um dos modelos da Audi mais belos de sempre — ou não tivesse sido desenhado por Freeman Thomas e supervisionado, na sua transição para a produção, por Peter Schreyer. Houve uma época em que não me parecia estar a envelhecer bem, mas com o passar do tempo o seu design está a ganhar novamente encanto.

O preço no mercado de usados caiu a pique durante muito tempo. Depois entrou naquela espiral que nós conhecemos: começou a ser adquirido por jovens intrépidos, que o alteravam de forma duvidosa e começou a ser associado a valores menos bons.

Citroën Saxo Cup
O Citroën Saxo Cup passou pelo mesmo calvário. É um excelente pocket-rocket mas só agora começou a perder a conotação com o street racing.

Na versão roadster, ainda é dos descapotáveis mais baratos do mercado. Não acredito que sofra grande valorização, mas pelo menos não perderá valor. E isso é algo muito positivo.

Há modelos há venda no mercado que podem estar inflacionados. O Audi TT não é um deles.

audi_tt_roadster
Debaixo do capô encontramos um motor muito competente. Na versão menos potente contamos com o fiável e voluntarioso motor 1.8 com 150 cv.

Além disso, é um carro relativamente prático. Conduzi um Audi TT de primeira geração apenas durante uns escassos 30 minutos, mas gostei da experiência. É aquele segundo carro que eu gostava de ter na garagem para passear ao fim-de-semana.

A variação de preços é gigante

Não é difícil encontrar alguns dos modelos que mencionei com discrepâncias de preços enormes.

Se estão à procura de um carro usado ­— com potencial para virar clássico — levem tempo a procurar. Os valores pedidos por vezes são elevados. É por isso que às vezes se perpetuam à venda sem encontrarem novo dono.

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Procurem unidades em bom estado, de preferência sem modificações. Qualquer reparação tem custos substanciais. Dependendo do carro em questão, podem inclusivamente superar o seu valor comercial.

O conselho de alguém que já se equivocou várias vezes? Não procurem o mais barato. Procurem pelo valor justo. Levem tempo e não comprem por impulso.

Esta última parte é muito importante: esperar! Não é um carro, é uma mota, mas o princípio é o mesmo. Estive um ano à espera de encontrar a Honda NX 250 certa. Valeu a pena.

Se obedecerem a estas regras, certamente vão conseguir encontrar algum carro que poderá habitar a vossa garagem por custos reduzidos, que vos trará boas memórias e quando o venderem provavelmente não perderão dinheiro.

Há mais modelos que poderia acrescentar a esta lista. Faço mais uma crónica ou não? Aguardo as vossas sugestões. Agora se me permitem, vou procurar um Lada Niva… até já.

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