Apanhámos boleia do novo Porsche Macan 100% elétrico com 612 cv

A espera está quase a chegar ao fim e já falta muito pouco para vermos, na íntegra, o novo Porsche Macan 100% elétrico. Mas enquanto isso não acontece, fomos a Leipzig, na Alemanha, conhecer os seus primeiros detalhes oficiais, ver as novidades que esconde e sentir do que é capaz.

Infelizmente ainda não pudemos conduzi-lo, mas fizemos a segunda melhor coisa possível: andámos ao lado, «à pendura», primeiro em circuito e depois, mais tarde, num percurso off-road.

E independentemente do cenário em causa, vim de Leipzig com uma ideia bem clara: o Macan elétrico vai chegar ao mercado em 2024 com ambições e argumentos para ser um dos melhores modelos do segmento. Não tenho qualquer dúvida acerca disso.

Tarefa difícil pela frente

Este primeiro contacto com a nova geração exclusivamente elétrica do Macan aconteceu em Leipzig, na Alemanha, porque foi aqui, há 10 anos, que o primeiro Macan saiu da linha de produção.

E será precisamente aqui, na fábrica Leipzig, que a Porsche vai construir o novo Macan elétrico e procurar repetir a receita de sucesso da primeira geração, que desde que foi lançada tem competido com o Cayenne pelo título de best-seller da marca germânica.

Escusado será dizer que o novo Macan tem uma difícil tarefa pela frente: não só terá que estar à altura do seu antecessor, o Macan com motor térmico, como terá que pelo menos igualar o feito do primeiro 100% da Porsche, o Taycan, que tem sido um autêntico sucesso de vendas desde que foi lançado, em 2019.

Plataforma a estrear

Para o novo Macan a Porsche apostou numa plataforma totalmente nova, denominada Premium Platform Electric (ou PPE), desenvolvia a meias com a Audi.

Apesar do trabalho conjunto e de também vir a ser usada na base do novo Audi Q6 e-tron, que nós já conduzimos, esta plataforma teve dois desenvolvimentos distintos: de acordo com a Porsche, desde muito cedo que «as águas» foram separadas, de maneira a que ambas as marcas pudessem adaptar os mais diversos elementos desta plataforma às suas necessidades.

Comum às duas marcas é o facto desta plataforma suportar uma arquitetura elétrica de 800 V e de permitir configurações com um ou dois motores elétricos, ou seja, com tração integral ou traseira. Tal como já acontece com o Taycan.

Contudo, na fase de lançamento, o Macan só vai estar disponível com duas versões com dois motores elétricos (um por eixo) e com tração integral, sendo que o motor dianteiro é exatamente o mesmo em ambas. Só o motor elétrico traseiro (que está montado numa posição bastante recuada) é que será distinto.

Números que impressionam

Para já a Porsche não revela a denominação oficial destas duas versões, identificando-as simplesmente como «entrada de gama» e «topo de gama». E só revela os dados de potência e binário para a variante de topo, que foi precisamente a que tivemos oportunidade de ver nesta ida a Leipzig.

Nessa configuração, que deve vir a chamar-se Turbo, o novo Porsche Macan 100% elétrico anuncia uma potência máxima de 450 kW (612 cv) e mais de 1000 Nm de binário máximo.

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Para a variante de base a Porsche ainda não anunciou valores específicos para a potência máxima e para o binário, nem muito menos anunciou registos relacionados com a performance. Nem para uma versão nem para a outra.

Porém, nas três voltas que fizemos ao circuito do Porsche Experience Center de Leipzig, precedidas por um launch control à saída das boxes, deu para perceber que a versão de topo, com 450 kW de potência, será capaz de um sprint dos 0 aos 100 km/h em pouco mais de 3s.

Posso dizer-vos que foi uma das acelerações mais violentas que já senti num carro de produção. Mas sobre isso voltaremos a falar quando a Porsche resolver divulgar os números oficiais.

Comportamento em circuito foi surpreendente

Acelerações e números à parte, a Porsche afirma que no caderno de encargos deste Macan 100% elétrico estava um objetivo muito claro: “criar o modelo mais desportivo do segmento”.

E neste primeiro contacto em pista, ainda que no lugar do passageiro, não sentimos nada que nos leve a acreditar noutra coisa. É certo que o «disparo» da aceleração, à saídas das boxes, foi a primeira coisa a impressionar, mas algumas dezenas de curvas depois e já eram os travões, a agilidade e a compostura da carroçaria a deixarem-me rendido.

Outra coisa que também fica logo evidente é que estamos sentados numa posição bastante baixa para um SUV (fiquei com a ideia de que é mais baixa do que o Macan com motor a combustão), o que juntamente com o facto deste elétrico estar muito bem plantado na estrada reforça a sensação de desportividade.

Recorde-se que o novo Macan vai contar com um esquema de duplos triângulos sobrepostos à frente e um multilink atrás, eixo traseiro direcional (até 5 graus) e com o Porsche Torque Vectoring Plus (vetorização de binário), que será oferecido de série nas versões mais potentes.

