Os nossos filhos vão tirar a carta de condução?

Há dias, enquanto folheava um álbum de fotografias antigas, tropecei numa que me chamou a atenção. Era eu, com uns quatro anos de idade, a conduzir o meu «primeiro carro» no jardim público de Grândola.

Tal como muitos de vocês, eu também era aquela criança que sabia todas as marcas de automóveis de «cor e salteado». Recordei-me disto hoje, a propósito do dia que celebramos hoje: o Dia Mundial da Criança.

O gosto pelos automóveis foi algo que fiz questão de ir alimentando ao longo do tempo. Cresci a olhar para o automóvel como uma extensão de nós, um símbolo de liberdade, de independência e, porque não, uma paixão.

Memórias

Também já foste esta criança

Quando era criança, eu e os meus amigos avaliávamos os automóveis de acordo com um critério muito simples: o velocímetro. Fiquei surpreendido por não sermos os únicos.

Guilherme Costa

Talvez por isso, na minha geração — que nasceu e cresceu entre a década de 80 e 90 — tirar a carta de condução era um ritual de passagem, um marco na estrada da maturidade. Mal podíamos esperar por esse momento.

Agora que sou pai não posso deixar de me questionar: será que o meu filho vai realmente querer tirar a carta? Não é uma pergunta retórica. É uma questão de fundo que me remete para uma reflexão mais ampla sobre o nosso relacionamento com os automóveis e a mobilidade.

As novas gerações têm à sua disposição serviços de mobilidade, como Uber e car sharing. Adicionalmente, os nossos filhos vão crescer numa época em que os veículos elétricos e — eventualmente…— autónomos vão ser uma realidade.

Não espero ver o meu filho a tirar a carta num carro a combustão com mudanças manuais como eu fiz há mais de 20 anos e como ainda acontece hoje em dia. E não sei como será no futuro, muito sinceramente.

Condução

Também tirei a carta de condução num Opel Corsa

É possível que mais de um milhão de portugueses tenham aprendido a conduzir ao volante de um Opel Corsa. Ninguém esquece o carro da instrução, pois não?

Guilherme Costa

O futuro dos nossos filhos, tal como o futuro dos automóveis, ainda é um livro por escrever e não sei qual será o papel dos automóveis nessa história.

Contudo, tenho a certeza de uma coisa: quer ele partilhe a minha paixão por carros ou não, vou apoiá-lo em cada curva do caminho. E até lá, vou contar-lhe muitas histórias sobre automóveis e tentar esta paixão perdure.

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Guilherme Costa

Desde muito cedo trocou a companhia dos brinquedos pelas revistas de automóveis. Alimentado por essa paixão em 2012 fundou a Razão Automóvel.

Carta de condução, Crónicas, Dia da Criança