Crónicas A minha primeira noite de campismo foi numa Volkswagen California

Campismo

A minha primeira noite de campismo foi numa Volkswagen California

Desafiaram-me a percorrer mais de 500 km na Eslovénia com a nova Volkswagen California e a viver nesta pequena autocaravana durante três dias. Este é o relato de quem, até fazer esta viagem épica, nunca tinha acampado.

Volkswagen California Eslovénia
Sofia Teixeira / Razão Automóvel

Sim, é verdade: até fazer esta viagem, nunca tinha acampado. Todas as noites da minha vida foram passadas ao abrigo de uma estrutura robusta, em cima de uma cama mais ou menos confortável e raramente com as janelas abertas. A ideia de acampar nunca me tinha seduzido o suficiente para se concretizar — até agora.

Após anos a viver em meio urbano, passar umas noites no meio da natureza e trocar o barulho da cidade pelo cantar dos pássaros de madrugada, já me começava a soar bem melhor. Por isso, quando me perguntaram se queria fazer uma road trip pela Eslovénia na nova geração da Volkswagen California, a minha resposta foi imediatamente: Sim.

A viagem começou como muitas outras deste estilo: com um briefing sobre o que nos esperava nos próximos três dias. A primeira coisa que nos dizem? “Este não vai ser um acampamento glamping — mas sim uma experiência autêntica de campismo.”

Confesso que, sendo uma estreia para mim, fiquei um pouco preocupada ao ouvir estas palavras. No entanto, após conduzir 600 km e passar duas noites na Volkswagen California, posso-vos dizer que acampar nesta autocaravana é um pequeno luxo.

Saímos do aeroporto de Ljubljana (capital da Eslovénia) em direção aos Alpes Julianos, naquela que seria a parte mais bonita da viagem. Um percurso de 140 km que atravessava o parque nacional de Triglav pela passagem de montanha Vršič Pass e descia até ao vale do rio Soča. Subimos até aos 1611 m de altura por curvas e contracurvas que revelavam vistas verdadeiramente impressionantes e nos levavam a parar e sair do carro inúmeras vezes.

Manobrar a California nestas estradas sinuosas (e por vezes à chuva) foi surpreendentemente fácil. Achei-a leve, ágil e com um tamanho prático: os seus 5173 mm de comprimento e 1941 mm de largura não se fizeram sentir, mesmo para alguém como eu, que não costuma conduzir veículos desta dimensão.

Com o reflexo das montanhas no retrovisor, seguimos rumo ao último ponto de encontro do dia, o parque de campismo Lazar. Foi lá que passámos a primeira noite, após um jantar de churrasco ao ar livre com uma fogueira a iluminar o nosso acampamento — estava calor, mas ninguém recusou a companhia das chamas.

Volkswagen California, uma pequena casa sobre rodas

Dica: preparem a California para uma noite de campismo antes do sol se pôr. Principalmente se for a primeira vez que o vão fazer. Dessa forma, escusam de o fazer à luz da lanterna e a tentar impedir que os mosquitos — que, felizmente, não picavam — entrem dentro do carro.

Ainda assim, a verdade é que os engenheiros responsáveis pelo desenvolvimento da California simplificaram todo o processo ao ponto de qualquer pessoa conseguir montar «a sua casa» de forma rápida e fácil, a qualquer hora do dia.

Na versão que conduzi, a topo de gama California Ocean, a tenda que fica por cima do tejadilho sobe e desce de forma automática, através de um botão físico que está sempre à mão, na moldura do ecrã multimédia.

Para se movimentarem dentro do carro com mais facilidade, vale a pena subir o tejadilho — de forma a poderem estar em pé lá dentro — e abrir as portas deslizantes, agora de série de ambos os lados dos bancos traseiros. Os blackouts térmicos, para os vidros que não têm painéis embutidos, são magnéticos nas janelas laterais da frente e seguram-se facilmente no para-brisas com a ajuda das palas. Com todos os vidros tapados, está assegurada a privacidade total.

Chegado o momento de guardar tudo o que trouxeram para a vossa aventura, não faltam espaços de arrumação e soluções que fazem da California uma verdadeira casa sobre rodas. Desde a mini-cozinha com fogão, lavatório e um frigorífico (que podem ligar e desligar facilmente), até à mangueira de chuveiro na traseira. Em várias zonas do veículo encontramos tomadas USB-C e ainda tomadas convencionais de 230 V, onde podem carregar ou ligar todo o tipo de dispositivos e aparelhos.

Para manter os mosquitos longe (e não chatear os vizinhos) podem ativar o Modo Camping, que faz com que as luzes do habitáculo e os faróis não se liguem quando abrem o carro. Com um simples duplo toque em qualquer luz do interior do veículo, todas se desligam. Acreditem, dá imenso jeito.

Na hora de dormir, podem ficar a fazer scroll infinito no telemóvel até às horas que quiserem, pois há uma tomada de carregamento USB-C no piso superior. Este é sem dúvida o melhor «quarto» da California — principalmente em noites quentes, quando abrir as janelas desta tenda (todas com redes mosquiteiras incluídas) permite refrescar o espaço.

No segundo dia, partimos rumo ao sul da Eslovénia. Foram cerca de 300 km de estrada com uma paragem no famoso castelo Predjama do séc. XII, construído na entrada de uma gruta.

A última paragem do dia seria numa praia banhada pelo Mar Adriático, nos escassos 47 km de costa que a Eslovénia oferece. A noite seria passada na quinta de Monte Rosso, em solo croata, com vista para a costa eslovena e italiana.

Neste segunda e última noite, transformar a California de um veículo de viagem para um de campismo, já sabendo todos os truques, demorou escassos minutos. Uma simplicidade que permitiu aproveitar o melhor que esta experiência tem para oferecer: o contacto com a natureza e o convívio com os companheiros de viagem.

Relacionado Autocaravanas perdem desconto do ISV. Aumentos previstos superiores a 10 mil euros

Ao fim de três dias e cerca de 600 km ao volante da Volkswagen California, o balanço é extremamente positivo. As dimensões desta autocaravana fazem com que seja fácil viajar por qualquer cidade e estacionar durante o dia nos lugares habituais, enquanto que um aproveitamento inteligente do espaço interior faz desta uma ótima opção para adeptos do campismo.

Na hora da despedida, descolar no aeroporto de Ljubljana, no sopé nos Alpes, foi uma experiência agridoce. Por mim, a viagem em terra continuava.