Paris deu mais um passo para acabar com os automóveis na cidade

A Câmara Municipal de Paris deu mais um passo na sua estratégia de reduzir a circulação automóvel. No passado domingo, 23 de março, os cidadãos aprovaram através de um referendo um novo projeto de pedonalização e criação de espaços verdes em 500 ruas da cidade.

A iniciativa prevê o encerramento ao trânsito dessas ruas — cujas localizações específicas ainda não foram divulgadas —, e a eliminação de 10 mil lugares de estacionamento. O objetivo a longo prazo é ambicioso: a câmara pretende reduzir em cerca de 60% o espaço destinado ao estacionamento de automóveis, que atualmente ocupam 95% da via pública.

Esta não é a primeira medida do género implementada pela autarquia. Desde 2020, Paris já eliminou 10 mil lugares de estacionamento.

A proposta foi aprovada com 65,96% dos votos a favor. No entanto, a taxa de participação foi extremamente baixa: apenas 4,06% dos eleitores foram às urnas. Apesar disso, a aprovação desta proposta representa um reforço da política defendida pela presidente da câmara, Anne Hidalgo.

Lamia El Aaraje, vereadora responsável pelo planeamento urbano, sublinhou que a pedonalização e a criação de espaços verdes são fundamentais para preparar Paris para as alterações climáticas.

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Mesmo com estas medidas, as infraestruturas verdes (parques, jardins, etc.) da cidade francesa continuam aquém da média das capitais europeias, 26% contra 41%, segundo a Agência Europeia do Ambiente.

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O referendo, no entanto, não passou sem contestação. O vereador do grupo “Change Paris”, Aurélien Véron, argumentou que a forma como a pergunta foi feita no referendo foi ambígua, podendo induzir os eleitores a erro. A pergunta em questão era: “é a favor ou contra a plantação de vegetação e a pedonalização de mais 500 ruas em Paris, em todos os bairros?”.

Além disto, Véron também alertou para as consequências dessa transformação urbana, chamando a atenção para o facto da pedonalização de tantas ruas poder dificultar a circulação, principalmente para pessoas com mobilidade reduzida.

Outro ponto de crítica foi a alegada falta de manutenção das áreas verdes já existentes. Para a oposição de direita, a prioridade da autarquia deveria ser a preservação dos espaços naturais da cidade, em vez da criação de novos.

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Até ao momento, a Câmara Municipal de Paris não divulgou pormenores sobre a implementação do projeto, reporta a Reuters.

Mariana Teles

O universo das «quatro rodas» entrou na sua vida por intermédio da Razão Automóvel. É a sua primeira volta no mundo do jornalismo e promete não parar.

Ambiente, França, Mobilidade, Paris