Crónicas Anos 90. Este foi o momento que mais me marcou

Regresso ao passado

Anos 90. Este foi o momento que mais me marcou

Nos anos 90 era tudo mais simples, mas nem por isso as memórias são menos marcantes: o Gran Turismo é um bom exemplo disso.

Gran Turismo Nissan Skyline GT-R
© Gran Turismo

Os saudosos anos 90! Um tempo onde as calças de ganga eram largas, os telemóveis pareciam tijolos e o meu único sonho era ter uma PlayStation 1.

Felizmente tive a sorte de a receber em 1998, quando tinha parcos sete anos. Curiosamente, no ano em que o icónico Gran Turismo foi lançado. Foi um dos meus primeiros jogos e posso dizer que me foi diretamente ao coração.

Longe de perceber o colosso que tinha em mãos (acho que podemos todos concordar que a saga Gran Turismo revolucionou para sempre os jogos de automóveis…), este jogo foi o combustível certo para alguém que, como eu, era um petrolhead em formação.

Gran Turismo 1 capa
© Gran Turismo Ainda hoje, já depois dos 30, guardo religiosamente a minha cópia do Gran Turismo 1

Os automóveis sempre estiveram presentes na minha vida. Tenho dois tios mecânicos que desde cedo me mostraram a maravilha que é este objeto. Mas não vou mentir, o catalisador que desbloqueou tudo foi mesmo o Gran Turismo.

Até porque sejamos sinceros: quem é que conseguia resistir à ideia de conduzir um Honda NSX a toda a velocidade por um circuito, sem qualquer consequência real além de um pouco de frustração quando embatíamos contra as barreiras? E mesmo quando isso acontecia, bastava reiniciar a corrida para mais alguns momentos de ação e adrenalina…

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Os gráficos eram toscos, a física de condução era «manhosa» — para não dizer inexistente… — e os tempos de carregamento entre corridas davam para fazer uma sesta. Mas na altura nem pensava nisso. Nunca tinha visto nada igual e pela primeira vez tinha a sensação de que estava a conduzir um carro. E isso, minhas senhoras e meus senhores, chegou para convencer o pequeno Miguel de sete anos.

Gran Turismo 1
© Gran Turismo

Mesmo a esta distância, ainda tenho a perceção clara de que foi a jogabilidade que me prendeu. Apesar de nada ser perfeito, o jogo dava-nos uma real sensação de velocidade, mesmo estando preso unicamente a um mero comando de plástico.

E claro, as licenças. Quem se esquece das malditas licenças do Gran Turismo? Eram elas que nos permitiam avançar no jogo, mas eram implacáveis: era exigida uma perfeição quase absoluta para ultrapassar com sucesso os obstáculos apresentados, que iam de simples travagens até voltas completas cronometradas.

Quanto aos carros, eram «apenas» 140. Pode não parecer muito para os padrões de hoje, mas na altura era como se tivéssemos um salão automóvel inteiro à nossa disposição.

Gran Turismo 1
© Gran Turismo

Desde pequenos citadinos japoneses até máquinas mais exóticas como o Aston Martin DB7 e o Chevrolet Corvette, sem esquecer os imponentes (e desconhecidos, pelo menos para mim, naquela época…) TVR Cerbera e Griffith, havia escolhas para todos os gostos.

Lembro-me perfeitamente de começar sempre com o Honda Prelude, porque era barato e suficientemente rápido para «despachar» as primeiras corridas. Mas depois vinham as coisas realmente «giras», como o Mitsubishi Lancer Evolution, o Nissan Skyline GT-R R33, o Mazda RX-7 e claro, o eterno Dodge Viper GTS, que tinha todo o apelo que alguém com aquela idade podia desejar.

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Mais do que um videojogo, para mim o Gran Turismo foi o passaporte para o mundo automóvel. Posso mesmo dizer que foi amor à primeira vista. E tenho a certeza que sem este jogo, o meu percurso profissional teria sido feito numa área bem diferente desta.