Xiaomi revela berlina com 1548 cv e aponta baterias à Porsche

Desde que nos foram mostradas as primeiras imagens do Xiaomi SU7 Ultra, ainda em formato de protótipo, que o objetivo estava perfeitamente definido: ser a berlina mais rápida no Nürburgring-Nordschleife.

Esse plano significa que o «alvo a abater» é o Porsche Taycan Turbo GT, atual detentor desse recorde e que a Xiaomi diz que vai tentar bater em 2025.

O Xiaomi SU7 Ultra de produção foi agora revelado, apenas três meses depois de termos conhecido o protótipo. Distingue-se, desde logo, por não incluir os arrojados apêndices aerodinâmicos nem os exuberantes alargamentos da carroçaria.

Mantém-se, no entanto, a arquitetura elétrica de 800 V e os três motores capazes de produzir 1139 kW ou 1548 cv de potência máxima combinada. A bateria usada no protótipo de desenvolvimento também é a mesma usada no carro de produção: química LFP, 93,7 kWh de capacidade, fornecida pela CATL.

A potência elevada justifica os números absurdos de aceleração do Xiaomi SU7 Ultra. Os 0 aos 100 km/h são atingidos em menos de dois segundos (1,98s). Até aos 200 km/h demora apenas 5,86s. Mesmo a velocidade máxima anunciada é digna de qualquer supercarro: 350 km/h. O mesmo valor anunciado para o novo Ferrari F80.

As especificações exóticas continuam ao nível da suspensão. Tem molas pneumáticas de dupla câmara e amortecimento adaptativo contínuo (CDC), tudo isto rematado com coilovers Bilstein EVO T1, ajustáveis em compressão e ressalto em 10 níveis. No arsenal dinâmico do SU7 Ultra não podia faltar a vetorização de binário, capaz de ajustar a entrega dos três motores em 500 vezes por segundo.

No capítulo da travagem, conta com discos dianteiros em carbono-cerâmica gigantes com 430 mm de diâmetro e pinças de seis pistões da Akebono. Atrás não são muito mais pequenos: têm 410 mm de diâmetro.

A marca diz que o SU7 Ultra só precisa de 30,8 m para se imobilizar por completo a partir dos 100 km/h. Além disso, também afirma que os travões não apresentam sinais de fadiga mesmo após 10 travagens consecutivas dos 180 km/h até zero.

Arrojo controlado

Longe da exuberância mostrada com o protótipo, a versão de produção perde a enorme asa traseira, o mega-spoiler inferior dianteiro (continua a ser exagerado) e as saias laterais. O capô também já não apresenta saídas de ar e os flancos junto das rodas dianteiras também são mais convencionais.

Ainda assim, o novo Xiaomi SU7 Ultra está longe de ser compacto: a carroçaria tem mais de cinco metros de comprimento, quase dois de largura e menos de 1,5 m de altura.

A secção dianteira tem um splitter de desenho mais «compatível» com a estrada e na parte de trás, por cima da tampa da bagageira, está agora uma asa fixa em fibra de carbono. Mais abaixo está um difusor de ar traseiro.

No total, o aparato aerodinâmico do SU7 Ultra consegue gerar cerca de 285 kg de força descendente.

2 imagens

No habitáculo, além do visual mais desportivo em termos de escolha de cores, estão também presentes assentos dianteiros com apoio lateral mais evidenctee um volante de pega mais desportiva. Há elementos em fibra de carbono e outros forrados em Alcantara.

Bateu o Porsche Taycan? Não.

No mesmo dia em que foi revelada a versão de produção do Xiaomi SU7 Ultra, a marca chinesa mostrou um vídeo de um protótipo a esmagar o recorde de vários elétricos de produção no Nürburgring. Uma provocação, já que apesar do tempo impressionante, este está longe de poder ser reconhecido como um recorde contra carros de produção.

Numa espécie de jogo de espelhos, a Xiaomi utilizou para este efeito o protótipo de desenvolvimento. Um carro sem interior, com roll cage integral, banco de competição…ou seja, um verdadeiro carro de corridas.

Foi mais rápido do que outros carros de produção? Claro que sim. Até foi mais rápido do que o Porsche GT3 RS 992.1 (2022). A diferença é que o Porsche está à venda e homologado para estrada, o protótipo da Xiaomi não passa apenas de um protótipo.

Afinado no Inferno Verde

Tal como prometido pela em julho pela marca, o protótipo de desenvolvimento que deu origem ao Xiaomi SU7 Ultra esteve presente no impiedoso traçado do Nürburgring-Nordschleife.

Foi no traçado alemão que foi afinado o chassis, tendo sido percorridos mais de 3000 km em pista durante seis semanas. Foi durante este período que foi registado um tempo impressionante de 6min46,874s.

Antevisão

Porsche Taycan «dá» 17,6 segundos ao Tesla Model S Plaid no Nürburgring

A Porsche levou a versão mais potente do Taycan ao Nürburgring, ainda numa variante pré-série, e «arrancou» uma volta «canhão» no The Ring.

Miguel Dias

Para comparação, este é um tempo inferior ao registado por máquinas como o Porsche 911 GT3 RS (2022), ou o Mercedes-AMG GT Black Series (2020). Além disso, fica «apenas» a 17 segundos de distância do recorde registado pelo Mercedes-AMG One, batido há pouco mais de um mês.

É claro que estes valores ganham outra perspetiva, se considerarmos que o protótipo de homologação não passa disso mesmo, um protótipo. Está muito longe do modelo de produção que vemos nas imagens.

No que diz respeito apenas a automóveis 100% elétricos e num mero exercício de comparar o incomparável, o tempo registado pelo protótipo do Xiaomi SU7 Ultra deixou o Porsche Taycan Turbo GT (7min07,55s) a longínquos 20,1s de distância. E foi mesmo até mais rápido que o Rimac Nevera (7min05,298s).

Quanto custa?

A versão mais potente do Xiaomi SU7 já se encontra disponível para encomenda, mas apenas no mercado chinês. As entregas só estão previstas para março de 2025.

No seu país de origem, o preço anunciado para o Xiaomi SU7 Ultra é de 814 900 ienes. Algo que, convertido diretamente para euros, dá cerca de 105 mil euros na taxa de câmbio atual. Não admira que, ao fim de 10 minutos de as encomendas abrirem, a Xiaomi tenha recebido 3680 depósitos reembolsáveis.

André Mendes

Jornalista automóvel desde o final dos anos 90. Assistiu às grandes transformações do setor e acredita que o melhor ainda está para vir.

Apresentação, Elétricos, Nürburgring-Nordschleife, Xiaomi, Xiaomi SU7, Xiaomi SU7 Ultra