Crónicas Arganil vs Fafe. Qual a “capital” do Rally de Portugal?

Rally de Portugal

Arganil vs Fafe. Qual a “capital” do Rally de Portugal?

O Rally de Portugal ainda é a «prova-mãe» dos apaixonados pelo desporto automóvel em solo nacional, responsável por memórias incríveis.

© Toyota

Depois de ter ouvido o último Auto Rádio, um podcast da Razão Automóvel com o apoio do PiscaPisca.pt, sobre a edição do Rally de Portugal que está agora a decorrer, foi impossível não viajar um pouco no tempo, recordando edições mais antigas.

Mesmo para quem deixou de ligar — pelo menos, tão entusiasticamente —, ao desporto automóvel como muito dos portugueses, há eventos realizados neste pequeno cantinho da Europa que não podem passar despercebidos e um deles, obviamente, é o Rally de Portugal.

É sempre espetacular quando temos a «sorte» de poder assistir a um Grande Prémio de Fórmula 1 em solo nacional, ou quando vemos o Miguel Oliveira em mais uma prova do Moto GP. Mas tudo isso é passado em ambientes controlados e, sejamos francos, não é a mesma coisa.

O Rally de Portugal é «aquela» prova a que todos podemos ir assistir e que eu ainda associo à estrada da Lagoa Azul, sentado nas cavalitas do meu pai, a celebrar a passagem de cada um dos «monstros» do Grupo B que ainda tive a sorte de ver ao vivo. Ali, mais ou menos a um palmo ou dois de distância. Outros tempos.

Enquanto ouvia o Auto Rádio, não pude deixar de partilhar o entusiasmo, tanto do Guilherme Costa, como do convidado João Mendes Dias, o Diretor de Operações do Automóvel Club de Portugal (ACP), que conversavam obre a experiência que é assistir a este evento.

Aliás, para ser honesto, até me deu vontade de regressar aos troços para assistir, algo que não faço desde que deixei de ter as tais cavalitas para subir.

Arganil ou Fafe?

Uma das (grandes) questões levantadas foi sobre qual a «capital» do rali português: Arganil ou Fafe? Todos os anos há uma espécie de rivalidade (saudável) por este título, mas sobre a qual, confesso, não tenho resposta.

No entanto, convivi anos de perto com jornalistas que saíam da redação cheios de entusiasmo para ir cobrir mais uma edição do Rally de Portugal. E que regressavam, passados uns dias, com a roupa, os portáteis e as máquinas fotográficas cheias de pó, mas com um sorriso ainda maior que aquele que tinham quando saíram.

WRC Rally de Portugal 2023
© Red Bull Content Pool WRC Rally de Portugal 2023

Um deles é o Tito Morão, que já esteve em «uma ou duas» — parecem mais 50… — edições do Rally de Portugal e com quem conversei um pouco sobre o tema para procurar uma possível resposta. Obrigado, Tito.

Para quem esteve no terreno, os «defensores» de Arganil ou Fafe dividem-se em partes iguais, 50-50. Há quem “puxe a brasa à sua sardinha” de um lado e quem “leve a água ao seu moinho” do outro.

Fafe é a «casa» do salto mais mediático do rali e, se calhar, de todo o campeonato mundial. É nesta zona que se reúnem muitos dos fãs mais recentes do Rally de Portugal e onde se concentra muito do espetáculo da prova. E é também aqui que podemos encontrar a rocha onde se encontra a pintura de Colin McRae que serve de «memorial» ao piloto escocês.

Arganil tem outro carisma, provavelmente com mais valor para os seguidores veteranos da prova. Nesta localidade estão algumas das memórias mais históricas do Rally de Portugal, com troços que chegaram a ter mais de 40 km e que exigiam um enorme par de… pulmões, de forma a respirar bem fundo, antes de os superar o mais rapidamente possível. Arganil remete-nos para um tempo que se vivia a prova de uma maneira diferente.

Eu e o Tito, confesso, falhámos a chegar a uma conclusão definitiva, mas o que é certo é que Fafe e Arganil continuam a ser dois dos principais motivos, entre tantos outros, que fazem — e continuarão a fazer — do Rally de Portugal o evento do ano para os apaixonados do desporto automóvel.

Caso tenha ficado com mais curiosidade, há um podcast que é o aperitivo perfeito antes de arrancar para uma das zonas onde poderá assistir de perto a esta prova.