Notícias Ferrari Purosangue revelado com V12 NA. Chamem-lhe tudo menos SUV

Apresentação

Ferrari Purosangue revelado com V12 NA. Chamem-lhe tudo menos SUV

A Ferrari revelou o controverso Purosangue, o primeiro cinco portas de série de sempre da marca, e vem acompanhado de um estridente V12.

Ferrari Purosangue de lado com portas abertas

A Ferrari não quer que chamem ao inédito Purosangue de SUV, pois considera-o um “verdadeiro desportivo”, mas torna-se difícil de o fazer quando olhamos para ele, mesmo admitindo que é uma «criatura» distinta dos seus potenciais rivais — será que é mais correto categorizá-lo como crossover?

As proporções fazem recordar o GTC4Lusso — a shooting brake de três portas e quatro lugares —, que deixou de ser produzido em 2020, mas o estilo parece ter recebido a sua maior influência do elegante Roma.

Nestas primeiras imagens parece ser relativamente compacto, mas é pura ilusão: a altura de 1,589 m (a mais elevada de sempre num Ferrari) e as rodas gigantes de 22″ à frente e 23″ atrás, fazem-no parecer mais pequeno do que na realidade é.

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O Purosangue tem 4,973 m de comprimento, 2,028 m de largura, 1,589 m de altura e uma distância entre eixos de 3,018 m — como referência compare-se com o super-SUV Lamborghini Urus, que tem, respetivamente, 5,112 m, 2,016 m, 1,638 m e 3,003 m.

Um (não) SUV diferente

A casa de Maranello não quer que o chamemos de SUV e esforça-se para o distinguir dos outros, a começar logo por ter apenas quatro lugares, com os dois traseiros a serem individuais, fisicamente separados por uma consola.

Também a bagageira é algo modesta, apesar de ser a maior de sempre num Ferrari. O Purosangue declara 473 l, valor bem mais reduzido que os 616 l do Urus, por exemplo.

É o primeiro Ferrari de produção em série de sempre a ter cinco portas, mas também aqui o Purosangue distingue-se pela abertura invertida das portas traseiras. Contudo, mantém o pilar B e para garantir um acesso fácil aos lugares traseiros, as portas abrem 79º.

A estas características atípicas para um Ferrari temos de acrescentar a generosa distância ao solo de 185 mm — dificilmente vai competir com um Range Rover, mas todo este ar adicional entre o fundo do carro e o chão dá uma versatilidade ao Purosangue que nunca houve nas criações de Maranello.

Ferrari Purosangue de lado com portas abertas

O mais potente de todos

As diferenças para os potenciais rivais continuam por baixo da «pele». A base em alumínio é nova e a arquitetura é idêntica à dos seus desportivos de motor dianteiro: o motor está atrás do eixo dianteiro, em posição longitudinal central dianteira, e a transmissão está montada atrás (transaxle). Não admira que a distribuição de peso favoreça o eixo traseiro, como os seus desportivos, sendo de 49:51.

O motor em si não podia ser mais «Ferrari». Trata-se de uma evolução do 6.5 V12 naturalmente aspirado e cárter seco que encontramos no 812 Superfast e 812 Competizione — uma escolha invulgar e gritante para um veículo deste tipo, sobretudo quando todos os seus potenciais rivais apostam na sobrealimentação para «engordar» o binário para fazer face à elevada massa que acusam.

motor V12
O V12 está mais escondido que o habitual, «aconchegado» entre o eixo e o habitáculo.

O Purosangue não é leve — 2033 kg a seco —, mas promete ser (um pouco) mais leve que os rivais. Mesmo assim, obrigou a Ferrari a trabalhar extensivamente o V12 para que entregasse mais binário a rotações mais baixas, precisamente onde os motores sobrealimentados têm enorme vantagem.

Apesar disso, os números apresentados são mais dignos de um superdesportivo que um veículo com as características do Purosangue: os 725 cv de potência máxima são obtidos a umas estridentes 7750 rpm, enquanto o binário máximo é de 716 Nm atingido a umas elevadas 6250 rpm — a Ferrari diz que 80% do binário máximo está disponível a partir das 2100 rpm.

E com esta potência este “não-SUV” acaba por ser o mais potente deles todos, com o Aston Martin DBX707 a ser aquele que mais se aproxima do número de equídeos.

A transmissão faz-se às quatro rodas e segue o mesmo princípio que vimos nos FF e GTC4Lusso. No Purosangue temos a caixa de dupla embraiagem de oito relações montada à frente do eixo traseiro, com a tração ao eixo dianteiro a ser garantida por uma segunda caixa de velocidades, também de dupla embraiagem, mas com apenas duas relações, montada à frente do V12.

Não é só V12 naturalmente aspirado com 111 cv/l que são dignos de um superdesportivo, a performance anunciada também o é. O Ferrari Purosangue só precisa de 3,3s para atingir os 100 km/h, e os 200 km/h são alcançados em 10,6s. A velocidade máxima? Mais de 310 km/h — quando for oficial, assumirá o título de SUV mais rápido do mundo da sua classe.

Suspensão ativa é uma estreia

Como seria de esperar, nada foi deixado ao acaso neste Ferrari, fosse do ponto de vista aerodinâmico ou dinâmico.

Ferrari Purosangue vista 3/4 frente de cima

A gestão do fluxo de ar sobre esta forma trouxe novos desafios aos engenheiros da marca, levando à criação de soluções originais, como os arcos de rodas “flutuantes” com saídas de ar integradas (retirando pressão da cava da roda). Destaque ainda para o spoiler traseiro suspenso.

Ao nível do chassis, o Ferrari Purosangue estreia uma nova suspensão ativa, desenvolvida em conjunto com a Multimatic, que deverá manter todos os movimentos da carroçaria sob controlo, assim como garantir, diz a Ferrari, a mesma performance e comportamento dos seus desportivos.

Quando chega?

Esta proposta versátil e intrigante promete dar um boost significativo nas vendas, mas a Ferrari não quer que o Purosangue domine-as como acontece com os rivais; a marca quer proteger a exclusividade do seu novo modelo de modo a que este nunca signifique mais do que 20% do total de vendas.

Interior tabliê
O interior é fortemente inspirado no do SF90 Stradale e prescinde do ecrã central, dando ao invés, um ecrã ao passageiro.

Sem dúvida que o Ferrari Purosangue promete dar muito que falar nos próximos tempos. A produção arranca este ano e as primeiras entregas estão previstas para o início de 2023.

A desejada exclusividade poderá ser conseguida pelo seu preço, que ainda não foi oficialmente anunciado: a inglesa Autocar diz que deverá arrancar nas 390 mil libras, o que se traduz em quase 450 mil euros, muito mais que qualquer um dos seus rivais.

Prevê-se que o V12 seja mais tarde acompanhado por outras motorizações, com os óbvios candidatos a estarem no V6 híbrido do 296 GTB ou, quem sabe, no V8 híbrido do SF90 Stradale.