Notícias Três carros alemães que não podem falhar

Antevisão

Três carros alemães que não podem falhar

Visitamos algumas das principais marcas alemãs e aquilo que estão a preparar para um futuro muito próximo. É a resposta dos «gigantes alemães» a todas as ofensivas.

BMW Vision Neue Klasse X, Mercedes-Benx CLA e Volkswaegn ID.2
© Razão Automóvel

Nunca, como agora, a vitalidade da indústria automóvel alemã foi tão posta em causa. A chegada de nova concorrência tem sido um dor de cabeça para os executivos alemães. Uma dor de cabeça localizada, sobretudo, no mercado chinês. Mercedes-Benz, BMW e Volkswagen estão muito expostas a este mercado.

Mas na Europa, o ambiente também não está fácil. A pressão regulatória, a transição energética e a chegada das novas marcas asiáticas estão a submeter os gigantes alemães a um verdadeiro teste de stress.

Sem margem para falhar, vamos assistir nos próximos tempos a uma nova ofensiva alemã. Com modelos totalmente novos, novas abordagens, novas tecnologias e apenas um objetivo: dar um murro na mesa e recuperar a distância que outrora tiveram.

BMW Neue Klasse é uma revolução

A BMW foi buscar ao passado o termo “Neue Klasse” (Nova Classe), originalmente introduzido na década de 60, para assinalar a sua próxima geração de modelos. Mas este nome não é apenas um tributo nostálgico: representa uma abordagem radicalmente nova à BMW que conhecemos das últimas décadas.

A primeira grande mudança é a plataforma. A BMW terá uma base de grande volume dedicada exclusivamente a veículos elétricos, com 800 V, o que promete tempos de carregamento mais reduzidos, maior autonomia e eficiência melhorada.

Além da parte técnica, a Neue Klasse também trará uma linguagem estilística completamente nova. O primeiro modelo desta “nova BMW” será o novo iX3, um SUV 100% elétrico, ao qual se seguirá o i3. Não se trata da segunda geração do citadino elétrico, mas sim será o inédito Série 3 elétrico.

O interior seguirá uma filosofia minimalista, focada na digitalização e na experiência do utilizador, com um novo conceito de interface e funcionalidades de condução autónoma mais avançadas. Enquanto isso, as gamas BMW Série 3, 5 e 7 continuarão o seu percurso, bem como os motores de combustão. Mas o futuro, segundo a BMW, passa pela Neue Klasse.

Mercedes-Benz CLA é totalmente novo

A Mercedes-Benz está a reinventar o seu segmento C com uma abordagem radicalmente nova. A nova geração do CLA é construída sobre a plataforma MMA (Mercedes-Benz Modular Architecture), desenvolvida para modelos eletrificados, mas que também suportará motorizações térmicas.

Os números impressionam: autonomia de até 792 km na versão elétrica (com bateria de 85,5 kWh) e um coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,21, que faz do CLA o carro elétrico mais aerodinâmico do segmento.

Além disso, estreará uma nova geração do sistema MBUX (quarta geração), com um infoentretenimento mais intuitivo, conectado e inteligente (ChatGPT e Google Gemini integrados). Explicamos tudo neste vídeo:

No que toca a motores de combustão, a Mercedes optou por um fornecedor externo: a HORSE, uma joint venture entre a Renault e a Geely especializada em motores térmicos. Uma tecnologia que será fundamental para garantir uma resposta para todos os clientes da marca.

Dito isto, o CLA assume um papel estratégico no plano da Mercedes-Benz, especialmente na Europa, onde o segmento C representa uma fatia substancial do mercado. A marca espera que este modelo ajude a aumentar não só as vendas, mas também as margens de lucro, tornando-se uma peça-chave na transição para a eletrificação.

A não perder: Motor a gasolina com consumos de Diesel. Este é o novo M 252 da Mercedes

Volkswagen ID.2 à procura do efeito Carocha

O ID.3 não foi o sucessor do Carocha ou do Golf que a Volkswagen esperava — devia ter sido um momento de viragem para a marca e não foi, pelo menos no sentido que era esperado.

A sua estética, pouco germânica, e um sistema de infoentretenimento com falhas limitaram o seu sucesso. O restyling tentou corrigir alguns destes problemas, mas a Volkswagen percebeu que precisava de uma mudança mais profunda.

É precisamente a essa mudança que o Volkswagen ID.2 pretende dar forma. A revisão do projeto foi tão profunda que o lançamento foi adiado para o início de 2026. O design foi completamente reformulado, apostando numa abordagem mais familiar para os clientes da marca: linhas sólidas e inspiradas nos ícones da Volkswagen, sem cortar totalmente com o passado.

Mais do que um simples hatchback (dois volumes), o ID.2 será um modelo crucial para a Volkswagen no segmento B. Com um preço base apontado para os 25 000 euros (versão de acesso), o ID.2 pretende tornar os elétricos acessíveis às pequenas famílias.

A responsabilidade de “segundo carro”, pensado para a cidade ficará a cargo do Volkswagen ID.1 (nome provisório) que será produzido na Autoeuropa.

Sem margem para falhar

Todos estes modelos têm algo em comum: utilizam as plataformas e soluções técnicas que veremos replicadas em vários modelos nos próximos anos. Por isso, é importante que estas plataformas e tecnologias sejam bem sucedidas à primeira tentativa.

Até porque, para já, os clientes europeus são praticamente unânimes: preferem produtos europeus, pensados e desenvolvidos na Europa.

Mesmo marcas asiáticas como a Toyota — que lidera a vendas mundiais — teve de adaptar-se à Europa para vingar no «velho continente». Atualmente, 77% dos modelos Toyota vendidos na Europa são produzidos nas fábricas europeias da marca.

Algo semelhante sucedeu com Hyundai e Kia, que tiveram de abrir na Europa várias unidades de desenvolvimento e produção para conseguirem atingir os seus objetivos.

Quanto ao mercado chinês, todas as marcas enfrentam os seus próprios fantasmas, inclusivamente as locais. Como escrevi há uns meses, os construtores chineses também têm os seus problemas e a Europa não pode celebrar. É precisamente esse o ponto: o que é que as marcas alemãs, e não só, podem fazer para continuarem na vanguarda tecnológica do setor automóvel.