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É cada vez mais difícil segmentar um SUV. Porquê?

A invasão dos SUV ainda não perdeu momento. Para maximizar o retorno, as marcas não só lançam mais propostas como diversificam o seu posicionamento.

Volkswagen T-Roc

Goste-se ou não, têm sido os SUV e crossover os principais responsáveis pela recuperação do mercado europeu nos últimos anos. E tal como nos automóveis convencionais, podemos encaixá-los nos mais variados segmentos, com o tamanho a ser o principal fator de diferenciação (ainda que nem sempre seja o ideal).

Têm sido os pequenos SUV e crossover — segmento B ou muitas vezes chamados SUV/Crossover compactos — os que mais têm crescido em propostas e volume no mercado: em 2009 venderam-se à volta de 125 mil unidades, em 2017 esse número cresceu mais de 10 vezes, superando as 1,5 milhões de unidades (números JATO Dynamics).

No entanto, a confusão instalou-se, já que dentro do mesmo segmento temos propostas completamente distintas, que dificilmente rivalizam: o que um Citroën C3 Aircross tem a ver com um Volkswagen T-Roc, ou um SEAT Arona com um Dacia Duster.

Toyota C-HR

Como dá para perceber, não existe uma receita pré-definida, nem sequer um conjunto de dimensões padronizado — temos propostas que vão desde os 4,1 m, como o Renault Captur, até acima dos 4,3 m como o Toyota C-HR.

O posicionamento de alguns destes modelos, que não parecem encaixar em nenhum segmento, têm dominado inúmeras discussões online e “conversas de café” e até os meios de informação não ajudam a clarificar.

Talvez o caso mais “flagrante” refira-se ao Volkswagen T-Roc, que tanto surge integrado no segmento B (Captur, Stonic, etc), como no segmento C (Qashqai, 3008, etc), dependendo da publicação ou da opinião. No entanto, para os que o colocam no segmento B, este ano surgirá o T-Cross, um crossover com base Polo. Onde fica então o T-Roc?

B-SUV, um filão para as marcas

Esta confusão de posicionamento e segmentos não se cinge ao segmento B, nem sequer aos SUV, mas é neste tipo de propostas e segmento (B-SUV), que melhor podemos constatar esta evolução na segmentação do mercado.

Ou seja, o segmento B, nos SUV/Crossover dividiu-se claramente em dois. Estaremos agora na presença de um novo segmento intermédio, a que poderemos chamar B+? 

A razão para esta divisão, cada vez mais clara, está no sucesso comercial dos B-SUV — estes são um filão para as marcas. Os pequenos SUV/Crossover derivam, no geral, de modelos do segmento B, com custos de produção semelhantes, mas praticam preços superiores, na casa dos vários milhares de euros. Mas ainda é possível rentabilizar mais esse filão.

Para isso, veremos marcas apostar em dois modelos para o mesmo segmento. O caso Volkswagen T-Roc/T-Cross  é um exemplo, mas não será o único. Recentemente demos conta de que a Jeep se prepara para lançar um SUV mais pequeno que o Renegade — este último aproxima-se, dimensionalmente, do segmento C, deixando espaço para uma proposta abaixo mais compacta.

2017 Renault Captur

Os rumores apontam para que a Renault apresente uma estratégia semelhante. O Captur, líder do segmento, deverá ser acompanhado por um segundo modelo, em 2019. Não há certezas se será um Grand Captur — a marca já comercializa em alguns mercados o Kaptur (sim, com K), um Captur mais comprido (plataforma do Dacia Duster) —, ou se será um crossover elétrico, mas com identidade própria, como acontece entre o Clio e o Zoe.

Enquanto a procura por SUV/Crossover se mantiver, esta dispersão e divisão dos segmentos tradicionais deverá continuar e sair reforçada.

 

 

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Efeito T-Roc. Produção automóvel em Portugal cresce 22,7% em 2017