Futuro da Peugeot antecipado pelo espetacular Inception

A Peugeot escolheu o palco norte-americano do CES (Consumer Electronics Show) — um país do qual já está ausente desde 1991 — para revelar o impressionante Inception Concept, um concept que reúne muito do que veremos nos Peugeot do futuro.

E tal como o nome Inception sugere — inceptio em latim, significa “o início” — iniciemos a descoberta deste manifesto rolante pelo seu design… impressionante.

A primeira surpresa é o facto de se tratar de uma berlina, muito baixa e muito longa — 1,34 m de altura e 5,0 m de comprimento —, desafiando os cânones atuais em que todas as silhuetas parecem revelar um crossover ou SUV.

As suas proporções são também algo distintas daquelas que tipicamente associamos às berlinas, muito «por culpa» de o Inception ser 100% elétrico.

Como podemos ver e apesar dos cinco metros de comprimentos, o Inception tem uma frente bastante curta — com o para-brisas a alongar-se e a «invadir» o capô —  e a linha de tejadilho prolonga-se praticamente até à extremidade traseira, deixando adivinhar um habitáculo amplo, como acontece nos elétricos que assentam em plataformas dedicadas.

O Inception não é (muito) diferente e estreia a nova plataforma STLA Large da Stellantis — a maior das três plataformas dedicadas a veículos de passageiros que chegarão durante esta década —, que apesar de ter sido otimizada para veículos elétricos (BEV-by-design), também permitirá o uso de motorizações híbridas.

A nova linguagem de design é definitivamente o grande destaque: “mais simples e mais refinada”, diz a Peugeot.

Esta caracteriza-se pela nova «face» onde encontramos uma assinatura luminosa composta por três «garras» oblíquas em cada lado, que intersectam três linhas horizontais que servem de base ao logótipo ao meio. Tudo integrado numa superfície única e ininterrupta — ainda faz sentido chamar-lhe de grelha?

A traseira «choca» mais, pelo corte abrupto que a forma, gerando uma superfície plana onde encontramos novamente três «garras» em cada lado com a inscrição Peugeot a posicionar-se a meio das duas.

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As superfícies orgânicas formam ombros largos e contrastam com a «dureza» de algumas linhas retas e outras curvas, mais geométricas.

Hypersquare

O interior do Peugeot Inception surpreende tanto como o exterior, deixando antever a reinvenção do i-Cockpit, que tem marcado o interior dos modelos do fabricante de Sochaux desde 2012.

E no centro dessa reinvenção — vai incorporar a plataforma tecnológica Stellantis STLA Smart Cockpit —  encontramos o Hypersquare, a total reinvenção do volante. Ao contrário das soluções da Tesla e da Lexus, que parecem manches de avião, o Hypersquare da Peugeot é um retângulo de cantos arredondados.

Um formato só possível pelo recurso à tecnologia steer-by-wire, ou seja, prescinde da coluna de direção e de uma ligação mecânica ao eixo direcionável e substitui-a por impulsos elétricos.

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O Hypersquare compreende um ecrã ao meio, entre os intervalos circulares, e pode exibir vários pictogramas para as várias funções (climatização, volume de rádio, ADAS, etc.) e é possível aceder-lhes movendo apenas o polegar, sem tirar as mãos do comando da direção.

Em combinação com o «volante» temos o Halo Cluster, que é essencialmente o painel de instrumentos do Peugeot Inception e, como podemos ver, também não se parece com nenhum painel de instrumentos que conheçamos.

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Este exibe informações relacionadas com a condução ou infoentretenimento, mas a 360º — assume um formato cilíndrico para isso — e devido a isso, é também capaz de comunicar para o exterior.

A Peugeot diz que o Inception é também capaz de condução autónoma — nível 4 — e, quando a requisitamos, o Hypersquare retrai-se e ergue-se do tabliê um ecrã panorâmico de grandes dimensões.

Se este i-Cockpit reinventado ainda parece muito longe no tempo — ficção científica dirão alguns —, a Peugeot riposta que é sua ambição introduzir (pelo menos) o Hypersquare num veículo antes do final da década, ou seja, até 2030.

100, 800, 500

O design exterior e, sobretudo, interior vão dar muito que falar, mas esta super-berlina elétrica tem outros atributos mais objetivos e consensuais.

O Peugeot Inception incorpora a próxima geração de tecnologia elétrica da Stellantis com 800 V. A bateria é também a maior que vimos até hoje num veículo do grupo, 100 kWh, que dará para até 800 km de autonomia — o suficiente para percorrer a Nacional 2 de fio a pavio e ainda ter carga.

Mais do que a autonomia talvez impressione mais a eficiência de todo o conjunto, com a Peugeot a declarar um consumo de apenas 12,5 kWh/100 km — um valor que rivaliza com os de um pequeno Fiat 500 elétrico.

Graças à tecnologia 800 V carrega também muito depressa, ao ritmo de cerca de 30 km por minuto, e permite ainda carregar por indução, sem recorrer ao cabo.

Se o design do Peugeot Inception expressa uma certa agressividade e parece prometer uma experiência de condução única acompanhada de elevadas prestações, os números avançados pela marca confirmam-no.

Os dois motores elétricos — um por eixo, garantindo tração integral — entregam um total de 500 kW de potência, o mesmo que 680 cv. Não surpreende, por isso, que seja capaz de atingir os 100 km/h em menos de três segundos.

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Quando chega?

Como seria previsível, não vai chegar. O Peugeot Inception é um verdadeiro concept e não antecipa nenhum modelo de produção; como referimos é um manifesto rolante sobre o que esperar do futuro da marca.

Ou seja, o design do Inception será a fonte de inspiração para os futuros modelos da Peugeot, já a partir de 2025 — tanto o design exterior como interior.

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Mais cedo deverá ocorrer a introdução da plataforma STLA Large — talvez não num Peugeot —, assim como a nova geração de motores elétricos.

Fernando Gomes

Entrou no universo dos automóveis através do design, hoje expressa a sua paixão pelo automóvel na escrita.

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