A juntar a isso, terá suspensão adaptativa (PASM) que vai poder ser combinada com molas de aço ou com suspensão pneumática, que era precisamente o que equipava o exemplar do qual apanhei «boleia» neste primeiro contacto em Leipzig.

Mesmo sem estar ao volante, senti uma precisão tremenda em todas as ações e uma capacidade assinalável para mudar de direção de forma brusca, sem nunca perder tração ou equilíbrio.

E por falar em equilíbrio, a forma como todo o sistema consegue gerir o binário que é entregue a cada um dos eixos permite «sair a voar» de cada curva, esmagando o acelerador logo desde cedo. Ao mesmo tempo é relativamente fácil provocar a traseira e sair em power slide, até porque em determinadas situações é possível que o binário venha exclusivamente do motor posterior, ainda que o motor dianteiro esteja sempre pronto a intervir.

Testado nos maus caminhos

Terminada a secção em circuito, era tempo de perceber o que este Macan elétrico vale fora de estrada. E para isso nada melhor do que o próprio circuito de testes off-road que a Porsche tem em Leipzig, espaço onde outrora esteve montada uma base soviética.

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Desde longos «estradões» em terra completamente irregulares até subidas íngremes em pedra, passando por cruzamentos de eixo e secções com água, este centro da Porsche é uma espécie de paraíso dos amantes de todo o terreno.

Foram muitas as situações em que pensei que o Macan ia ter dificuldade, sobretudo porque estava tempo de chuva e estava tudo bastante alagado, mas a verdade é que ele passou com distinção todos os obstáculos.

É certo que muitos dos clientes do Macan nunca vão usá-lo em situações como estas, a própria Porsche tem noção disso. Mas ao mesmo tempo é bom saber que existe essa possibilidade.

Na retina ficou a forma eficaz com que a suspensão consegue absorver todas as irregularidades da estrada, mesmo a velocidades mais elevadas. E mais uma vez salta à vista a capacidade de tração de todo o conjunto, independentemente da situação.

Mais de 500 quilómetros de autonomia

O novo Porsche Macan vai estar disponível apenas com uma bateria com 100 kWh de capacidade (pesa cerca de 570 kg), que vai permitir, de acordo com a marca de Estugarda, “mais de 500 quilómetros de autonomia, seja qual for a versão”.

Esta bateria, formada por 12 módulos com 15 células cada um (cada módulo por ser reparado individualmente), vai poder ser carregada a velocidades de até 270 kW em corrente contínua (DC) e de até 11 kW em corrente alternada (AC).

À velocidade máxima suportada em DC, será possível passar dos 10% aos 80% de carga da bateria em 22 minutos, sendo que será realista pensar em recuperar 100 quilómetros de autonomia em apenas 4 minutos.

Não menos interessante é o facto do sistema de 800 V ter a capacidade de dividir a bateria em dois, para que em postos de carregamento que suportem apenas 400 V essas duas secções da bateria possam ser carregadas em paralelo, a velocidades de até 150 kW.

Sistema de infotainment completamente novo

Como já devem ter percebido pelas imagens que ilustram este artigo, as unidades que tive oportunidade de ver ainda exibiam alguma camuflagem exterior, sobretudo ao nível dos grupos óticos e dos para-choques.

Contudo, o interior já estava totalmente ao descoberto e, como seria de esperar, está em linha como o que já conhecemos do Taycan e com o que vimos mais recentemente nos novos Cayenne e Panamera.

Com um tabliê de linhas bastante horizontais e com uma consola central muito «limpa», ainda que com alguns comandos físicos, o interior do novo Macan destaca-se por poder equipar até três ecrãs: um painel de instrumentos digital curvo com 12,6”, um ecrã multimédia central com 10,9” e um ecrã em frente ao passageiro da frente (opcional) com 10,9”.

A juntar a isso, pela primeira vez na Porsche, está disponível um sistema de head-up display com tecnologia de realidade aumentada, que projeta um ecrã com um tamanho correspondente a 87”. Podem vê-lo aqui:

Ainda sobre o ecrã multimédia central, ele serve de terminal para o mais recente sistema operativo da Porsche (usa o Android Automotive como base), que deu um salto muito significativo face aquilo que conhecíamos.

Disponível com aplicações nativas como o YouTube, o Spotify ou o Amazon Music, este sistema de infotainment permite integração com Android Auto e Apple CarPlay, sendo que permite que o Apple Maps (no caso do Apple CarPlay) ou o Google Maps (Android Auto) possam ser mostrados no painel de instrumentos.

Preços? Nem vê-los…

Naturalmente a Porsche ainda não divulgou os preços para o novo Macan elétrico nem a data de chegada exata da estreia no mercado. Porém, confirmou que as primeiras unidades vão ser entregues a clientes durante o segundo semestre de 2024.

Naturalmente, só quando soubermos os preços e pudermos conduzir o novo Macan vamos conseguir falar com mais propriedade deste segundo 100% elétrico da Porsche. Mas tal como disse no início deste artigo, as primeiras impressões foram muito positivas. E isso já ninguém tira a este SUV.

Miguel Dias

Futebol e automóveis, duas paixões que o perseguem. Começou por trabalhar na primeira mas acabou a perceber que aquilo que o fazia mesmo feliz era a segunda.

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