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Antevisão

Novo Mazda MX-5 vai ter “mega motor” que é problemático em Portugal

As nossas preces foram ouvidas. A nova geração do Mazda MX-5 vai ter um motor puramente a combustão, mas os portugueses podem ficar de fora.

previsão da próxima geração do Mazda MX-5
@ Razão Automóvel / imagem gerada por IA

A nova geração do Mazda MX-5 vai manter-se fiel à receita que o tornou num dos roadsters mais adorados do planeta: pequeno, leve e com um motor atmosférico acoplado a uma caixa manual.

Tudo boas notícias, certo? Errado. Apesar das boas notícias para os puristas, os portugueses têm motivos para ficarem preocupados. E não é por causa das emissões, é por causa da nossa fiscalidade.

Ao que parece, o novo Mazda MX-5 da geração NE — que vem substituir a geração ND lançada em 2015 — vai ter um «mega motor» com a maior cilindrada da história deste modelo.

Mazda Iconic SP perfil
© Mazda O Mazda Iconic SP, revelado em 2023, é a musa inspiradora para o próximo MX-5.

Downsizing? Não façam rir os engenheiros da Mazda…

Num contexto em que os fabricantes correm para a eletrificação (uns com mais vontade que outros…) e onde até os motores térmicos sobrevivem apenas com turbocompressores, assistência elétrica ou redes de sensores a ditar a entrega de potência, a Mazda volta a remar contra a maré.

Ryuichi Umeshita, diretor técnico do construtor, confirmou que o próximo MX-5 vai dispensar o turbo e adotar um novo bloco atmosférico com 2,5 litros de cilindrada. O nome? Skyactiv-Zfique a conhecer os primeiros detalhes deste motor.

Mazda e-Skyactiv-X motor
© Mazda Combustão pura. É uma decisão que parece contrariar tudo o que tem sido apontado como o futuro do automóvel. Uma postura à qual a Mazda nos tem vindo a habituar há muito tempo. Na imagem, o motor Skyactiv-X que vai ser substituído pelo Skyactiv-Z.

Segundo Umeshita, “a potência será muito boa e a economia de combustível também”. A tecnologia associada? Um novo processo de combustão lambda (λ), afinado para manter o consumo sob controlo e cumprir as futuras normas Euro 7.

Um motor que promete performance sem complicações e com baixos consumos… menos em Portugal. Falaremos sobre isso mais adiante porque há outro tema de peso que tem de ser explicado.

Leve, leve, leve

O motor cresceu, mas o peso vai continuar comedido. Este é um dos objetivos assumidos por Masashi Nakayama, diretor-geral da divisão de design da Mazda. A marca nipónica pretende que o roadster continue abaixo dos quatro metros de comprimento e a pesar cerca de uma tonelada.

Mazda MX-5 2024 em circuito, frente 3/4
© Mazda Mazda MX-5 (geração ND3). Num mundo onde os desportivos acessíveis estão a desaparecer, o MX-5 resiste. Continua a ser um dos últimos bastiões de uma era analógica, com caixa manual e motor atmosférico.

A próxima geração vai manter-se fiel a esses princípios. E isso significa também que o espaço interior continuará limitado. A prioridade continua a ser a leveza e a agilidade, não a habitabilidade. Conseguimos lidar bem com isso.

Portugal, o país onde a cilindrada custa mais do que poluir

Os portugueses têm um problema. É que a fiscalidade automóvel portuguesa continua a privilegiar critérios ultrapassados — por exemplo, o Renault Clio mais ecológico à venda em Portugal paga 10 vezes mais imposto que a versão a gasolina.

Tudo por culpa da cilindrada. Por isso, enquanto noutros mercados o novo MX-5 poderá manter um posicionamento competitivo, entre nós, os 2,5 litros de cilindrada vão torná-lo um automóvel (ainda mais) de nicho.

É a mesma lógica fiscal que penalizou o Toyota GR86, o modelo mais barato da Gazoo Racing. Em Portugal o seu preço ficava ao nível do GR Yaris, tudo porque pagava muito mais imposto com os seus 2,4 litros do que o três cilindros de 1,6 litros. A consequência foi clara: o GR86 teve entre nós uma carreira comercial muito tímida.

A esperança portuguesa

A Mazda admite que está a estudar uma versão 100% elétrica do MX-5, mas o peso continua a ser um entrave quase intransponível. Além disso, um elétrico não é propriamente aquilo que a maioria dos consumidores procura num modelo desta natureza.

Há uma terceira hipótese. Uma versão mild-hybrid do Mazda MX-5 não está descartada, com um motor mais pequeno e com a ajuda de um sistema elétrico. Mas qualquer sistema que vá além disso parece, neste momento, pouco provável. A marca quer manter o Miata leve, simples e fiel a si próprio.

Ainda falta muito?

Segundo a Mazda, o primeiro modelo com o novo Skyactiv-Z chegará apenas em 2027, sob o capô de um SUV — provavelmente o sucessor do CX-5. O MX-5 deverá surgir pouco depois, o que significa que a atual geração ND3 ainda tem mais alguns anos de estrada.

Até lá, resta-nos esperar. E cruzar os dedos para que Portugal não transforme mais um ícone automóvel num luxo fiscalmente incomportável. O carro que democratizou os roadsters pode estar à beira de subir ainda mais de preço.