CEO da Renault escreveu uma carta para “dizer a verdade” aos europeus

Luca de Meo, CEO do Renault Group, tornou pública a carta que enviou esta semana aos principais decisores e ‘stakeholders’ da Europa. Um documento de 20 páginas, disponível em várias línguas, que é também dirigido a todos os cidadãos europeus.

Segundo o comunicado, “mais do que um apelo, esta Carta à Europa é um roteiro” que aponta soluções para os principais desafios da indústria automóvel europeia: a ofensiva chinesa, a escassez de matérias-primas, o emprego, o quadro regulatório e a transição energética.

Luca de Meo recorda que está em causa a «saúde» do motor económico europeu e mais de 13 milhões de postos de trabalho.

Indústria

Peças que valem milhões. Economia portuguesa a reboque dos componentes de automóveis

A indústria de componentes já acumula 10 meses consecutivos de aumentos nas exportações, como dão a conhecer os números da AFIA.

Guilherme Costa

Ainda assim, a preocupação não é apenas económica, é também social, defendendo que “o modo de vida europeu está em risco” e enfrenta uma concorrência desequilibrada, deixando uma crítica aos decisores europeus: “Os americanos estimulam, os chineses planeiam, os europeus regulam”.

O líder da marca francesa vai mais longe e defende mesmo que “temos de dizer ‘a verdade’, não apenas a nossa verdade” aos europeus. “A minha carta assenta numa base factual sólida, a fim de apresentar recomendações concretas baseadas numa visão clara da situação atual”.

Antes do início da campanha eleitoral, com os argumentos que a acompanham, quis fazer ouvir a minha voz, não para me envolver na política, mas para contribuir para uma decisão sobre a política certa.

Luca de Meo, CEO do Renault Group

Pode ler a Carta à Europa de Luca de Meo, na íntegra, clicando neste botão:

O CEO do Renault Group formula sete recomendações e oito medidas para desenvolver “uma verdadeira política industrial europeia, competitiva e descarbonizada”. Uma “Liga dos Campeões industriais” para recompensar quem está empenhado na transição e estabelecendo “zonas económicas verdes” que concentrem investimentos e subsídios para a transição energética.

Com a Airbus, já vimos o que a Europa pode fazer. Ao intensificar as iniciativas de cooperação, vamos colocar a nossa indústria na via do relançamento.

Luca de Meo, CEO do Renault Group

O CEO do Renault Group propõe, igualmente, o lançamento de 10 grandes projetos europeus em domínios estratégicos que ultrapassam o setor automóvel: promover os veículos europeus compactos, revolucionar a distribuição de última milha, desenvolver as infraestruturas de carregamento e aumentar a competitividade da Europa nos semicondutores.

Aguardam-se as primeiras reações das restantes marcas europeias a este roteiro. Recordamos que Luca de Meo acumula as funções de CEO do Renault Group com a presidência da ACEA — Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis. Pode aceder à Carta à Europa, em várias línguas, seguindo esta ligação.

Guilherme Costa

Desde muito cedo trocou a companhia dos brinquedos pelas revistas de automóveis. Alimentado por essa paixão em 2012 fundou a Razão Automóvel.

Indústria, Luca de Meo, Renault Group