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Apresentação

Três cilindros não chegam? Koenigsegg Gemera pode ter V8 e 2300 cv

O Koenigsegg Gemera de produção é um «monstro» distinto do protótipo de 2020. Agora há um V8 opcional, que eleva a potência até aos 2300 cv.

Koenigsegg Gemera de traseira com portas abertas
© Koenigsegg

“De doidos!” foi o que afirmámos sobre o Koenigsegg Gemera após a sua revelação em 2020.

Afinal, este hipercarro sueco, categorizado pelos seus criadores de “mega-GT”, combinava quatro lugares com 1700 cv e 3500 Nm, extraídos da cadeia cinemática híbrida mais insana de todas.

Koenigsegg Gemera, lateral em plano picado
© Koenigsegg

Resumidamente, esta combinava o Tiny Friendly Giant, um motor de três cilindros com dois litros de capacidade biturbo e sem árvore de cames, com 600 cv, com três motores elétricos e uma transmissão direta, sem caixa de velocidades.

Era tão intrigante, que não resistimos na altura a fazer-lhe uma análise detalhada. Caso o queiram conhecer melhor, recomendamos que leiam (ou releiam) esse artigo:

Mudou tudo

Agora, três anos depois, Christian von Koenigsegg, fundador e «patrão» do construtor, apresentou a versão de produção do Gemera e… mudou tudo, exceto a insanidade.

O Gemera de produção prescindiu da transmissão direta e dos três motores elétricos. Agora tem apenas um motor elétrico, mas ainda associado ao Tiny Friendly Giant… e ganhou uma caixa de velocidades.

As mudanças não se ficam por aqui. Para os mais exigentes, a Koenigsegg tem como opção a troca do pequeno três cilindros por um mais substancial… V8(!) — já lá iremos…

Koenigsegg Gemera frente 3/4
© Koenigsegg O Gemera posa em frente às novas instalações da Koenigsegg: The Gripen Atelier. Ocupa 11 000 m2 e inclui espaços para desenvolvimento, produção, design, escritórios e stand.

Porque é que decidiram mudar tudo?

O «culpado» destas mudanças todas foi, em grande parte, o Jesko. O hipercarro sueco trouxe com ele uma inovadora transmissão, designada LST ou Light Speed Transmission.

A LST é única entre os vários tipos de transmissões, pois permite prescindir do volante-motor e da embraiagem convencional.

A caixa em si tem nove relações e… sete embraiagens. São estas pequenas embraiagens que permitem engrenar as relações e fazem da LST uma transmissão muito compacta e leve em comparação com as, por exemplo, de dupla embraiagem.

“Não resistimos a explorar a possibilidade de incorporar estas características marcantes e benefícios no Gemera de produção, levando-nos a um novo e excitante caminho de desenvolvimento — a Light Speed Tourbillon Transmission (LSTT)”.

Christian von Koenigsegg, fundador e diretor executivo da Koenigsegg

No Gemera a LST evolui para LSTT, o que se traduz em Light Speed Tourbillon Transmission, com Christian von Koenigsegg a justificar a adição do nome “turbilhão”: “este mecanismo representa o equivalente automóvel a um relógio suíço de topo e é simplesmente belo”.

Matéria-negra

As novidades do Gemera não se ficam pela LSTT. A parte elétrica da cadeia cinemática do Gemera foi bastante simplificada.

Ao invés de três motores elétricos, passa a ter apenas um, estando acoplado à transmissão. A Koenigsegg afirma que esta nova configuração poupa peso e espaço relativamente à anterior de três motores elétricos e transmissão direta.

motor elétrico dark matter
© Koenigsegg Dark Matter, o motor elétrico

Fazendo jus à tradição do construtor sueco, este novo motor elétrico também tinha de ser «diferente». Tem seis fases e é de fluxo raxial, ou seja, combina as melhores características dos motores elétricos de fluxo radial e axial existentes.

O nome deste motor é também sui generis: Dark Matter ou matéria-negra. Só por si, o Dark Matter contribui com 800 cv e 1250 Nm para a mega-performance do Gemera.

O mais potente de sempre

Contas feitas, quando o Dark Matter é associado ao Tiny Friendly Giant, garante uma potência máxima de 1400 cv e um binário máximo de 1850 Nm. Números impressionantes, mas ainda assim inferiores aos do protótipo.

Talvez por isso, a Koenigsegg tenha reservado mais uma surpresa para o Gemera: a possibilidade de trocar o pequeno três cilindros pelo muito mais substancial V8 biturbo de 1500 cv (com E85) do Jesko. Uma opção que não fica nada barata: 400 mil dólares(!), o mesmo que cerca de 363 500 euros.

V8 biturbo
© Koenigsegg Três cilindros de 600 cv não é suficiente? Que tal um V8 de 1500 cv?

Quando equipado com este motor, o Gemera ganha a designação HV8 e os valores de potência e binário elevam-se significativamente: 2300 cv e 2750 Nm, respetivamente.

Estes valores fazem do Gemera o carro de produção mais potente do mundo, ficando acima dos hipercarros elétricos mais recentes, como o Rimac Nevera (1914 cv) e Lotus Evija (2000 cv).

Não foram revelados ainda dados sobre a sua performance, mas tal como o protótipo, o Koenigsegg Gemera mantém a tração às quatro rodas e adiciona vetorização do binário também às quatro rodas. Certamente veremos alguns recordes caírem daqui a alguns anos.

Koenigsegg Gemera frente com portas abertas, visto de cima
© Koenigsegg

No entanto, o construtor sueco revelou que a relação peso/potência do Gemera HV8 é de apenas 0,9 kg/cv. Umas contas rápidas e isso faz com que o Gemera HV8 acuse 2072 kg.

V8 «quente»

A designação HV8 ou Hot (quente) V8 é justificada pelo reposicionamento dos coletores de escape no “V” formado pelas bancadas de cilindros. De resto é idêntico ao V8 do Jesko. Esta configuração permite reduzir o volume ocupado pelo motor e é um tópico sobre o qual já nos debruçámos antes:

A adição de um V8 seria impossível no Gemera que conhecemos em 2020. Foi graças à muito compacta LSTT que se conseguiu ganhar o espaço necessário para «encaixar» o V8 do Jesko. E relembramos que ainda temos quatro lugares disponíveis.

Quando chega?

O protótipo foi revelado em 2020, o Koenigsegg Gemera de produção foi agora revelado, mas a produção só arrancará no final de 2024, com as primeiras entregas a acontecerem no início de 2025.

Quando conhecemos o protótipo, estavam previstas serem produzidas 300 unidades a 1,55 milhões de euros cada. Fica por confirmar se estes valores são para manter ou não, tendo em consideração todas as mudanças face ao projeto inicial.